A prática da Raja yoga

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Muitos são os caminhos que podem nos levar à prática da Raja yoga… No ocidente, certamente não podemos considerar a mera curiosidade, nem tampouco a busca dos aflitos que precisam de algo para se apoiarem. Não. A Raja yoga não satisfaz tais anseios.

Sua prática brota, outrossim, de um anseio natural pela auto iluminação. É bem distinto dos caminhos materiais onde a busca é exterior. Independente da facilidade oriunda da origem cultural, como no seu país de origem (a Índia), desperta nas consciências quando se extingue a necessidade da busca por respostas e aceita-se que tudo de que necessitamos para evolução já se encontra dentro de nós mesmos. Todo o restante vem como consequência!

Foi mais ou menos assim que aconteceu comigo… E pude perceber que algo semelhante se passou com todos os que conheci neste meio. Vamos às recomendações práticas, lembrando que não existe uma fórmula única. Cada um deverá encontrar “aquela” que lhes traz os melhores resultados. E estejam certos de que estes virão com rapidez e polpudos em todos os aspectos da sua existência!

Doravante, não poderia deixar de citar duas referências que foram marcantes no fortalecimento dessa busca. Primeiramente a obra pioneira de Swami Vivekananda que foi um dos primeiros iogues que levaram a prática da Raja yoga ao conhecimento do público ocidental ainda no século XIX, inclusive inspirando alguns dos “papas” da psicanálise.1

Ademais, assim como Paulo de Tarso foi o grande propagador do cristianismo nos seus primórdios, Paramahansa Yogananda também o foi ao revelar a profundidade dos segredos mais profundos da yoga nos Estados Unidos. Esta foi a sua missão, revelada ainda em tenra idade pelo seu guru Sri Yukteswar. Sua autobiografia é talvez a obra mais bela que já li sobre a busca da auto iluminação.2     

Vamos propor aqui um método simples com sessões diárias para iniciação na Raja yoga, observando os sete valores que compõem o Ciclo da Cultura de Valor apresentado neste livro. Consideremos, antes de mais nada, as seguintes recomendações:

  • Sessão: 30 a 60 minutos sempre na primeira e última hora do dia;
  • Ambiente: arejado, penumbra e silencioso (som suave opcional);
  • Preparo: sentado, relaxado e com a coluna ereta;
  • Guru: eleja um guru (seu tutor espiritual);
  • Mestre espiritual: sua(s) referência(s) para autorrealização.  

Não necessariamente o guru precisa estar encarnado, muito embora a presença de espírito seja um atributo marcante. O mais importante é que seus ensinamentos estejam disponíveis através de livros e dos seus seguidores diretos ou indiretos. No meu caso, elegi Paramahansa Yogananda, e acompanho ativamente as publicações e atividades da Sociedade de Autorrealização, entidade que ele mesmo fundou em 1920.

A escolha do Mestre espiritual normalmente se dá pela fé religiosa: Jesus para os Cristãos, Krishina para os Hinduístas, Buda para os Budistas e assim por diante. Eu, como iogue ocidental e admirador da cultura oriental, preferi manter os três Mestres espirituais em minhas sessões de meditação: Krishina, Buda e Cristo. As escrituras sagradas de todos os cânones compõem meus estudos para iluminação.     

Abaixo transcrevo as 7 sessões iniciáticas que pratico diariamente (o refúgio matinal e vespertino pode ser o mesmo lugar, desde que seja idealizado por você no plano astral com tanta riqueza de detalhes que o torne vivo em sua mente):

SESSÃO 1: segundas-feiras (valor do PODER)

1. Entoe o mantra Ohm;

2. Concentre-se no ponto de luz entre suas sobrancelhas;

3. Visualize seu Guru e Mestre(s);

4. Pratique Zazen por alguns minutos (ou concentração mindfullness);

5. Circule a Kundalini pela cervical (visualize a cor VERMELHA no 1o chakra);

6. Pratique os exercícios de energização 1 a 5 (Kryia yoga);

7. Projeção lúcida para seu refúgio matinal e vespertino.

SESSÃO 2: terças-feiras (valor do PROSPERIDADE)

