AMOR versus PAIXÃO 139 – 141

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #amor #paixão #consciênciaenxuta #leanconsciousness #feedbackconsciencial

§ 139

Verdadeira felicidade. Então quer dizer que o valor da felicidade não se propaga? Estranho pensar numa alegria que não seja contagiante… Veja, não se trata aqui da “alegria exterior”, aquela que se manifesta de maneira desmesurada, pela gargalhada ou galhofa. A felicidade verdadeira é contida, mais propriamente uma alegria silenciosa que se manifesta no “Eu” interior pelo profundo sentimento de prazer e complacência magna em existir, uma gratidão sem limites por aquele que nos criou a sua imagem e semelhança… É a simplicidade capaz de apreciar o “agora” ao contemplar com leveza o vento batendo nas árvores, ouvindo o farfalhar da folhas da árvore de eucalipto exalando seu perfume tão gostoso no ar e se integrando àquele momento que se torna único, como parte do Cosmo, aguçando a Cosmovisão!!

§ 140

Consciência enxuta ou lean consciousness. Sim, mas quais seriam os processos mentais para elicitar estes valores de estado ou despertar a prática dos valores de ação? Não poderia deixar de voltar neste que talvez seja um dos pontos mais importantes desta obra! Vamos agora entender o conceito da “consciência enxuta” ou lean consciousness, extrapolando para sua língua originária. Na verdade, este conceito é uma transposição do universo empresarial, mais especificamente do movimento lean startup, propalado por Eric Ries.1 Recomendo a leitura do seu livro para o devido aprofundamento no tema. E, ainda mais importante, vamos aprender uma nova técnica para colocá-lo em prática no nosso dia a dia, em cada uma das nossas atitudes. Ah, se tivéssemos a mesma disciplina dos grandes gestores empresariais para gerar valor em nossas vidas…

§ 141

Um processo cíclico de feedback consciencial. Falando em disciplina não poderia deixar de propor um processo para facilitar a geração de valor em nossas vidas através dos seguintes passos: Construa, Meça e Aprenda. Trata-se, em realidade, de mais uma adaptação do feedback loop de Eric Ries. Sim, nossas consciências são como as startups de Eric! Neste caso, são entidades não temporárias que transformam suas crenças em valores e não ideias em produtos inovadores… À medida que estas consciências interagem umas com as outras (nossos clientes) são gerados ciclos de feedbacks contínuos, alimentando uma enorme base de dados que fica registrada em nossa memória, os quais podem ser qualitativos (como os comentários sobre um post seu no facebook) ou quantitativos (como a razão do número de curtidas do referido post e o número de conexões da sua rede de amigos). Veja que o “mundo virtual” oferece ferramentas incríveis para medir suas interações no “mundo real”! O diagrama a seguir dá uma visão clara do fluxo deste processo cíclico de feedback consciencial.

Figura. Ciclo de feedback consciencial.

            O ciclo de feedback consciencial é, portanto, uma técnica de aceleração da evolução da consciência. É como numa empresa: aqueles que gerarem os melhores resultados, conjugando eficácia com eficiência, são os que irão crescer rapidamente nos altos escalões da empresa, galgando os maiores salários, muito embora, diga-se de passagem, que isto não seja o que interessa, no final do dia, aos que estão lendo estas palavras…

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Ries, Eric. The lean stratup, 1st ed. New York, 2011.

Filtrando dados com inteligência de mercado

#ricardobarreto #inteligênciadevalor #valor #inteligência #inteligênciademercado #basesdedadosdemercado #UNComtrade #ComexStat #produtos #tradings

Certa feita, precisava obter informações mais detalhadas sobre o mercado internacional de cimento e fiz uma pesquisa preliminar na Internet. Para minha surpresa, os únicos documentos que “prestavam” eram pagos e, diga-se de passagem, muito bem pagos (alguns custando até milhares de dólares)…

Tentei, então, contato com entidades setoriais e, mais uma vez, além de algumas poucas informações interessantes por telefone, nada além disso e, claro, mais uma proposta de serviço pago… Este um pouquinho mais barato do que as empresas internacionais provedoras de informação de mercado como a IHS Markit.

Pois bem. Apenas constatei, na prática, o velho de ditado de que informação é dinheiro… [rss]. Foi assim que finalmente descobri a importante diferença de fonte secundária versus fonte primária e o quão importante é saber navegar neste universo, em especial quando se trata de informações de mercado.

Portanto, caro leitor, não perca as informações que se seguem e aprenda definitivamente como se busca informações de mercado, altamente estratégicas e a custo ZERO!

Seleção das bases de dados de mercado

A Organização Mundial do Comércio (OMC) obriga que todos os países declarem suas informações de comércio exterior, respeitando as boas práticas de transparência internacional nos negócios. Tais informações são congregadas numa base de dados das Nações Unidas não tão conhecida, porém extremamente importante: a UN Comtrade.

Esta base de dados de mercado permite verificar os fluxos de importação e exportação de bens e serviços entre todos os países de maneira indiscriminada, propiciando a busca pelo código do Sistema Harmonizado internacional até 6 digitos (nomenclatura aduaneira padrão), o que já cobre uma infinidade de segmentos de mercado.

