Algoritmos de inteligência de mercado

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Como todo “sistema de recomendação”, para o caso da inteligência de mercado não poderia ser diferente… São algoritmos os atores principais a nos guiar sobre a relevância de toda e qualquer transação comercial ao redor do mundo.

Já vimos que tanto as matérias-primas como os produtos acabados de uma empresa, independente do segmento de mercado, podem e devem ser monitorados visando obter alguma vantagem competitiva do ponto de vista da “assimetria informacional”.

No entanto, ainda não desbravamos a estatística que está por trás dessas da formuletas matemáticas que podem nos revelar os níveis de preços, portos de destino, novos competidores e até mesmo o portfólio de produtos de algumas empresas.

Comecemos entendendo o “observatório de inteligência de mercado”. Verás como os dados disponíveis gratuitamente vão muito além do que imaginamos!

Observatório de inteligência de mercado

Foi ao trabalhar numa grande empresa brasileira de commodities que tive o pivilégio de tomar contato com a inteligência de mercado.  Dali em diante senti a necessidade de desenvolver uma ferramenta mais prática para sistematizar minhas consultas às bases de dados de mercado que passaram a ser cada vez mais frequentes…

Nesse verdadeiro repositório eu poderia manter registrados todos os dados mais relevantes de cada uma das transações de mercado, desde informações primárias como volume, comercialização e preço, até dados mais específicos, econômicos ou de infraestrutura sobre os países envolvidos, estados e cidades de destino.

Ninguém poderia imaginar que a informação das transações correntes de um país no último ano, aliado ao número de intervenções de comércio internacional “danosas” afetando o país declarante, segundo o Globa Trade Alert, pudesse ser um parâmetro tão relevante no rankiamento das transações comerciais.

Figura 1. Observatório de inteligência de mercado.

Nem tampouco você se daria conta de que as questões logísticas dos portos de destinos, tais como o número de navios atracados no momento do registro na base ou o número de ramificações rodoviárias entrando e saindo da cidade de destino pudesse interferir na capacidade exportadora e importadora de uma determinada região.

Figura 2. Algoritmos para o scoring de relevância de países, cidades e transações.

Competidores de mercado

Ao visualizar o estado do Mato Grosso pelo Google Mapas em busca da melhor cidade para instalar uma filial de distribuição de fertilizantes para um grande grupo Sul Coreano fabricante de fertilizantes que acabou de lhe contratar para iniciar as operações no Brasil, alguma dúvida de que a cidade de Rondonópolis vai saltar aos olhos logo de cara?!

Portanto, o primeiro passo para que sua empresa seja bem-sucedida no seu mercado de atuação é a sua localização. Mesmo que você tenha um negócio online, existem inúmeros fatores críticos de sucesso que se devem pontuar para que ele seja de fato competitivo.

Não se trata somente da logística de inbound e proximidade do mercado consumidor. Deve-se avaliar os recursos humanos necessários ao core business, as fontes de matérias-primas, a regulamentação ambiental, entre tantos outros “senões” que tornam a escolha geográfica demasiado complexa, dependendo do segmento de atuação.

Imagine, por exemplo, uma empresa que produz cápsulas de vitamina ômega 3. É sabido que são compostos de ácidos graxos extraídos do óleo de peixes de água profunda. Alguma dúvida de que os países com vasta extensão litorânea têm uma vantagem competitiva avassaladora sobre os demais? Mas não se trata só disso. Mesmo que o Japão seja rodeado de mar por todos os lados, uma legislação proibitiva com relação à pesca predatória de peixes de águas profundas em determinadas épocas do ano pode inviabilizar o negócio! Talvez águas peruanas sejam muito mais interessantes… Mas será que o Global Trade Alert não me frustará?!