1. Entoe o mantra Ohm;

2. Concentre-se no ponto de luz entre suas sobrancelhas;

3. Visualize seu Guru e Mestre(s);

4. Pratique Zazen por alguns minutos (ou concentração mindfullness);

5. Circule a Kundalini pela cervical (visualize a cor LARANJA no 2o chakra);

6. Pratique os exercícios de energização 6 a 10 (Kryia yoga);

7. Projeção lúcida para seu refúgio matinal e vespertino.

SESSÃO 3: quartas-feiras (valor do PUREZA)

1. Entoe o mantra Ohm;

2. Concentre-se no ponto de luz entre suas sobrancelhas;

3. Visualize seu Guru e Mestre(s);

4. Pratique Zazen por alguns minutos (ou concentração mindfullness);

5. Circule a Kundalini pela cervical (visualize a cor AMARELA no 3o chakra);

6. Pratique os exercícios de energização 11 a 15 (Kryia yoga);

7. Projeção lúcida para seu refúgio matinal e vespertino.

SESSÃO 4: quintas-feiras (valor da PAZ)

1. Entoe o mantra Ohm;

2. Concentre-se no ponto de luz entre suas sobrancelhas;

3. Visualize seu Guru e Mestre(s);

4. Pratique Zazen por alguns minutos (ou concentração mindfullness);

5. Circule a Kundalini pela cervical (visualize a cor BRANCA no 4o chakra);

6. Pratique os exercícios de energização 16 a 20 (Kryia yoga);

7. Projeção lúcida para seu refúgio matinal e vespertino.

SESSÃO 5: sextas-feiras (valor da VERDADE)

1. Entoe o mantra Ohm;

2. Concentre-se no ponto de luz entre suas sobrancelhas;

3. Visualize seu Guru e Mestre(s);

4. Pratique Zazen por alguns minutos (ou concentração mindfullness);

5. Circule a Kundalini pela cervical (visualize a cor VERDE no 5o chakra);

6. Pratique os exercícios de energização 21 a 35 (Kryia yoga);

7. Projeção lúcida para seu refúgio matinal e vespertino.

SESSÃO 6: sábados (valor do AMOR)

1. Entoe o mantra Ohm;

2. Concentre-se no ponto de luz entre suas sobrancelhas;

3. Visualize seu Guru e Mestre(s);

4. Pratique Zazen por alguns minutos (ou concentração mindfullness);

5. Circule a Kundalini pela cervical (visualize a cor AZUL no 6o chakra);

6. Pratique os exercícios de energização 26 a 30 (Kryia yoga);

7. Projeção lúcida para seu refúgio matinal e vespertino.

SESSÃO 7: domingos (valor da FELICIDADE)

 1. Entoe o mantra Ohm;

 2. Concentre-se no ponto de luz entre suas sobrancelhas;

3. Visualize seu Guru e Mestre(s);

 4. Pratique Zazen por alguns minutos (ou concentração mindfullness);

 5. Circule a Kundalini pela cervical (visualize a cor VIOLETA no 7o chakra);

 6. Pratique os exercícios de energização 31 a 36 (Kryia yoga);

 7. Projeção lúcida para seu refúgio matinal e vespertino.

Saiba mais:

1 Swami Vivekananda, Raja Yoga, Lexington, USA, 2016.

2. Yogananda, Paramahansa, Autobiografia de um Iogue, Self-Realization Fellowship, 3a ed. brasileira, 2013.

FELICIDADE versus MELANCOLIA 148 – 150

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§ 148

Sobre a raja yoga. Era preciso encontrar uma forma de sanar qualquer resquício de melancolia em meu Ser. Comecei a prática da meditação através de uma tradicional técnica indiana: a raja yoga. Em suma, aprendi a repousar minha mente e deixar-me “banhar”, pelo menos por alguns instantes, com as vibrações da energia cósmica imanente (aquela inesgotável que provém da Fonte), o suficiente para sorver da sua paz infinita, do seu poder infinito, da sua pureza infinita, da sua prosperidade infinita, da sua verdade infinita, do seu amor infinito e, no ápice, da sua felicidade infinita! Então, aprimorei a técnica através dos ensinamentos do Swami Vivekananda (um dos pioneiros na ocidentalização da raja yoga)1 e, com o tempo, desenvolvi minha própria rotina de meditação, sempre ao acordar e antes de dormir. No Apêndice poderão encontrar detalhes sobre o passo a passo de cada uma das meditações, de segunda a segunda.