Ao se fazer uma consulta nesta base de dados, você terá uma dimensão do nível de informação que se pode extrair sobre o perfil de comércio de dado país, sua competitividade internacional em segmentos de mercado específicos, bem como interesses militares e tecnológicos estratégicos. Não é à toa que muitos países, sob regimes não-democrático, mantêm informações atrasadas e ou minimamente conflitantes…

O delay médio dos dados alimentados nesta base de dados chega a mais de 6 meses, o que acaba tornando sua aplicabilidade para precificação de commodities, por exemplo, extremamente desatualizada. Memso assim, sempre recomendo que qualquer pesquisa de mercado se inicie por ela!

Adicionalmente, muitos países dispõem das suas próprias bases de dados de mercado que são utilizadas para impulsionar as empresas nacionais que atuam fortemente no comércio externo: as tradings que já mencionamos anteriormente. O Brasil, por incrível que pareça, mantém uma das bases de dados mais sofisticadas que tive acesso até hoje. Um exemplo a ser seguido em outros órgãos do governo federal, além do MDIC! Abaixo apresento uma lista com as principais bases de mercado que monitoro assiduamente.

Figura. Lista de bases de dados de mercado.

Identificando produtos

Como realizar o tal do data mining para gerar os documentos de inteligência de mercado? Comecemos identificando os produtos. Imagine uma empresa que já atua há muito temo no mercado de nutrição animal, no entanto viu suas margens espremidas nos últimos anos com uma forte mudança da estrutura do mercado de rações pet, resultando em capacidade ociosa de fábrica e custos crescentes para industrialização.

Qualquer consultor de negócios apresentaria a solução óbvia: diversificação para mercados adjacentes que estejam em alta, tais como o dos fertilizantes líquidos para fertirrigação. Mas por onde começar o levantamento de mercado e mensurar o tal do TAM, SAM e SOM? Quais são os produtos mais comercializados no Brasil e no mundo?? Seus volumes de vendas e preços??? Se somos tomadores ou formadores de preços…

Comecemos nossa busca pela UN Comtrade digitando o código HS do segmento de mercado (ex. 31, fertilizers) e avaliando as sugestões automáticas da base de dados até o nível de 6 digitos. Neste caso, você encontrará algo como duas dúzias de nichos de mercado dentro do segmento de Fertilizantes. Detalhe: se pesquisar numa base de dados de mercado nacional terá a chance de descer no nível dos produtos em si digitando o NCM de 8 digitos e obtendo dezenas de resultados… Faça um teste agora mesmo na Comex Stat!

Identificando tradings

Conhecer os países TOP 10 do mercado internacional ou até mesmo abrir os estados com maior participação de alguns destes países até que não é uma tarefa tão difícil… Em alguns cliques bem direcionados você chegará facilmente nas respostas. Agora, conhecer as empresas atuando diretamente no mercado ou as tradings propriamente ditas, aí sim é que são elas!

Apararentemente trata-se de missão impossível por conta dos critérios de sigilo fiscal que nos limitam ao NCM de 6 digitos. No entanto, cruzando com outras ferramentas acessíveis gratuitamente e conciliando com um conhecimento um pouco mais profundo do mercado de químicos, por exemplo, é possível identificar as empresas no mapa, seu porte, outros produtos do seu portfólio e até mesmo os dados de contato!

Para o mesmo exemplo do segmento de fertilizantes, selecionamos o produto uréia que tem o NCM 310210. Encontramos então, somente no estado do Rio Grande do Sul, 8 empresas, sendo duas delas de grande porte com mais de 50 milhões de USD$ em importações anuais: a Roullier Brasil Ltda. e a Sinon do Brasil Ltda. No caso da Sinon, conseguimos identificar todos os 8 produtos importados pela empresa.

§

Ainda não entramos nem no detalhe, mas imagino que muitos já vislumbraram a riqueza de informações que podem nos ajudar na tomada de decisão e estratégia competitiva das empresas com atuação no mercado internacional e também nacional, mesmo porque praticamente todos os preços de insumos são referenciados globalmente.

A inteligência de mercado sempre se preza aos dois lados: o da compra e o da venda!

Caso ainda não tenha caído a ficha: pergunte a um químico experiente se é possível, com os dados do mercado de uréia que extraímos em poucos minutos, ter uma radiografia detalhada da sua atuação de um dos maiores players e sua estratégia produtiva?!

Veja só, isto que vimos vale para qualquer mercado… É só apresentar o dado para um especialista na área e verás! Vamos mergulhar nisso e tudo ficará mais claro.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME I – INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

AMOR versus PAIXÃO 136 – 138

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #amor #paixão #impermanência #valoresdeação #valoresdeestado

§ 136

Amor é amar. Existe de fato uma “fórmula” para o amor? Os neurocientistas até já encontraram o hormônio do amor: a tal da ocitocina. Quando uma pessoa tem um orgasmo, a ocitocina é liberada e um dos efeitos é de nos fazer sentirmos ligados uns aos outros.1 Mas não se enganem porque este é meramente um efeito fisiológico deste valor tão sublime… Também não podemos simplificá-lo ao extremo com definições puramente espiritualistas do tipo “o amor é a manifestação mais pura da alma”, nem tampouco sentimentalistas do gênero poético como “o amor é fogo que arde sem se ver”. Seria muita inocência! Preciso é, outrossim, conciliar de um lado a verificação científica com os mecanismos mais complexos dos processos mentais originários da consciência que levam à experiência do amor. Aquele que se propaga, como todo valor, atingindo outras consciências. Agora, se tudo isso lhe soar uma perda de tempo, apenas vivencie a “verdade” por trás da idiossincrasia “ramalhiana”: amor é amar. Mais Zen impossível!