Bem, espero que após conhecer os mecanismos que estão por trás do design dos algoritmos de inteligência de mercado, você possa ir além das análises “rasas” que se pautam tão somente pelo tamanho dos mercados ou custo logístico. Há, evidentemente, um arcabouço de questões políticas, socioeconômicas, ambientais e estruturais que devem estar muito bem pautadas e na mesa antes de qualquer tomada de decisão para o investimento de alguns milhões ou bilhões de dólares…

Independente das pretensões comerciais, num mundo cada vez mais repleto de dados os algotritmos de inteligência de mercado ganham cada vez mais importância. Se não estivermos atentos aos padrões que possam intervir no mercado internacional, certamente seu competidor irá! E não se iluda: isso pode representar o fim da sua vantagem competitiva ou até mesmo a ruína do seu negócio. Mas você não vai deixar que isso aconteça, certo?!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME I – INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

Algoritmos de inteligência tecnológica

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Veja bem. Não se trata de algoritmos para mais uma aplicação da Inteligência Artificial! Ninguém discorda de que este é o assunto do momento, nem tampouco de que está moldando a nova “corrida tecnológica” entre as 2 grandes superpotências mundiais: USA versus China, mas quem sairá vitorioso? Bem, se depender do número de patentes na área, me parece que os amiguinhos lá do Oriente estão a passos largos…

Já vimos que a China tem tido uma produção tecnológica absurda nos últimos anos. Mais propriamente vimos que a produção tecnológica, na verdade, não se trata de algo distante da realidade das pessoas. A ficção que ronda o tema é típica dos filmes épicos do tipo Star Wars e também das grandes corporações como a Apple que lançam produtos em massa que fazem história!

Entretanto, vimos ainda que no mundo real são as patentes que fazem a diferença. Sim, um pequeno pedaço de papel que garante o direito de uma empresa explorar tal tecnologia em determinado mercado. Quando se trata de inovação tecnológica, estamos falando de milhões de pequenas empresas de base tecnológica, muitas vezes incógnatas ao público amplo, mas que detém um verdadeiro exército de empreendedores e inventores.

Detalhe: são elas agora famosas pelo termo startups e quem sabe a sua não será a próxima do Vale do Silício, assim como o Google e NetFlix o foram não tanto tempo atrás. Vamos conhecer aqui apenas um dos grandes segredos delas…

Observatório de inteligência tecnológica

Aqui um grande problema. Como manter um “farol” sobre todas as patentes desenvolvidas por competidores ao redor do mundo na sua área? Só para se ter uma ideia, em “artificial intelligence” foram 11.557 patentes somente em 2020! Para se manter atualizado você precisaria ler cerca de 32 patentes por dia! Isto significa que você precisaria ler mais de 1,3 patente por hora!! E uma patente tem em média 12 a 15 páginas com letras bem miudinhas… Ou seja, algo humanamente impossível!!!

É por este motivo que as empresas inovadoras precisam manter profissionais dedicados somente ao trabalho de “inteligência tecnológica”, não deixando escapar nenhuma informação de seus “competidores tecnológicos” ao redor do mundo, seja ele uma grande empresa ou a próxima startup de sucesso na área. É dali que pode vir a próxima tecnologia que revolucionará o seu mercado de atuação. É dali que também pode surgir o insight para o próximo projeto de inovação de produto que moldará o futuro da sua companhia nos próximos 20 anos!

Agora, se você não tem como monitorar tudo o que sai nos escritórios de patentes ao redor do mundo, minimamente você precisa ter o que chamamos de “observatório tecnológico”, qual seja o repositório onde vai registrando de tempos em tempos as patentes que lhe chamaram atenção na sua área. Veja, assim você dificilmente trará algo do tipo breakthrough, mas ao menos terá condição de tomar contato com o que está acontecendo de mais relevante para não ficar totalmente perdido. Parece pouco, mas a experiência mostra que isto já representa um baita diferencial competitivo!!

Figura 1. Ferramenta iNovarvm disponível em ricardobarreto.com.