§ 149

Mais, com hatha yoga. Num segundo momento, retomei aos primeiros passos do yoga, por onde aliás deveria ter começado… Voltei a praticar os asanas e pranayanas, mais propriamente as poses e respirações tão salutares à nossa saúde física e mental. Agora não mais “travestidas” de esoterismo e sim na sua essência, a qual somente o Prof. Hermógenes poderia nos revelar… A propósito, foi ele quem trouxe e disseminou a hatha yoga para o Brasil. Sua prática nunca é simples e cada um deve buscar aquela que melhor se adapta. Confesso que minha elasticidade é uma lástima, de modo que me restrinjo aos exercícios com menor grau de dificuldade. Através dos seus livros, o Prof. Hermógenes nos ensina a praticar hatha yoga da maneira mais elementar e introspectiva, em casa mesmo, nos seus momentos de intimidade, sem necessariamente buscar uma academia, um ambiente específico e alunos para interagir. Não que isso não seja recomendável. Talvez no início, para pegar gosto, assim como eu o fiz… O fato é que a hatha yoga é uma prática para vida, de modo que precisa ter seu espaço definitivo em nosso cotidiano. Vou além. Aprendi a gozar da verdadeira felicidade apenas quando conciliei a raja com a hatha yoga! Nunca mais me senti deprimido. Quem pratica yoga com afinco, não sabe mais qual a serventia dos psicotrópicos, nem tampouco de psicólogos e terapeutas holísticos.

§ 150

Da literatura yogue. Os livros do Prof. Hermógenes são ricos em ensinamentos filosóficos, ecumênicos bendizendo. Um deles, em especial, tocou meu coração. É uma verdadeira “pérola” de sabedoria! Tanto que resolvi tirar todos aqueles pequenos livrinhos de cabeceira, ala Minutos de Sabedoria e o deixei reinar, absoluto, em meu criado-mudo.2 Ademais, assim como toda primeira geração de yogues brasileiros, não pude resistir à facilidade com que nos ensina as mais diversas técnicas de hatha yoga, uma seleção de asanas e pranaymas, incluindo séries completas com diferentes propósitos, sempre relatando os benefícios psíquicos e para saúde física. Desde então, não tive mais dúvidas: passaria a praticar hatha yoga diariamente. Não deixem de experimentar. Irá mudar suas vidas!! Acesse, no Apêndice, as 7 séries que desenvolvi com base nos ensinamentos dos livros clássicos do Prof. Hermógenes, bem como do seu guru indiano B. K. S. Iyengar.3

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Swami Vivekananda, Raja Yoga, Lexington, USA, 2016.

2. Hermógenes, José, Mergulho na paz, 25ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2001.

3. i. Hermógenes, Autoperfeição com hatha yoga, 50a ed., Rio de Janeiro: Nova Era, 2009. ii. Hermógenes, Yoga para nervosos, 50a ed., Rio de Janeiro: BestSeller, 2015. iii. B. K. S. Iyengar, Light on yoga, Schocken Books, New York, 1979.

FELICIDADE versus MELANCOLIA 145 – 147

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§ 145

A chave da felicidade. Muitos consomem suas vidas buscando a tal chave do sucesso! Entretanto, ao final da jornada terrena, descobrem que não é este tipo de sucesso que gera a felicidade verdadeira, aquela que é considerada um dos 4 “valores de estado”. Mas de onde provém este estado de felicidade ou o seu oposto que é a melancolia? A resposta é tão clara e direta quanto o grau de conexão com o nosso Criador. Simples assim. Muitos confundem felicidade com euforia ou melancolia com tristeza. Apesar do tipo de reação fisiológica assemelhar-se em ambos, a natureza dos neurotransmissores envolvidos nas conexões nervosas, o grau de intensidade é completamente distinto. Uma dica é avaliar o espectro de tempo da sua duração. A euforia (ou a tristeza) são efêmeros: não mais do que minutos, horas, dias, no máximo, algumas semanas. Já os estados melancólicos, ou os felizes, permanecem longos períodos assim, ou seja, são constantes, perenes, sendo raramente afetados por externalidades. Os psicólogos e psiquiatras olham para estes estados sob as óticas mental e/ou fisiológica. Nós olharemos tão somente sob a ótica da consciência que é infalível!