§ 137

Da impermanência da paixão. Acontece que o amor tem uma peculiaridade que o torna um valor único e singular em suas consequências. É aquele cujo “efeito de rede”, de reação em cadeia, de viralização, tem a maior intensidade. Talvez isto decorra, a priori, da sensação de prazer gerada pelos efeitos fisiológicos já mencionados. O fato é que são estes efeitos muito poderosos… Existem diversas manifestações do ato de amar. O amor a Deus, o amor filial, paternal e maternal, o amor à pátria, à natureza, à humanidade, aos animais, enfim, são inúmeras as formas de se amar! Vejamos o porquê através do exemplo do amor conjugal. Se minha esposa diz que me ama, suas ações devem confirmar este fato. Isto que torna o seu amor verdadeiro. O amor pode se manifestar num afago despretensioso, numa palavra de alento, num bom dia sincero ou no mais simples ato de cuidar. Quer dizer: colocar o leite na xícara sem pedir, trazer a água da noite ou até mesmo ao dividir o banheiro nas horas íntimas… Sim, se não for em hospital ou albergue, isto só se faz com quem se ama!! Já a paixão é o contrário disso. Não tem nada de estável. Inicia-se com intensidade desmesurada, regada de sentimento, porém totalmente descontrolada acaba rompendo com a racionalidade que é o que mantém o ser em equilíbrio. Aí se esvai e passa a perecer um pouquinho a cada instante. Vem primeiro o ciúme. O sentimento de possessão do outro. A vontade de querer mudar o outro e não olhar pra si. Vem ainda aquela vontade egoísta de perseguir somente os seus sonhos, passando por cima de tudo quanto o seu companheiro gosta e zela. E é exatamente por isso que não dura! A paixão é o mais puro reflexo daquilo que chamamos, no budismo, de “impermanência”. Ou seja, a finitude das coisas materiais, do “mundo da forma”, da realidade manifesta… Tão efêmera como a nossa vida perante a eternidade, o não-manifesto!

§ 138

Um valor de ação. O amor, tal como aqui o definimos, é o segundo estágio dos processos mentais geradores dos valores de ação. Para explicarmos, forçoso é lançar mão de uma categorização muito importante. Temos, essencialmente, dois tipos de valores sutis: os “valores de estado” e os “valores de ação”, com gradações conforme ilustrado a seguir:

Figura. Gradação dos valores sutis.

Os “valores de ação” se caracterizam pela capacidade de propagação, enquanto os “valores de estado” se caracterizam pela sua capacidade de introspecção.

Deve-se observar, no entanto, que esta gradação não é estanque. Ou seja, posso desenvolver a princípio o estado de paz e, ao mesmo tempo, elicitar, aos poucos, o estado de felicidade. O mesmo se aplica aos valores de ação e, portanto, a verdade só pode se manifestar depois de muita prática dos valores de poder e amor.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Young, L. J., Wang Z. (2004). The neurobiology of pair bonding. Nature Neuroscience , 7(10), 1048-1054.

VERDADE versus EGOCENTRISMO – 133 – 135

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§ 133

De perseguidos a perseguidores. Em muitas das passagens da vida de Jesus, registradas no Novo Testamento, ele se dirigia aos apóstolos ou aos gentios, com a autoridade do Messias: “Em verdade, em verdade vos digo…”. Segundo a ortodoxia da Igreja Católica Apostólica Romana, esta é a autoridade do Espírito Santo, o próprio Deus na figura humana, base do dogma da santíssima Trindade, sacramentado com o aval do imperador Constantino no concílio de Nicéia. Independente das histórias que relatam um sonho inspirador que o levou à vitória no campo de batalha, estava ele certamente mais interessado é na unificação do império, de modo que outra estratégia não seria mais apropriada do que aceitar e propalar o cristianismo como a “única Verdade imperial”, unificando os povos de diferentes culturas sob a égide de uma crença que os distinguia do paganismo vigente na época. Deu tão certo, que de perseguidos os bispos, em nome do poder eclesiástico e num curtíssimo espaço de tempo, se tornaram perseguidores e dos mais sanguinários de toda a história! Foge ao nosso propósito discorrer sobre a história do cristianismo, mesmo que nos ajude a entender como a “verdade” de outrora foi travestida de heresia, em nome do santo graal,1 mas que sirva ao menos de exemplo para que nos atentemos ao verdadeiro significado de verdade.    

§ 134

As nobres verdades. Na verdade, não há uma única verdade e sim, segundo o Buda histórico, são 4 as nobres verdades…2 Ele chegou a essa conclusão após sua suprema iluminação, quando teve plena compreensão daquele que seria o pilar de todos os seus ensinamentos, a saber:

I. Viver é sofrer. Como seres sencientes, sujeitos a apegos e aversões, sofremos desde o instante em que nascemos, amadurecemos, envelhecemos e morremos. Então, renascemos e o ciclo de sofrimentos se repete. Esta é a primeira nobre verdade do Buda.

II. Sofrer é desejo e ignorância. Mas tudo que nos acontece de ruim só pode se originar do anseio em satisfazer prazeres ou, por assim dizer, da falta de conhecimento que dá guarida à ilusão. Esta é a segunda nobre verdade do Buda.