Veja bem, apenas nos últimos 15 minutos, já registrei 2 patentes sobre “inteligência artificial” utilizando a ferramenta iNovarvm e olha a Coréia (não apenas China e USA) com a LG Eletronics, pesquisando aplicações de na área de painéis eletrônicos… Conheça e inicie seu próprio “observatório de inteligência tecnológica” o quanto antes!

Competidores tecnológicos

Claro que a essa altura o leitor perspicaz já deve ter notado que o que sustenta a posição de mercado de uma empresa em muitos casos é a sua “força tecnológica”. E não são somente as empresas que competem por mercados. Os países também têm interesses estratégicos. Nos dias de hoje os impérios não são mais formados por militares e sim por cientistas e empreendedores!

Mas como medir a “força tecnológica” de uma empresa ou de um país? Desenhamos alguns algoritmos bem específicos que nos permitem boa acurácia nessa missão. Por exemplo, eu não tinha a menor noção de que o Brasil paga algo em torno de 5,2 bilhões de Dólares para empresas estrangeiras somente em royalties. Ao mesmo nem imaginava que o saldo de patentes “correntes” que entraram e saíram da Índia foi de apenas 52.787. São indicadores nem um pouco usuais, mas bem fáceis de se obter publicamente.    

Para empresas, a lógica dos indicadores é a mesma. De que adianta uma nova empresa brasileira de motores elétricos ter 9 patentes depositadas no INPI se nenhuma delas foi estendida para os maiores mercados mundiais que estão na Europa, China e USA?! Muito provavelmente foi mais um spinoff universitária que não saiu da primeira rodada de investidores… Já os grandes inventores, assim como os cientistas, se reconhecem pela produtividade. Não há magica! É na disciplina e esmero que se conquista a excelência.    

Figura 2. Algoritmos para o scoring de relevância de países, empresas e inventores.

Chegamos ao final de mais um capítulo que se propôs a introduzir um tema de extrema relevância para geração de valor: a “inteligência tecnológica”. Espero que tenha ficado claro o poder das patentes, do empreendedorismo e o papel de uma análise mais detalhada das bases de dados espalhadas ao redor do mundo.

Somente o uso de ferramentas sistemáticas de monitoramento e geração de informação relevante, através de algoritmos e sistemas de recomendação, poderão ajudar empresas e inventores a manterem-se competitivos em suas aplicações de interesse, trazendo ao mercado produtos de sucesso. No entanto, essa tarefa ainda está longe de ser elementar…

Aos países com indicadores de tecnologia pífios, enquanto não houver uma política estruturante de fomento à inovação tal como a dos USA no pós-guerra, continuaremos a assistir balanças comerciais “empobrecedoras” por mais que se esforcem exportando milhões de toneladas de commodities… Apenas um navio carregado de microprocessadores chineses já é o suficiente para anular todo este esforço!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

Inteligência científica

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Longe de mim querer evocar a importância ciência, aquela que pode ser considerada o “Santo Graal” da sociedade moderna! Deixemos estas questões para os acadêmicos, estes seres exultantes que perseguem obstinadamente suas teorias, por certo com a destreza e liberdade que só aqueles desprovidos de interesses espúrios o têm…

Acontece que sem ela não tem tecnologia. E sem tecnologia não tem invenção, muito menos inovação! Como já vimos noutro contexto,1 a inovação é o resultado de três pilares: ciência, tecnologia e mercado. E a inteligência é a ferramenta que dá “liga” no montante de informações que permeiam a busca pelo melhor desempenho, mais propriamente o “diferencial competitivo” em produtos, processos ou modelo de negócios.

Comecemos então pela tal da “inteligência científica”. O que seria?  Por que ela é ainda tão pouco conhecida e valorizada em nosso país? Vejamos que tudo começa pela formação das competências e são elas justamente o propulsores que revolucionam as nações mais desenvolvidas.   