§ 146

O papel da epigenética. Por muito tempo o ser humano perscruta a elucidação do grande enigma qual seja, fisiologicamente, como se dá esta tal conexão das nossas consciências com o Criador? Após longa overdose literária sobre meditação, da yoga ao budismo, percebi que existe um procedimento meio que padrão envolvendo um primeiro passo: concentrar os pensamentos no foco de energia da consciência, mais propriamente situado, quando no plano físico, em um ponto na parte frontal do nosso cérebro. Tomado dessa mentalização energética, devo direcionar meus pensamentos à Fonte, buscando sorver da sua energia imanente, envolvendo não somente a consciência, mas também cada parte integrante de corpo físico, até o nível celular. Sim, essas também são permeadas pela energia que provém da consciência, a energia vital que carrega suas membranas e aciona os canais de comunicação extracelulares. No entanto, o que ainda poucos sabem, é que seu funcionamento sadio está diretamente relacionado com este estado de conexão. Digo poucos porque a ciência ocidental ainda está desvendando a teoria que rege tais conexões. Ela é a epigenética, uma ciência bem recente que estuda os mecanismos que acionam os genes, como um botão de liga e desliga! Está envolvida em todos os aspectos que regem a vida, tais como mudanças reversíveis e hereditárias.1 Vemos, portanto, a ciência médica adentrando num caminho mais que instigante, convergindo com a antiga ciência sagrada da yoga!

§ 147

Da ciência sagrada. Os hindus e outros povos orientais já praticam os estados meditativos de conexão há muito tempo e aprimoraram suas técnicas através das diversas modalidades do yoga, cuja significância pode ser traduzida literalmente a um “estado de união” com o Divino. Quando comecei a praticá-la, confesso que tinha um certo preconceito ocidentalizado da coisa… Isto até que se justifica porque peguei uma primeira professora de hatha yoga esotérica ao extremo! Um dia ela começou a intercalar as poses e respirações e veio com um papo de “planeta chupão” que não deu para segurar… Bem, um bom tempo depois comecei a me aproximar novamente do yoga, desta vez pela necessidade mesmo… Estava numa época tumultuada da minha vida profissional, em que o nível de stress chegou a tal ponto que, se não achasse uma maneira eficaz de equilibrar minha mente, acho que iria entrar em colapso!! Decidi então fazer um breve retiro numa pequena cidade do interior paulista (a tão serena Serra Negra) para fazer um curso intensivo de raja yoga, ministrado pela organização internacional Brahma Kumaris. Ou seja, desta vez eu queria aprender primeiramente a meditar, controlar minha mente, “esvaziá-la” para, somente depois, exercer o domínio sobre os meus pensamentos. É o que chamamos de estados meditativos: ou a ciência sagrada que nos ajuda a atingi-los!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Agência Fapesp, Pioneiro da epigenética fala da relação entre ambiente e genoma, publicado online (agencia.fapesp.br) em 14.03.2013.

PASSO 5: nossos hábitos

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Praticar, praticar de novo e, então, praticar ainda mais. Eis o nosso lema para colocar o Ciclo da Cultura de Valor (CCV) em constante movimento, tornando-o algo dinâmico, fluido, perfeitamente incorporado ao nosso dia-a-dia, um hábito propriamente dito.

De nada adianta ter um domingo dito “valoroso” pelo senso comum, indo à igreja, mesquita ou sinagoga, seja qual for o seu templo religioso, equilibrando-se no nível mais sutil da consciência, interagindo de forma salutar com a comunidade e comungando com Deus, se você acordar na segunda-feira logo cedo e já “descer o verbo” na primeira fechada que receber no trânsito!