III. Satisfazer é abster-se. Somente pela renúncia de todos os prazeres e ilusões que se é possível atingir a cessação do sofrimento. Claro, isto quer dizer que a independência do ser perpassa pela liberdade dos estados criados pela própria mente. Esta é a terceira nobre verdade do Buda.

IV. O caminho leva à renúncia. Só existe um caminho que nos leva à renúncia, o qual deve ser percorrido com perfeição. O resultado é um só: o Nirvana, em sânscrito, a libertação ou absoluta sabedoria. Esta é a quarta nobre verdade do Buda.

§ 135

O caminho óctuplo. O que mais encanta no budismo é a simplicidade. Tudo se resume numa única fórmula para se alcançar a moralidade, meditação e compreensão intuitiva. Seria muito fácil apenas enunciar as 4 nobres verdades, sem apontar como colocá-las em prática. Buda foi além! Vivia seus preceitos e, ao mesmo tempo, era um exímio professor. Seus ensinamentos eram pautados por histórias que cativavam seus discípulos e, ao mesmo tempo, levavam a uma profunda reflexão. Também gostava de sintetizar os conceitos na forma de guias, como o fez ao traçar o caminho óctuplo para se atingir a quarta nobre verdade, qual seja:

  1. Entendimento correto;
  2. Pensamento correto;
  3. Linguagem correta;
  4. Ação correta;
  5. Modo de vida correto;
  6. Esforço correto;
  7. Atenção plena correta;
  8. Concentração correta.

Seus ensinamentos eram tão poderosos que no seu último ano de vida Buda já acumulava centenas de discípulos diretos. A simples presença de um ser iluminado em nosso planeta é um evento tão grandioso quanto a maior de todas as verdades.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Bruce Shelley, História do cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da igreja, Thomas Nelson Brasil, 1ª ed. 2018.

2. Dhammapada: caminho da lei, doutrina budista ortodoxo em versos, trad. Dr. Georges da Silva, 1a ed. 1979.

VERDADE versus EGOCENTRISMO – 130 – 132

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§ 130

Autoprogramação da mente. Existe alguma forma efetiva de nos “blindarmos” do tal lobby da consciência? Sim, por certo. Em Kriya Yoga chamamos de “afirmações científicas”, mas não é preciso aprender a meditar para executá-lo (meditação autossugestionada). Dentro do campo da psicologia, chama-se simplesmente de autoprogramação da mente (ou reprogramação mental), uma forma de hipnose que qualquer um pode praticar. O grande segredo é a sua tática para o autocontrole, traçando como alvo qualquer tipo de conteúdo da mente fora dos domínios da consciência, nos recônditos do subconsciente… Normalmente, quando acionados por um evento do cotidiano, estes conteúdos despertam emoções perturbadoras, desencadeando pensamentos e ações desastrosas para vida das pessoas. Ou seja, impedem logo no início o reforço das nossas crenças, atrapalhando o desenrolar natural do ciclo da cultura de valor, cuja importância é vital de se cultivar. Acreditem em mim, caros leitores. A autoprogramação da mente é a fórmula definitiva. O único empecilho para muitos é a disciplina na prática que tem que funcionar mais precisamente que os remédios psicotrópicos, criando-se uma dependência, neste caso, pra lá de positiva!

Figura. Mecanismo de autoprogramação da mente.

§ 131

Conhecendo suas janelas killer. Indo ainda um pouco além no campo da psicologia, deve-se destacar os trabalhos do renomado psiquiatra Augusto Cury que foi quem buscou com primor a origem dos distúrbios de ansiedade e se deparou exatamente com este fenômeno,1 ao qual propôs um mecanismo sutil de cognição, regido por conexões neurais indiretas, mais especificamente a ativação e desativação das chamadas “janelas killer” que podem estar associadas a experiências marcantes, sejam elas traumáticas ou positivas. Este mecanismo requer profunda experimentação porque os efeitos podem fugir facilmente ao controle dos mais desavisados… Vejamos um exemplo.

§ 132

Superando o trauma de dirigir. Como apagar a experiência traumática de uma batida de carro? O medo de dirigir certamente estará presente, com maior ou menor intensidade dependendo do perfil psicológico de cada um. Sempre que entrar no carro, ao colocar a mão no volante, lhe virá aquela imagem na mente e o som da buzina! É inevitável. Abriu-se a tal “janela killer”. Assim como no computador, será preciso apagar este registro regravando por cima dele outro que seja positivo, porém de intensidade emocional igual ou superior ao anterior. Digamos a imagem de uma viagem prazerosa que fez dirigindo com a família pelas montanhas, ou o primeiro dia que você dirigiu depois de tirar sua carteira de habilitação. Pois bem. Agora vem a parte prática: condicione sua mente para que, antes de pegar no volante, sempre venha primeiramente a imagem das montanhas com a família e não a do acidente. Mentalize esta mesma imagem ininterruptamente por minimamente 5 segundos, durante as próximas experiências até que você naturalmente não sinta mais a necessidade de o fazê-lo. Neste ponto o medo estará superado e a janela killer trancada. Não a sete chaves, mas o suficiente para você ter uma vida normal, evitando novos traumas no futuro que poderiam reabri-la. Se isto ocorrer, será mais difícil do que na primeira vez para reprogramá-la. Mas nunca impossível!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Augusto Cury, Ansiedade: como enfrentar o mal do século, Saraiva: São Paulo, 2014.

