Algoritmos de inteligência científica

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Pois bem. De onde será que tiramos estes números que podem nos ajudar até mesmo a se fazer ciência? Vimos anteriormente o “pulo do gato” para encontrar o paper mais relevante que acabou de sair na sua pesquisa de interesse, selecionar as melhores universidades do mundo para se afiliar, identificar os periódicos científicos mais promissores para divulgar as suas publicações ou até mesmo monitorar os competidores para buscar inspiração nas suas descobertas…

No entanto, caro leitor, não se engane porque todas estas são tarefas incrivelmente mais simples do que se imagina. A pesquisa, de longe, é muita mais complexa! Veja. Basta um punhado de “fórmulas algorítmicas” bem desenhadinhas, um bom programador para transformar em comandos lógicos computacionais e, claro, um designer de “mão cheia” para criar uma interface amigável, de modo que o pesquisador não precise perder tempo em suas buscas de informações.

No fundo o que vale mesmo é muni-los, estes “semi-deuses da modernidade”, para tomada de decisão mais assertiva, contribuindo para o verdadeiro “formigueiro de conhecimento acadêmico” que só se contrói a cada dia pelas mãos de gigantes.

Observatório de inteligência científica

Vamos supor que você trabalha com síntese e acabou de conhecer uma base de dados peculiar… Fez uma primeira consulta e aparecerecam 123 resultados. As bases de dados científicas normalmente dispõem 2 opções para apresentar os seus MILHARES de resultados: por relevância ou por tempo. Qual você escolheria para refinar suas pesquisas?

Tela de computador com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura I. Ferramenta iNovarvm disponível em ricardobarreto.com.

Claro que, a priori, a opção de escolha sempre será a base mais abrangente! No entanto, seus algoritmos não consideram indicadores de mérito científico e sim de preferência dos usuários, mais ou menos como o Google. Então, como separar o “joio do trigo” sem ser levado pela “onda” de buscas?

Foi pensando neste desafio que criamos uma ferramenta simples, chamada “iNovarvm”, que pondera os principais indicadores de relevância de um paper, quais sejam: o fator de impacto do periódico científico, a posição no ranking global da instituição de pesquisas e o H-Index do pesquisador principal. Gera-se então um score que lhe permite fezer a triagem bem mais racional! Conheça.

Competidores científicos

Já vimos alhures que a “competição” no meio acadêmido é tão acirrada quanto a competição de mercado entre as empresas. Tá bom, diga-se de passagem, só um pouquinho mais velada… Não se trata de sonhar com o prêmio de Nobel, nem tampouco em crescer na carreira, já que com o tempo e um desempenho aceitável, as posições como titulares, mesmo nas instituições de pesquisas mais prestigiadas, são garantidas.

Falo, outrossim, de se aplicar a conhecida técnica de benchmarking para avaliar a sua evolução histórica de desempenho em comparação com as referências na sua área de pesquisa de interesse, monitorando-se os indicadores relevantes nos diferentes níveis de atuação: periódicos, instituições e pesquisadores.

Vimos que ao se aplicarem algoritmos para o posicionamento mensal dos periódicos científicos, instituições e pesquisadores tem-se uma poderosa ferramenta para tomada de decisão entre os cientistas. Vejam que as fórmulas matemáticas são empíricas e não têm nada de sofisticado… O único trabalho é de compilar os indicadores de diferentes bases de dados científicas.

Tela de celular com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura II. Algoritmos para o scoring de relevância de periódicos, instituições e pesquisadores.

Agora, pense comigo. Será que as técnicas de gestão empresarial podem realmente ser úteis entre os cientistas? Sentimos na prática que não, pelo menos ao se tratar da realidade brasileira. Nossos desafios ainda são muito mais elementares. O cientista, aqui, tá muito mais preocupado em garantir verba para manter viva a sua pesquisa! De qualquer forma, a ferramenta esta aí e as fórmulas abertas também….