Competência científica

Saber ciência não se aprende na universidade. Calma, não me crucifiquem ainda! Quero dizer que saber ciência é algo pra lá de cultural, ou seja, algo que deve ser cultivado desde cedo, em casa, no círculo mais próximo de amizades, em qualquer lugar do nosso convívio social ordinário e não somente no rebuscado ambiente acadêmico… Quem já leu a biografia completa do Eisntein tem uma noção exata do que estou falando.2

Toda criança deve guardar a recordação daquela luneta “mágica” no alpendre do quarto em que o pai lhe guiava nos primeiros degraus do conhecimento do cosmos. Ou daquele fatídico dia em que ganhou sua primeira medalha na olímpiada de ciências do ginasial. Enfim, a ciência deve permear até mesmo aqueles momentos únicos da conquista do primeiro amor, como a metáfora euclidiana que usou ao chegar no topo da montanha naquela romântica tarde de outono…

Pois bem. Espero que agora tenha ficado mais claro o que é a “cultura científica” e o porquê que ela leva aos grandes cientistas. Certamente é por isso que o Brasil ainda não se encontra no hall dos laureados pelo prêmio Nobel, oxalá! Enquanto, vivermos numa sociedade onde apenas jogadores de futebol ou cantoras pop estão na “boca do povo”, tenham certeza de que bem distantes ainda estamos do grau de maturidade científica das grandes nações.

Nem por isso podemos dizer que somos de todo um fracasso. Longe disso! O Brasil tem uma produção científica “respeitável” no contexto mundial, muito embora a relevância dos trabalhos publicados não seja das maiores. Veja, ao fazermos uma consulta do número de artigos científicos publicados (conhecidos no meio como papers) no ano de 2019 pela Wiley Online Library,[*] veremos que o Brasil, com 5.390 papers, não fica tão distante assim de países desenvolvidos como o Japão (com 12.670 papers) e a França (com 9.903 papers). Voilà! Se não nos falta competência científica, o que pode estar errado?   

Instituições de pesquisas

Claro, sempre deve haver um motivo relacionado à política pública… São as instituições de pesquisas, mais propriamente as universidades que estão minguando. Não se pode formar um Bill Gates, um Thomas Piketty ou um Richard Dawkins sem fomentar, em primeiríssimo lugar, os verdadeiros celeiros de todo o conhecimento!

É dali, meus caros leitores, que nascem o pensamento crítico, a capacidade de fazer associações menos óbvias, o raciocínio analítico aguçado que brota somente naqueles que passam anos a fio, percorrendo bibliotecas, debruçados em livros massivos e vasculhando as bases de dados de papers para apresentar algo que o valha para os seus orientadores, os professores acadêmicos, desde a iniciação científica ainda na graduação, até os exames mais avançados da pós-graduação nos mestrado e doutorado. Quem já fez sebe que o buraco é mais embaixo!

Acontece que, no Brasil e na quase totalidade das nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento ao redor do mundo, são pouquíssimas as universidades que possam verdadeiramente ser consideradas como centros de excelência acadêmica. Elas são medidas normalmente por um conjunto de indicadores baseados na performance da sua pesquisa acadêmica, nos desdobramentos gerados em termos de inovações tecnológicas e no impacto social para a comunidade onde se encontram inseridas.

O Scimago Institutions Rankings,[**] pertencente ao Scopus e que faz parte de uma das maiores editoras científicas do mundo (a Elsevier), nos mostra que seis das melhores universidades do mundo (as TOP 10) são americanas. Evidentemente que Harvard, MIT e Stanford estão no topo da lista! E onde estão as brasileiras? Bem, a única que está entre as TOP 100 é a nossa USP – Universidade de São Paulo, mais precisamente na sexagésima primeira posição. Pasmem: o Brasil tem apenas 6 instituições entre as 500 primeiras colocadas enquanto os EUA têm 250!!