Sobre a inteligência de mercado

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Para encerrar a nossa série de capítulos voltados para inovar, não poderíamos deixar de falar da “inteligência de mercado”. E digo mais: não fosse ela, de nada valeria fazer pesquisas sofisticadas, nem tampouco empregar tecnologias de ponta na indústria. Mandatório mesmo é que todo novo produto (ou serviço) tenha o tal do fit de mercado!

Quantos não são os projetos de inovação que acabam morrendo no momento decisivo do lançamento?! Aprendi a duras penas essa lição ao passar anos a fio desenvolvendo um material nanotecnológico para descolorir efluentes industriais e logo nos primeiros testes industriais nos deparamos com um “produto substituto” imbatível!!

Sem sombra de dúvidas, um olhar atento nas bases de dados de mercado nacionais e internacionais poderia ter mudado o rumo dessa história… Anyway, caro leitor, mergulhe comigo neste universo da “inteligência de mercado” e não se arrependerá.

O trader

Não serei mais um a falar sobre a onda avassaladora de pequenos especuladores que operam ativos de curto prazo nas bolsas de valores ao redor do mundo numa ciranda incessante de ganhos financeiros crescentes… Nosso foco aqui são os traders que atuam profissionalmente nas empresas de trading, comprando e vendendo “produtos reais” no mercado internacional. Estes sim são os verdadeiros traders

Além de um profundo conhecimento das normas de comércio exterior, tais profissionais primam pela capacidade de negociação aguçada, bem como o uso de informações privilegiadas de transações comerciais que podem representar ganhos de até milhões de dólares quando colocadas na mesa no momento certo e com as pessoas certas…  

Tive oportunidade de trabalhar numa grande empresa brasileira de commodities minerais e presenciei a notoriedade de um squad de inteligência de mercado. Juro pra vocês: eram apenas três traders da mais alta competência que monitoravam o mercado internacional, falavam com insiders e geravam relatórios estratégicos diuturnamente… Não é à toa que os diretores executivos não saíam do pé da mesa deles!!

A trading

Na última relação divulgada pelo Sicomex em 2021, o Brasil apresentava 164 trading companies habilitadas. São empresas comerciais peculiares que atuam como intermediárias entre empresas fabricantes e empresas compradoras, em operações de exportação ou importação. Parece bastante, mas ainda se trata de um número pífio mediante o número de tradings em países desenvolvidos como nos USA que chega na casa dos milhares…

Fato é que o número de tradings com atuação num país é importante métrica para ajudar a dimensionar o esforço de mercado em termos de comércio exterior. Somente para se ter uma ideia, segundo a UN Comtrade database, o Brasil exportou em 2019 não mais do que USD 225 bilhões em produtos diversos enquanto os USA chegaram bem próximo de USD 1,65 trilhão!

Quem já colocou a mão na massa sabe o parto que é realizar um processo desses! Nem um profissional experiente, com boa visão de regulamentação e incentivos fiscais consegue fazer tudo sozinho… Conta sempre com o apoio dos despachantes aduaneiros. Se até para grandes empresas a coisa não é fácil, imagine para as pequenas e médias!? É aí que entra o papel das tradings, promovendo o acesso irrestrito ao mercado internacional.

§

Mas o que complica tanto as transações comerciais entre países? Não deveriam os governantes buscarem acordos de cooperação comercial que trouxessem facililidades para suas empresas??? Afinal de contas, é o saldo na balança comercial que aprecia o câmbio, enriquecendo ou empobrecendo a população no final do dia, certo?!

O problema é o tal do protecionismo. Ao imporem medidas para proteger o mercado interno de alguns produtos específicos dos concorrentes internacionais, certos países acham que estão estimulando a economia local quando, na verdade, estão é criando as bases para o isolamento de uma gama muito maior de produtos e empresas…

Veja o caso das relações comerciais entre Argentina e Brasil. Segundo o GTA (Global Trade Alert), desde 2008 o Brasil teve 162 intervenções “liberalizantes” e 285 “danosas” nas transações com a Argentina. O principal setor afetado foi o de cereais, mais especificamente o milho com 32 intervenções. Ou seja, não é só no futebol que los amigos Hermanos nos rivalizam!!  

Figura. Mapa de intervenções comerciais entre Brasil e Argentina.

Será mesmo que esta uma estratégia sustentável? Países vizinhos que poderiam estar explorando muito melhor sua proximidade logística, explorando suas “fortalezas e fraqueza”, mas que ficam disputando sansões ao invés de cooperar. Que vergonha!

Pelo menos não somos só nós que não nos entendemos. Acabamos de assistir a uma verdadeira “guerra comercial” entre os USA e China, deflagrando o fracasso da política comercial do governo Trump que comprovou que o isolacionismo não combina com o capitalismo liberalista.

Entretanto, Trump estava certo pelo menos num ponto: a Organização Mundial do Comércio (OMC) não deveria fazer vista grossa aos impropérios que a China está cometendo no tocante ao respeito à propriedade intelectual. Os países devem competir sim, mas respeitando os tratados internacionais, seja qual for o quesito!     