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Eventos com inteligência científica

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Já aprendemos a filtrar dados com inteligência científica. Também já vimos como obter informações científicas relevantes. O que falta agora? Pense comigo: não são só empresas que competem por clientes para obter lucros crescentes… Vivemos num mundo onde a “vantagem competitiva” se dá em qualquer esfera, mesmo no “mundo acadêmico”.

Um pesquisador não está propriamente preocupado com a remuneração que galgará após trilhar uma carreira universitária brilhante. Se fosse este o propósito, certamente teria partido para iniciativa privada, onde os salários são bem mais polpudos. Veja, Einstein abriu mão até mesmo do seu tão sonhado prêmio Nobel para acertos financeiros de um divórcio turbulento…

Todo cientista que se preze busca sobretudo o reconhecimento intelectual e isto pode se dar de diversas formas e em diferentes momentos da sua trajetória na academia. Vamos destacar aqui 3 dos eventos acadêmicos mais importantes e como eles podem decidir, com ainda mais inteligência, sobre qual caminho a trilhar, aumentando as chances de sucesso!

Fililiação acadêmica

Para todo aquele que passa pela “sabatina” de uma boa formação acadêmica, anos afinco nas pesquisas de mestrado e doutorado, chega o momento decisivo de escolher, afinal, a qual instituição de pesquisas deseja afiliar-se. Tal escolha é, de certa forma, vital ao sucesso na sua carreira uma vez que o “ambiente acadêmico” é determinante para propiciar os recursos físicos e humanos necessários na condução das suas pesquisas.

De que adianta um químico orgânico sintético escolher atuar numa universidade que não tenha laboratórios bem equipados e com um belo equipamento de Ressonância Magnética Nuclear? Certamente seus esforços ficarão restritos a pesquisas mais elementares e atividades didáticas, deixando de explorar todo o conhecimento que acumulou.

Vamos supor que você terminou o doutorado com excelência e a sua linha de pesquisas em química orgânica envolva compostos do tipo diazo compounds. Em qual universidade prestaria concurso no Brasil e exterior? Esta é a típica decisão que não deve ser pautada pelo que já se ouviu falar e sim numa pormenorizada análise de dados. Nem sempre o óbvio é a melhor decisão! Analise a tabela abaixo e diga qual escolheria.

Figura I. Instituições TOP 5 com pesquisas sobre diazo compounds.

Que no Brasil a Universidade de São Paulo seria a TOP 1, isto não tem surpresa alguma. Da mesma forma, para quem é da área, a University of Texas também não é propriamente inesperada porque sabe-se que lá está um dos grupos de pesquisas mais produtivos na área. Agora, venhamos e convenhamos, quem iria imaginar que a Huazhong University of Science and Technology seria uma opção bem interessante na China e possivelmente nem tão concorrida…

Publicando papers

Ok, digamos que você já conseguiu ser aprovado e afiliar-se na instituição de pesquisas mais “competitiva” da sua área. Também já passou por aquela difícil fase inicial de estruturação do laboratório, do corpo de pesquisadores, elaboração de projetos, etc. Tudo pronto! Projetos de pesquisas aprovados em órgão de fomento e rodando a todo vapor…

Claro que os bons frutos, em termos de descobertas científicas, já estão chegando como consequência de uma estratégia científica bem concebida e alunos engajados. Agora, inevitavelmente você se pergunta: onde devo publicar os resultados das minhas pesquisas, meus primeiros e suados papers? Dá sempre um friozinho na barriga de não ser aprovado ou, contrariamente, aquela autoconfiança excessiva típica dos novatos…  

Fato é que todo químico que se preze sonha em ter pelo menos uma publicação no tradicional e mundialmente reconhecido Journal of the American Chemical Society (JACS). No entanto, mediante o nível dos trabalhos submetidos, este feito é para poucos. Em minha passagem pela academia daria para contar nos dedos aqueles brasileiros que conseguiram…

Pois bem. Ao observar os indicadores dos periódicos científicos TOP 5, extraídos do observatório mensal de publicações com a TAG específica diazo compound, observou-se efetivamente que o JACS tem disparado o melhor fator de impacto! No entanto, também se observa um dado curioso: o periódico CHEMCATCHEM, apesar de ainda novo, já apresenta um alto grau de colaboração internacional entre os grupos de pesquisas, o que é um sinal de que num curto espaço de tempo terá indicadores bem mais polpudos…

Figura II. Periódicos científicos TOP 5 com publicações sobre diazo compounds.