Ora, a realidade é uma só, independente do dia da semana. Somos seres dotados de mente, corpo e espírito, logo susceptíveis a quaisquer tipos de vibrações ressonantes, seja qual for a distância ou intensidade. Sua “conta kármica” já começa a semana no vermelho…

Conta kármica

Vivemos num verdadeiro “oceano vibracional” que afeta, positivamente ou negativamente, o equilíbrio energético do nosso corpo físico e sutil. Sendo assim, como poderíamos afetar este equilíbrio? Através da chamada “conta kármica”, mais propriamente o seguinte:

Balanço das experiências pregressas, impregnadas em nossa memória ou na de outros seres conscientes, responsáveis por elicitar pensamentos que geram ou destroem valor.  

Voltemos ao exemplo anterior. Mesmo com todo o equilíbrio dominical, a “vibração negativa” do motorista agredido verbalmente no trânsito supera significativamente em intensidade o somatório de quaisquer “vibrações positivas” galgadas com tanto esforço. Como então podemos reverter esta equação tão desfavorável?

Reflita comigo. Se você tem um punhado de colegas considerados mais próximos e no máximo uns 5 amigos verdadeiros, quantas vezes acha que eles vibram o bem por você ao longo do ano? Muito possivelmente a maioria o faz no seu aniversário, ano novo, quando você publica algo bacana no Instagran ou facebook e, claro, em alguns outros parcos eventos. Esta é a pura realidade…

Por outro lado, se você tem apenas um único inimigo, por mais distante e “isolado” da sua vida que esteja, pode estar certo de que todo santo dia ele vai ruminar sobre seus atos passados e emitir uma boa dose de “vibração negativa”. Somos seres vingativos! Infelizmente tal comportamento instintivo, oriundo da sobrevivência carnal, faz parte da natureza da grande maioria dos seres humanos. 

Meditação autossugestionada

Não podemos deixar de admitir o quão difícil é para nos policiarmos a cada instante, digo especificamente a “verdadeira arte” de controlar os nossos pensamentos, seja no trânsito, em casa, no trabalho, na academia, na padaria, onde for… Urge que encontremos uma fórmula prática e efetiva para tal proeza. Desta autodisciplina depende o sucesso de todas as técnicas que estamos a discorrer!

Os “verdadeiros religiosos” não precisam de estar num templo ou mosteiro isolados em uma ilha grega ou havaiana, com vista paradisíaca, para prática constante da vigília, introspecção, oração e comunhão com Deus. Outra forma de manter-se em equilíbrio, por sinal muito mais acessível na vida moderna, é praticar a meditação.

Esta ferramenta tão simples é, na verdade, o cerne da vivência monástica. Ser monge basicamente se resume em praticar meditação como forma de se conectar consigo mesmo e com Deus. Ela consiste em dar certas “pausas” no cotidiano, fazendo um breve exercício de respiração, concentração e depois controlar o fluxo de pensamentos para que a essência divina aflore dentro de você mesmo.

O jovial monge brasileiro Satyanatha nos brindou recentemente com um maravilhoso livro em que relata como todos nós podemos nos tornar monges, reservando apenas alguns momentos do dia para prática meditativa, num ambiente isolado ou qualquer outro lugar mais tranquilo que encontrar por perto, em casa ou no escritório.1

Existem inúmeras técnicas para meditar, algumas muito antigas e outras já bem mais modernas, com embasamento científico,2 muito embora todas se fundamentem nas antigas tradições hindus, dos sábios que se isolavam nos Himalaias para alcançar a auto iluminação. No entanto, foi apenas nos séculos XIX e XX que estas técnicas foram disseminadas no mundo ocidental e culminaram com o desenvolvimento da raja yoga e suas diversas modalidades, tais como a já mencionada kriya yoga.

Ao estudar estas diferentes técnicas, acabei por desenvolver uma metodologia própria e mais a frente detalharei o passo a passo. Adaptamos uma mistura de pranayamas da hatha yoga com os protocolos de relaxamento do Dr. Hebert Benson da Harvard Medical School e os exercícios de energização e meditação ensinados pelo Swami Paramahansa Yogananda, a quem considero meu guru, mesmo não estando mais entre nós!

Uma imagem contendo pessoa, sentado, homem, ao ar livre

Descrição gerada automaticamente
Figura. Foto do Swami Paramahansa Yogananda meditando.