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

VERDADE versus EGOCENTRISMO – 127 – 129

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§ 127

Da lógica filosófica ao método científico. Como reconhecer a verdade? Sem um método lógico de verificação estamos fadados à eterna dúvida e, assim, susceptíveis ao domínio do ego, da ausência de conhecimento, dos falsos profetas… A verdade caracteriza-se pela imutabilidade, carecendo de variáveis, ou seja, ela é independente. Não importa se relativiza o material ou imaterial, o temporal ou atemporal. O que importa é que ela passe incólume por “atos de verificação”. Estes devem ser necessariamente reprodutíveis, o que implica na existência de fatos observáveis de forma sistemática e controlada. Pasmem. Aqui, 99,9% das falsas teorias vão por água abaixo! Daí em diante, tudo o mais resulta de elaborações do raciocínio, com as devidas implicações, conclusões e previsões. Foi assim que a lógica filosófica evoluiu para o tão famoso “método científico”, mas foi assim também que assistimos muitos falsos profetas apregoando a tal da “verdade científica” como absoluta quando já comprovadamente demonstrou que não o é! Somente um tipo especial de ato de verificação com impactos vitais para nossas existências, evitando a ilusão do egocentrismo humano.

Figura. Fluxo lógico do método científico.

§ 128

Como sonhar acordado. Vamos realizar um breve experimento de lógica filosófica para ampliar este conceito dos “atos de verificação”. Veja bem. Se hoje tenho consciência de quem sou, amanhã, ao acordar, devo confirmar este fato, caso contrário corro o risco de sonhar acordado, ou o que seria ainda pior, achar que o sonho pode tornar-se realidade. Uma técnica bem simples é contar a sua respiração até dez e só então se levantar. O simples fato de conseguir emitir o comando mental significa que você está de fato consciente e não propriamente sonhando. Aqueles que praticam constantemente meditação precisam ter o pleno domínio desta técnica para não perscrutarem os liames da loucura. Vemos, portanto, que o contrário da verdade é a dissimulação, a hipocrisia, a inconsistência. Ou seja, a verdade nada mais é do que o corolário da constatação dos fatos. Tão simples e lógico quanto isto! Ela existe e está a nossa volta em todos os momentos. Não é algo surreal, inimaginável, somente à altura dos seres angelicais… Basta ter olhos de ver, a percepção da realidade simples como é, nua e crua, sua impermanência e a vacuidade do zen,1 desde o primeiro instante da sua existência. O fato de existir, per se, é a mais pura verdade, o Deus em si, aquele que nos remete indubitavelmente à consciência cósmica.

§ 129

 Mais um lobby da consciência. Se a verdade é assim tão simples, por que mentimos tanto? Na verdade, faltar com a verdade é sempre muito mais fácil porque não depende de verificação, basta soltar a mente no piloto automático! Temos uma imensa dificuldade de aceitar as nossas próprias fraquezas. Este é o peso do egocentrismo. Sim, o ego, inabalável, atua como um verdadeiro “lobista” da nossa consciência. E quando percebe uma circunstância que pode representar qualquer tipo de ameaça de rebaixamento, atua no sentido contrário: o da autoafirmação. Em realidade, este é mais um tipo de mecanismo que pode afetar as nossas crenças e os nossos pensamentos (já vimos anteriormente o mecanismo de gatilho emocional). É o que os psicólogos chamam de mente inconsciente, aquela nossa voz interior que vive a nos pregar peças, criando situações irreais, exacerbando medos ou apegos que acabam por nos convencer de algo que não somos, ou algo que gostaríamos de ser, num verdadeiro truque de auto ilusionismo que só serve para nos trazer infelicidade. Portanto, seja implacável consigo mesmo e não abra mão do escrutínio da própria consciência!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Suzuki, D.T. Uma introdução ao zen-budismo, São Paulo: Mantra, 1ª ed., 2017.

PROSPERIDADE versus MISÉRIA – 124 – 126

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§ 124

A natureza do universo. Da sacralidade da vida ninguém ousa olvidar. O princípio vital outorga ao Criador tal privilégio, mesmo que muitos insistam em racionalizá-lo, alguns queiram até mesmo “brincar” de Deus e um ou outro, menos temerosos, insistam em sequer o aceitar… Pois bem, além da vida, por certo que a privação da liberdade é o maior de todos os castigos. Não há miséria maior do que ser obrigado a aceitar uma situação que não se queira, seja ela qual for. As prisões físicas, os cárceres privados, enfim, tudo o que inibe a mobilidade do corpo físico é somente a primeira e mais conhecida forma de prisão. Qual não é o sofrimento de um singelo colibri quando privado de voar numa gaiola! No entanto, para o ser humano, dotado de um nível de consciência superior ao dos animais, os maiores sofrimentos são aqueles que cerceiam a nossa mente e não o corpo físico. De alguma forma, todos nós sofremos algum tipo de “privação mental” pela falta de discernimento, acreditando que algumas situações são permanentes quando não o são. Veja. O rico sovina acredita que construiu a casa dos seus sonhos, vem o câncer e… O político corrupto acredita que seus apoiadores são leais, vem as eleições e… O apaixonado acredita que possui o amor de outrem, vem o amante e… O que todos têm em comum? A ilusão de que valores sutis, como a prosperidade, o poder ou o amor, se conquistam com “coisas ou pessoas” no mundo físico. Ah, se conhecessem o conceito budista da “impermanência” … Quanto sofrimento não teriam poupado! Sim, levaremos vidas miseráveis enquanto nos for forçoso o convívio no plano físico, imposto pela lei de karma. Já dizia Patanjali,1 o filósofo indiano sistematizador da ioga, que o mundo físico é, na verdade, a maior de todas as ilusões. Atenção, portanto, aqueles que não enxergaram esta verdade! Certamente, os mais “recalcitrantes”, um dia a aceitarão com facilidade…