§

Fica claro, portanto, que existe um verdadeiro “abismo” entre nós e eles! E a única solução seria um “Plano Nacional de Desenvolvimento da Ciência”, nos mesmos moldes que os Estados Unidos o fizeram no período do pós-guerra. Isto levará anos, ou melhor, décadas de muita boa vontade política… E tomará rios de dinheiro do orçamento público, o qual espera-se que um dia possa finalmente ser destinado para educação. Mas será que existe algo que possa agregar ou pelo menos encurtar um pouquinho este árduo caminho?

Sim. É a tal da “inteligência científica”. Segundo Tavares (2008-2009),3 pesquisador pioneiro ao cunhar este termo, sua conceituação envolve a capacidade de um profissional aplicar os princípios da “metodologia científica” em suas decisões, mais propriamente o seguinte:

A competência de interpretar os dados gerados pela pesquisa acadêmica para decidir racionalmente sobre métodos e procedimentos que comprovem a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações desenvolvidas no trabalho realizado.

Trocando em miúdos, o que ele quis dizer é que todo conhecimento científico deve ter um propósito definido e que este esteja perfeitamente alinhado com a missão e visão de onde se pretende chegar! Ou seja, se o nosso ilustríssimo Ministro da Ciência e Tecnologia (e seus sucessores) mobilizarem a comunidade em prol do tal Plano Diretor da Ciência, explorando a competência brasileira em certas ilhas de excelência como, por exemplo, a energia renovável e biotecnologia, certamente galgaremos patamares científicos nunca antes perscrutados. Nunca deixarei de ser um entusiasta da ciência, desde que ela mire, no final do dia, para a inovação!


[*] Considerada uma das maiores editoras do mundo e congrega mais de 1.600 periódicos científicos no seu portfólio. Conheça AQUI .

[**] Colsulte gratuitamente os filtros detalhados de pesquisas na base de dados do Scimago Institutions Rankings AQUI.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1. Barreto, de L. Ricardo. IttiNomics: um guia especial para inovação aberta, Valinhos-SP, Editor-Autor, 2ª ed. 2016.

2. Isaacson, Walter, Einstein: sua vida, seu universo, São Paulo: Companhia da Letras, 2007.

3. TAVARES, C. A. Visão holística da avaliação de competências à luz da metodologia científica. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Recife, v. 5/6, p. 79-102, 2008-2009.

Algoritmos de inteligência digital

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Sem mais delongas vamos mergulhar em alguns dos algoritmos de inteligência digital desenvolvidos através do método apresentado neste livro e que são capazes de impulsionar a sua estratégia de marketing de conteúdo.

Não adianta de nada conhecer a sua persona e produzir conteúdos a esmo se você não detiver um processo próprio, ágil e eficaz voltado para revelar a vastidão de conteúdos que existem por trás da primeira página do Google…

São dois os processos vitais que determinam o sucesso desta abortagem: a “seleção dirigida de Fontes e subFontes” e o “radar permanente de conteúdos externos”.[1] Os nomes assustam, mas a lógica é bem fácil de entender e, principalmente, de se pôr em prática!

Seleção dirigida de Fontes e subFontes

Nada mais é do que seleção digital das Fontes e subFontes mais influentes que atraem tráfego do seu público de interesse. São aplicadas técnicas simples de data mining e machine learning para chegar ao mix ideal de Fontes e subFontes, as quais podem ser estáticas ou dinâmicas, como veremos a seguir.

O primeiro passo é identificar as palavras-chave, aqui denominadas Tag e subTag, que devem atrair o maior tráfego do seu público na internet. Estas são as principais áreas de interesse do seu público! Se o seu público faz parte do universo do marketing, pode escolher, por exemplo, a Tag “marketing digital” e talvez, como subTag, algo um pouco mais específico como “marketing de conteúdo” ou “marketing nas redes sociais”. 