Independente da técnica, após conseguir meditar com frequência, minimamente na primeira hora da manhã e antes de deitar-se, você estará apto ao próximo passo que é talvez o mais difícil: a autossugestão. Sendo talvez o pioneiro desta técnica, Yogananda nos ensinou as suas “afirmações científicas” que, se repetidas durante a meditação, têm o poder de realizar quaisquer propósitos, seja a cura física, o enfrentamento de um medo ou qualquer outro mal que lhe atormente.3

 Você estará, enfim, pronto para “domar” o fluxo constante de pensamentos e direcioná-los para condução voluntária do Ciclo da Cultura de Valor (CCV), identificando sempre em qual dos 7 passos que se encontra e como deve atuar para passar para o seguinte. O hábito, portanto, nada mais é do que a prática cotidiana do autocontrole, através da meditação autossugestionada.

Nada se torna efetivo sem o valor da disciplina, uma subcategoria do valor do poder. Muitos perecem nesta etapa porque é incrivelmente difícil manter o “foco em si mesmos” com o devido grau de exigência e sem hipocrisia! O mais fácil, sempre, é deixar para depois…

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Satyanatha, Seja Monge: a arte da meditação, 1ª ed., São Paulo: Fontanar, 2019.

2. Para um verdadeiro compêndio sobre os principais trabalhos científicos que decifram os efeitos benéficos da meditação sobre o nosso corpo e mente, consultar o livro dos eminentes psicólogos da universidade de Harvard, Daniel Goleman e Richard J. Davidson, a saber: A CIÊNCIA DA MEDITAÇÃO: como transformar o cérebro, a mente e o corpo, da editora Objetiva e publicado no Brasil em 2017.

3. Paramahansa Yogananda, AFIRMAÇÕES CIENTÍFICAS DE CURA, 1ª ed. Self-Realization Fellowship, 2008.

PASSO 4: nossas ações

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Veja bem. Podem pensar por aí que uma mulher ou um homem sem palavra não vale de nada. Vá lá! O que dizer então de uma mulher ou um homem sem ações? A “letargia existencial” existe e é uma verdadeira praga que afeta muita gente de calibre…

Considero que não existe nada mais lastimável do que Seres conscientes que não agem, vivendo sempre naquela corda bamba, ao léu, suscetível à influência dos mais fortes… Veremos agora o porquê e como remediar este “estado de espírito” aprisionador.

Letargia existencial

O “Ser letárgico” por certo tem suas crenças. Ele pensa de acordo com elas e, claro, fala aos quatro ventos sobre elas… O único problema, por sinal dos mais graves em termos evolutivos, é que não toma atitudes coerentes com elas. Não experiencia a razão da sua própria existência!

São os chamados pensamentos “âncora” que aprisionam as pessoas, impedindo-as de deixarem fluir a intuição inerente ao estado de “mente aberta” que seria o contrário da letargia existencial. O segredo está, assim, em saber identificar estes pensamentos deletérios logo no ninho e removê-los definitivamente das nossas vidas! Neste sentido, veremos mais a frente o papel das “afirmações científicas” no contexto da Kriya Yoga.

Uma imagem contendo homem, pessoa, foto

Descrição gerada automaticamente
Figura. As amarras da “letargia existencial”.

Sendo assim, quando não agimos em consonância com o que pensamos e acreditamos, há literalmente uma “quebra” do Ciclo da Cultura de Valor (CCV). Não há, portanto, geração de valor. Pelo contrário, pode ocorrer até mesmo a destruição de valor: o “antivalor”.

A letargia existencial, se recorrente, evolui para um estado de “inércia evolutiva” que pode ser considerado mais perigoso do que o próprio antivalor!

Isto acontece porque, através da AÇÃO, independente do grau de coerência com suas crenças, o Ser ao menos cria oportunidades de conscientização pela vivência ou pelo sofrimento que é inevitável. Somos seres radicalmente vulneráveis ao sofrimento, mas toleráveis, em boa medida, ao comodismo. Esta é a mais pura verdade!

Crenças científicas

É relativamente comum as pessoas se encontrarem nesta situação letárgica porque ficam perdidas com facilidade, confusas sobre as suas crenças e, por este motivo, titubeantes no momento de agir. Por sorte estes são casos bem mais fáceis de se resolver! Basta apegarem-se a crenças mais sólidas, com embasamento filosófico ou mais propriamente científico.  