§ 125

Rompendo a “impermanência”. Ao nos livrar de Maya estamos, em verdade, nos livrando da tal “impermanência” budista. Eis o primeiro atributo do que se conhece por divino, o conceito de eterno, de imutável… Por que então o Criador é dito todo “poderoso”? Pela sua onipresença, ubiquidade e a capacidade de intervir no plano físico, instantaneamente, através de toda e qualquer consciência, muito embora seja mais facilmente reconhecido através das consciências dos grandes profetas ou mestres espirituais como Jesus e Buda, em decorrência da maior propagação das suas mensagens. Já vimos que tais consciências atingiram a tão almejada perfeição, ou auto iluminação, de modo que são plenas de valores sutis, quais sejam a paz, poder, pureza, prosperidade, verdade, amor e felicidade.

Este é o ponto de rompimento, o estado de plenitude do espírito, a existência permanente das consciências. Sua significância se dá, outrossim, pelo estado de “inteireza”, quer dizer que é imutável.

Ou seja, algo que atingiu total estabilidade e não carece mais de interações exteriores, seja com o ambiente ou com outras consciências.

§ 126

Uma superconsciência. Seria correta a extrapolação de alguns que chamam o Criador de Superconsciência? Não propriamente. Em realidade a superconsciência é mais um estado vibratório que apenas algumas poucas consciências, particularizadas como guias, avatars ou mestres espirituais, são capazes de atingir. Já atingiram tal estágio de pureza, livres de karma, que se desprenderam da necessidade de interagir diretamente com outras consciências, desfrutando da liberdade para vibrar pelas coletividades em diversos mundos (habitados no plano físico ou não) e em diferentes estágios evolutivos (normalmente os mundos de onde vieram e onde são lembradas como mártires ou santos). Estão, por assim dizer, a um passo de retornarem ao “estado fundamental”, como seres de luz, fundindo-se, finalmente, ao Criador… Fiquem certos de uma coisa: são muitos os caminhos e nem tão poucas as moradas no universo cósmico! Não é forçoso tornar-se uma mártir ou santo. O estado de conexão plena a que tanto buscamos encontra-se ao alcance de todos: pela constante meditação até atingir a autorealização!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Patanjali, Os yoga sutras de Patanjali, São Paulo: Mantra, 2015.

PROSPERIDADE versus MISÉRIA – 121 – 123

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #prosperidade #miséria #moedadivina #Bitcoin #criptomoedas #meditação #EckhartTolle

§ 121

A “moeda divina”. Hoje a mineração de ouro já não é mais tão cobiçada quanto os sofisticados cálculos matemáticos processados por megacomputadores para se gerar Bitcoins. Temos assistido pequenos investidores, porém audaciosos, se tornarem milionários da noite para o dia. Sim, ficou fácil tal proeza! Agora está muito mais para “roleta russa” do que a loteria da esquina… Basta ler a coluna diária de qualquer site de investimentos, comprar um “punhado” da criptomoeda da vez e shazam!! Tem até países como o Irã se aproveitando da brecha para romper bloqueios econômicos dando impulso à mineração em grande escala. Fato é que este novo tipo de especulação financeira foi bastante criticado no início, no entanto vem ganhando importância nos últimos anos, sendo reconhecido gradativamente por órgãos reguladores, grandes bancos e fundos de investimentos. Em 2021 atingiu-se a impressionante cifra de mais de 1 trilhão de dólares de criptomoedas circulando no mundo! Agora pense comigo sobre o outro lado da história. Será que o ser humano ainda não se apercebeu que donde vem tanta “pseudo” prosperidade também vem a sua miséria futura? Por que insistem em apostar todas as “fichas” em algo que perece tão rápido quanto vem?? Vale a pena idolatrar especuladores bilionários e fanfarrões como um Elon Musk??? Penso que não. Vejo muito mais valor gerado na obra de um Dalai Lama ou uma Malala Yousafzai. Verdade seja dita: a única e mais valiosa de todas as moedas é isenta de qualquer tipo de especulação e tributação: é a “moeda divina”!

Há de chegar o tempo em que o ser humano irá minerar a “moeda divina” ao invés de criptomoedas! Não por desafios matemáticos e sim pelo ativismo social e ambiental.

§ 122

Evolução em dois planos. Vamos então desviar nossa atenção para a mais valiosa de todas as moedas: aquela que é gerada pela vibração cósmica (OM). Gerar valor nos planos físico e sutil independe do estágio de amadurecimento do ser consciente. Existe uma linha muito tênue que separa estes dois planos a todo instante. Há uma constante interconexão entre os mesmos, sendo que a “energia imanente” e a “energia consciencial” são os únicos pontos de interface. No fundo só existe uma única forma de energia que chamamos de “energia vital”. É a energia divina, a energia criadora, geradora da vida propriamente dita! Sem ela, os seres, humanos ou não-humanos, não passariam de matéria inanimada. Demais formas de energia, são apenas variantes para mesma designação, dependendo da sua origem que são irradiadas diretamente da Fonte, daí o nome de “energia imanente”. Quando oriunda da uma consciência, diz-se tratar-se de “energia consciencial”, muito embora já esteja claro para o leitor, nesta altura, que a consciência que habita o ser é, na realidade, uma centelha divina!!