O próximo passo é descobrir quem são seus principais competidores digitais, mais especificamente o ranking Top 5 dos competidores orgânicos e pagos. Veja bem. No universo digital o termo “competidor” se refere a um website (ou outro canal digital de referência) que atrai uma parcela significativa de tráfego do seu público.

No caso dos “competidores orgânicos” basta utilizar um bom mecanismo de busca e proceder a seleção entre os cem primeiros resultados orgânicos do Google, por exemplo, sendo os três primeiros resultados com a Tag e os dois últimos com a subTag das áreas de interesse. Já para os “competidores pagos” proceder a seleção entre os anúncios das cinco primeiras posições apresentados também pelo Google nas pesquisas. Confira abaixo o resultado para a Tag e subTag mencionadas acima.

Tela de celular com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura 1. Descoberta de competidores digitais (orgânicos e pagos).

Pois bem. Logicamente, os principais competidores digitais devem ser também as principais Fontes nas áreas de interesse do seu público, tanto que o próprio Google os classifica na sua primeira página de resultados! Pela mesma lógica, claro que os “competidores orgânicos” serão sempre os mais relavantes, muito embora não possamos negligenciar os “pagos” que também podem produzir conteúdos importantes…

Sendo assim, nós decidimos fixar os “competidores orgânicos” TOP 1 para a Tag e subTag como as duas únicas Fontes estáticas do nosso processo de seleção dirigida. Todas as outras são consideradas subFontes! Fixamos também como “estáticas” as subFontes dos demais competidores e iniciamos o processo de seleção das subFontes “dinâmicas” que são os domínios relacionados direta ou indiretamente às áreas de interesse, priorizando aquelas com mais de 500 links ativos e 50 links únicos. Selecione no máximo 20 subFontes e faça o ranking das subfontes de acordo com o número de links únicos. Abaixo apresenta-se um exemplo para o competidor orgânico resultadosdigitais.com.br.

Tela de computador com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura 2. Seleção das subFontes dinâmicas de cada compeditor digital.

A pesquisa foi feita na ferramenta SEOprofiler com o website do competidor em Links. Avalie os 20 primeiros resultados, ordenados pelo maior LIS e os adicionados mais recentemente. Faça nova consulta para descobrir se o resultado escolhido é de fato uma subFonte dinâmica. Neste caso, registre-a na tabela e contabilize o seu número de Links únicos.

Se a subFonte for da área de interesse, você pode fazer uma nova consulta. Dica: se não descobrir nenhuma subFonte, equalize com aquelas descobertas para outros competidores. Pode-se ainda enriquecer a lista pesquisando no Google com as Tags TOP 50 ou com as Tags TOP 1 dos outros competidores. Senão, pesquise usando as Tags com maior número de pesquisas e não ordenadas pelo score. Neste ponto você já deve ter notado o porquê que estas subFontes são dinâmicas, ou seja, periodicamente você deverá mesclar o seu mix para manter a diversidade dos conteúdos descobertos na internet.

Tela de celular com publicação numa rede social

Descrição gerada automaticamente
Figura 3. Mix de Fontes e subFontes estáticas e dinâmicas.

Apenas formar o seu mix próprio de Fontes e subFontes estáticas e dinâmicas não adianta de nada! Agora você deverá utilizá-lo no próximo passo do nosso algoritmo de inteligência digital: o radar permante de conteúdos externos.

Radar permanente de conteúdos externos

Ele permite rastrear constantemente os últimos conteúdos externos descobertos através das Fontes e subFontes selecionadas anteriormente. A extração de dados é feita também da plataforma SEOprofiler, ordenando os conteúdos pela data de adição e registrando somente os resultados que sejam considerados de fato um conteúdo nos seus diversos formatos (ex. blog post).  

Idealmente, você deverá descobrir de 1 a 3 conteúdos por dia. Lembre-se: quanto mais opções, melhor será o processo! As buscas deverão seguir a seguinte ordem: primeiro as duas Fontes estáticas e depois as vinte suFontes estáticas e dinâmicas, respeitando a sequência numérica e sempre intercalando uma subFonte estática e a outra dinâmica.