Uma crença científica nasce invariavelmente quando não estamos satisfeitos com nosso “sistema de crenças”, no entanto é preciso muita força de vontade, paciência e estudo para buscar alternativas além das mais aparentes… Lembro-me sempre deste que considero um lema para vida: da obviedade não se pode extrair muito mais do que o mesmo ou, em termos evolutivos, o nada!

Deve-se, antes de mais nada, desprender-se das amarras do círculo próximo (digo aqui familiares e amigos) que, apesar de salutar e essencial à vida humana, pode nos acomodar, “viciar” no sentido de viés e até mesmo nos acovardar… A verdadeira busca espiritual não se restringe, não é limitante nem limítrofe. É, por essência, ilimitada!

Urge, assim, explorar novos “espaços de compreensão”, conviver com pessoas diferentes, de outras religiões, outras culturas, outros países, outras classes sociais, outras religiões, outras profissões, enfim, buscar enxergar a vida por novos prismas menos, menos óbvios, mais vívidos… Saia da “mediana” e trace a sua própria “bissetriz”!

Pode-se ainda galgar tal diversidade de estímulos, de novos conhecimentos, de visões e razões, através do estudo aprofundado, da pesquisa despretensiosa, porém meticulosa e incansável, capaz de gerar a introspecção inerente ao espírito do “livre pensador” que sonda os caminhos da metafísica. Este foi o caminho que escolhi, mas cabe a cada um escolher aquele que melhor se adequa ao seu perfil…

Demasiado humano

Como nos livrar do humano, demasiado humano? Felizmente, não foi Nietzsche que me ensinou, apesar de ter despertado, ao menos, o ensejo para tal…1 Por algum tempo me dizia ser desta ou daquela religião por considerar esta a melhor crença que conhecia. Doce ilusão a minha!

Ao sair da juventude, aquela fase do florescer para vida, perdi o encanto por certas práticas doutrinárias, em grande medida por causa da instituição religiosa que é repleta de erros humanos, estes sim “demasiado humanos”! Foi assim que comecei a busca por outros sistemas de crenças, “minimamente humanos” neste caso… [hehe]

Após longa jornada, cujos percalços me distanciavam cada vez mais do dito “divino”, tateando até mesmo as sendas materialistas de correntes dawkinianas, aos 35 anos de idade e num estado deveras melancólico para não dizer deprimido, encontrei finalmente algumas “ferramentas” catalisadoras do meu processo evolutivo, tais como a meditação e yoga.2

Ainda assim, sentia que precisava ir além, muito além da descoberta e prática destas “ferramentas”. Faltava o tal do sistema de crenças, algo robusto, lógico, científico e ao mesmo tempo de fácil compreensão. Algo que me instigasse a “experienciar” a teoria na prática e não me deixasse titubear perante os percalços da vida…

§

Devemos nos lembrar, portanto, que os Estados de Incoerência Consciencial (EIC) só acontecem quando o ser, deliberadamente, age em desacordo com as suas crenças, sejam elas quais forem. E, se por acaso você ainda não as encontrou, não se julgue imune aos conflitos existenciais. Recorde-se de que o egocentrismo é um dos “antivalores de estado” mais comuns…

Quando o Seres gozam deste tipo de apatia, pode-se dizer que se tornaram verdadeiros “zumbis”, sem paixão por nada, nem por ninguém! Suas ações são inócuas, sob a ótica evolutiva. Mal sabem que as suas almas, dotadas de consciência, existem e não perecem jamais, continuando a vagar no universo sem fim, mesmo que nisso desacreditem… 

Enfim, a busca incessante dos melhores sistemas de crenças lhes ajudará a compreender a existência da alma, sua consciência, a conexão com o princípio vital, os estados de superconsciência e assim por diante. Este é o meu caminho para evolução! Disto já não tenho mais dúvidas.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Gostou? Mãos ao BUZZ nas redes!

Saiba mais:

1. Nietzsche, Friedrich. Humano, Demasiado Humano – Um livro para espíritos livres, em Obras Incompletas da Editora Nova Cultural, São Paulo, 2000. 

2. Marcou-me o curso introdutório de raja yoga, ministrado no Brasil pela organização Brama Kumaris, sediada em São Paulo (SP). Acessível AQUI .