§ 123

O poder da meditação. Mas como será que estas energias ditas “sutis” podem interagir entre si? O segredo está no “estado de conexão”. Diz-se que a consciência se “conecta” quando está plenamente no momento presente, com todos os sentidos aguçados na essência do ser que é divino! Eckhart Tolle nos alerta para o poder do agora,1 dando outra “roupagem” para algo milenar: a meditação. Dar-se-á estes estados meditativos quando forçosamente desliga-se das preocupações do plano físico, mais precisamente dos sentidos que o ligam a este mundo, desacelerando-se os pensamentos e, então, os direcionando para a Fonte criadora. Os iogues indianos são os mestres nesta ciência da meditação.2 Qualquer um é capaz de tal “conexão”. Na verdade, já o fazem até mesmo de forma inconsciente quando dormindo… Ou senão, quando em oração, estamos “conectados”. Quando ouvindo uma bela canção, estamos “conectados”. Quando apreciamos, silenciosamente, o espetáculo de um belo pôr do sol, sim, estamos muito conectados!!! A Fonte Criadora é onipresente e inesgotável. Basta a consciência ressonar na sua frequência.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Tolle, Eckhart, O poder do agora: um guia para iluminação espiritual, Rio de Janeiro: Sextante, 2002. 

2. Goleman, D. A ciência da meditação: Como transformar o cérebro, a mente e o corpo, 1a ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017.

PROSPERIDADE versus MISÉRIA – 118 – 120

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§ 118

Um sistema de crenças. Pasmem! Ser próspero não tem nada a ver com o acúmulo de riquezas materiais. Da mesma forma, a miséria não se trata aqui de um estado de extrema pobreza. Longe disso… Jesus nos deu a dica ao exaltar que bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus (Mateus 5:3-9). O conceito de prosperidade está diretamente ligado, outrossim, às qualidades do espírito, mais propriamente à capacidade de um ser consciente evoluir espiritualmente através da constante mutação do seu sistema de crenças e experiências de interação com outros seres. Isto se dá, naturalmente, através do processo reencarnatório, tão conhecido em muitas doutrinas espiritualistas e que reflete o amadurecimento da consciência através de muitos e muitos ciclos de vida.

§ 119

Amadurecimento consciencial. Um sistema de crenças fortemente arraigado só se constrói nas mentes singulares que já passaram pelos cinco marcos do amadurecimento consciencial:

  1. Germinação: a consciência desperta da Fonte responsável por sua criação, uma centelha de vida, em dado continuum no espaço-tempo;
  2. Florescimento: após efêmera absorção de conhecimentos superficiais, alvorece para interação com um pequeno círculo de consciências;
  3. Encantamento: segue longa jornada para absorção de conhecimentos aprofundados e sua propagação a um público mais amplo;
  4. Hibernação: fase de questionamentos e o “expurgo” de conhecimentos considerados desnecessários, bem como a limitação da convivência;
  5. Despertar: na vida contemplativa, mantém profunda e constante comunhão com Deus, sendo considerado um Mestre pelos seus discípulos.

Deve-se observar que o “amadurecimento consciencial”, ao contrário das reencarnações que são cíclicas e temporais, é totalmente desconectado do “espaço-tempo”, englobando existências tanto no plano físico como sutil. Por ora, deixemos ao leitor a incumbência de refletir, per se, sobre cada um destes marcos da evolução do espírito, procurando identificar em que estágio se encontra nesta trilha da autorrealização. O caminho que Buda, Cristo e alguns outros seres que reconhecemos como “despertos” percorreram.

§ 120

No caminho de Damasco. Na história do cristianismo temos um exemplo clássico de consciência que passou notadamente por estes cinco marcos da autorrealização, passando da “hibernação” ao “despertar” e, ao mesmo tempo, corroborando para que a fé na santa Igreja tomasse uma escala inimaginável (por mais de 16.000 km) em meio ao julgo do Império Romano. Conta-se que o então Doutor da Lei, Saulo de Tarso, perseguidor implacável dos cristãos na antiga Jerusalém, ficou literalmente cego por três dias após uma visão que teria tido de Jesus Cristo durante o conhecido Caminho de Damasco. Fato é que, após recuperar sua visão pelas mãos do inexplicável Ananias, deixou de perseguir os cristãos e tornou-se, através do seu profundo conhecimentos das escrituras e oratória inigualável, o maior propagador dos ensinamento de Jesus Cristo.1 Este é um caso marcante de “despertar”, primeiro pela forma que se deu, através de um fenômeno raro de visão de uma consciência no plano sutil, possivelmente propiciada pela estafa físico-mental ocasionada após longa jornada até Damasco, admitindo-se que o mesmo não era dotado de faculdades mediúnicas. Normalmente, o “despertar” se dá através de eventos traumáticos, seja por uma crise de stress, uma separação, uma perda de um ente querido ou após uma experiência de “quase-morte”. Saulo certamente estava num longo período de “hibernação”, mesmo que não aparentasse tal propensão. A bravura dos cristãos destemidos na fé como Estevão, de alguma forma, o afetou profundamente…     

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Francisco Cândido Xavier: Paulo e Estevão: episódios históricos do cristianismo primitivo, 1a ed. especial, Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2002.