Então, registre os dados no sistema (ou numa planilha Excel mesmo), atribuindo a Tag, categoria, formato e idioma dos conteúdos descobertos no dia, procedendo com scoring de relevância através do algoritmo abaixo que faz o ranking automático dos backlinks que apontam para o conteúdo e que mede a influência no seu ecossistema.

Tela de celular com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura 4. Score de relevância para o ranking de backlinks de conteúdos.

Você deverá consultar todas as Fontes e subFontes diariamente ou até o limite de 3 descobertas e, no dia seguinte, retomar de onde parou. Uma dica: se não conseguir descobrir nenhum conteúdo no dia, escolha dos dias anteriores, seguindo a ordem de prioridade do scoring. Em último caso, recomenda-se que navegue pelos sites das Fontes e subFontes até encontrar algo apropriado. Se ainda assim estiver com dificuldades, aí é sinal de que você precisa revisar o processo anterior da seleção dirigida…

A ferramenta buzzming, acessível em ricardobarreto.com, faz uso destes algoritmos dando várias opções para filtrar suas pesquisas e apresentando os resultados numa interface amigável que facilita sobremaneira as buscas. Confira abaixo o exemplo para uma busca genérica com a Tag da área de interesse “marketing digital”.

Tela de computador com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura 5. Exemplo de pesquisa na ferramenta online buzzmining.

Observar que foram encontrados três resultados de conteúdos para esta busca, sendo que o maior score foi de 32 para dois deles, ambos da mesma Fonte: saiadolugar.com.br. Escolha um deles e este conteúdo que deverá ser empregado para produzir o BuzZ. Mas que raios vem a ser um BuzZ?

Bem, este é o novo boca-a-boca da Era Digital! Nada mais é do que é uma chamada de impacto para despertar o interesse do seu público por determinado conteúdo nas redes sociais. Sua estrutura linguística ideal é a seguinte:

{[INTERJEIÇÃO x (!) + INTERROGATIVA x (?) + CALL TO ACTION x (.)]}

Veja um exemplo e já aproveito para me despedir aqui dos leitores e convidá-los para descobrirem conteúdos nas suas áreas de interesse e, por que não, gerarem o BuzZ em suas próprias redes sociais…

BuzZ generation: Pois bem! Por que será que todos os seus competidores digitais que você conheceu até hoje falharam? Entenda.


[1] Estes processos são a base para a ferramenta de inteligência de conteúdo chamada “buzzmining” que se encontra acessível através do website do autor em ricardobarreto.com.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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INTELIGÊNCIA COMPETITIVA

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O fenômeno da competição é uma característica intrínseca do ser humano. Está primariamente associada ao “instinto de sobrevivência”, bem como à preservação das organizações nas quais estamos associados.

Ajudar a compreender este fenômeno, bem como buscar estratégias para conquistar e sustentar a “vantagem competitiva” por longos períodos de tempo é o propósito maior do campo denominado inteligência competitiva.

As raízes da inteligência competitiva remontam às estratégias militares de tempos longínquos, com os escritos de Sun Tzu cerca de 500 a.c. Sua obra clássica, intitulada A Arte da Guerra, tornou-se a referência basilar da inteligência militar, muito embora estivesse por demais associada ao conceito de espionagem, conforme ilustrado no trecho: 1

“… Não se pode usar espiões sem sagacidade e conhecimentos; não se pode usar espiões sem humanismo e justiça; não se pode conseguir a verdade de um espião sem astúcia. Este é, na verdade, um assunto muito delicado …”

Passados mais mais de 2.000 anos, uma nova “onda” do uso da inteligência competitiva surgiu durante a 2a Guerra Mundial, em especial nos Estados Unidos e Inglaterra, onde o conceito foi visto pela primeira vez além da estratégia militar e passou a tatear os campos da ciência política e criptografia nos serviços secretos de Estado.

Teve destaque os trabalhos do matemático britânico Alan Turing que inventou uma máquina especificamente para quebrar os códigos secretos dos alemães. Sua invenção foi depois fundamental para o surgimento dos computadores e da própria lógica de programação. Nos Estados Unidos sobressaíram-se os trabalhos de segurança nacional da agência Central de Inteligência americana (a famosa CIA).

No entanto, foi somente na década de 80, com a publicação da obra incomparável do Prof. Michael Porter (da renomada Harvard Business School), chamada Estratégia Competitiva, que o conceito de inteligência competitiva chegou finalmente ao mundo dos negócios. 2

Antes disso as iniciativas eram mais informais e se limitavam à coleta de dados competitivos sobre a indústria e seus competidores em arquivos de bibliotecas, muito embora a área de marketing já fizesse uso extensivo destas informações em pesquisas. Mesmo assim, quase nenhuma empresa tinha capacitação em inteligência competitiva e o tema não tinha atenção alguma por parte da alta gerência nas empresas de grande porte.

Aos poucos a inteligência competitiva começou a ganhar importância nas organizações e passou para atividades de análise das informações e não somente de coleta (restrito às áreas de marketing e planejamento). No entanto, ainda era vista com cautela pelo nível gerencial que questionava principalmente os seus resultados práticos. Faltava histórico, mais propriamente estudos de caso de sucesso! As análises eram puramente quantitativas e pouco aproveitadas para tomada de decisão estratégica.

Os primeiros resultados visíveis começaram a surgir com a aplicação da técnica de benchmarking já quase no final da década de 80 e assim marcou-se o início da fase áurea da inteligência competitiva, com sua disseminação dentro e fora das grandes organizações e o início da visibilidade internacional.

O reconhecimento veio rápido, em especial pelas grandes escolas de negócios, e surgiram as primeiras unidades formais autônomas em organizações de ponta como a Corning Inc. nos Estados Unidos. Alguns anos depois muitas das empresas da Fortune 500 já contavam também com suas próprias áreas de inteligência competitiva (vide abaixo a cronologia).

Figura. A evolução da inteligência competitiva.

Na atualidade o uso da inteligência competitiva é especialmente empolgante. Em tempos de big data e computação em nuvem, quão promissoras não o são as aplicações das técnicas de analytics, sistemas de recomendação e data mining? Perceba a dimensão dos inúmeros algoritmos que estão somente começando a descortinar as aplicações da inteligência artificial…

Especificamente no Brasil, ainda são poucas as empresas com capacidade arraigada de inteligência competitiva, com áreas estruturadas para atender este propósito, mesmo assim quando muito dentro do departamento de marketing ou planejamento estratégico, enquanto deveriam ficar nas áreas diretamente relacionadas à Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação.

Estamos falando aqui em extrapolar as barreiras dos negócios e perscrutar as novas dimensões da inteligência, mais propriamente a digital, financeira, científica, tecnológica e de mercado. Estamos falando de novas métricas de avaliação de performance. Estamos falando da construção de ativos de inteligência. Estamos falando, enfim, do surgimento de novas plataformas de produtos e serviços de inteligência!

O tempo das consultorias especializadas das últimas décadas já passou. Elas se tornaram arcaicas, obsoletas. São inúmeras as formas de competição e estamos somente adentrando na quarta e talvez a mais empolgante… Falando do futuro, não podemos fechar os olhos para a estratégia oposta (ou complementar) que ainda está engatinhando, mas tem ganhado cada vez mais adeptos: a inteligência colaborativa. Nosso próximo assunto… Aguarde.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1.  Tzu, S. A arte da Guerra: os 13 capítulos originais, 2a. ed. São Paulo: Clio Editora, 2012.

2. Porter, M. Competitive Strategy, The Free press, New York, 1980.