Perseguindo insights

A busca pela grande descoberta cientíca, aquela que pode representar um verdadeiro “salto quântico” em sua carreira acadêmica, somente se dá mediante os insights ou mais propriamente aqueles momentos de extrema concentração e criatividade que os psicólogos chamam de “estado de fluxo” e que propiciam a tal da Eureka de Arquimedes!

Acontece que estes momentos estão longe de ocorrer numa banheira ou debaixo de uma árvore ao cair uma maçã como muitos imaginam. Descoberta científica não se dá por acaso, exceto as raras exceções da serendipitidade… Longe disso. Elas só acontecem perante aqueles que são incansáveis no domínio de determinada área do conhecimento. Aqueles que já erraram muitas vezes, mas que continuam tentando, em seus laboratórios bagunçados, alterando as variáveis, buscando alternativas para novas experimentações, enfim, pesquisando, pesquisando e pesquisando ainda mais!

É muito mais provável que o insight ocorra na frente da tela do computador ao analisar os trabalhos de algum outro pesquisador da área que tenha publicado recentemente algo que, simplesmente, lhe propiciou a “peça” que faltava no SEU quebra-cabeças de pesquisas…  Sendo assim, como atividade vital de todo e qualquer método de inteligência científica, deve-se prever o monitoramento dos seus “competidores”, em especial daqueles que estão na “crista da onda”. O que será que o “Michael P. Doyle” ou o Jiang Cheng estão fazendo? Será que minhas pesquisas têm alguma correlação com a deles??

Figura III. Pesquisadores TOP 5 com publicações sobre diazo compounds.

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Vimos, afinal, que a tomada de decisão inteligente em pesquisas científicas está bem mais palpável do que, a priori, poder-se-ia imaginar um cientista. Não é necessária muita sofisticação, nem tampouco a contratação de plataformas caríssimas de analytics em que você se perde no meio de tantos gráficos e números…

Basta um pouco de perspicácia e, acima de tudo, de disciplina e método para organizar e realizar os registros dos dados e indicadores importantes para aferir a relevância das pesquisas. Não caia nunca na falácia de se pautar somente pelos indicadores usuais como o H-index dos pesquisadores ou o fator de impacto dos periódicos. Lembre-se da nossa regra de ouro: as grandes oportunidades estão nas “entrelinhas”!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Informações com inteligência científica

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Eis o dilema atual da inteligência científica: como obter informações científicas relevantes sem gastar tempo em inúmeros feeds e apps de diversas bases de dados científicas ao mesmo tempo? E ainda mais desafiador: como ajudar os pesquisadores a traçar suas estratégias competitivas de pesquisa científica?!

Sem sombra de dúvidas, o ciclo de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) não é algo linear e sim um processo complexo que avança gradativamente, sempre com muitos recuos e desvios. Uma ideia pode ir e vir, ser rejeitada inicialmente, depois de novas pesquisas de informações ser revisada e, finalmente, resultar num projeto de pesquisas que poderá ou não ser implementado no momento mais oportuno.

Para superar tal desafio, criou-se a “metologia ittiNomics” que aplica as técnicas de inteligência de valor aqui apresentadas para impucionar a inteligência competitiva nas esferas da pesquisa científica, inovação tecnológica e posicionamento de mercado.1 Seu verdadeiro “motor” reside na capacidade de sistematizar as pesquisas em bases de dados especializadas através da busca, geração e difusão da informação científica.

Conheceremos aqui seus processos elementares de análise, monitoramento e prospecção científica que podem ser divulgados através dos chamados documento de inteligência: os ittiDocs!

Análises científicas

Toda análise científica se preza a ganhar conhecimento sobre determinado ramo científico que são áreas do conhecimento de base utilizadas pelos cientistas para mapear o universo em que sua linha de pesquisas se encontra inserida. Segundo a metodologia, sugere-se aquelas que apresentarem mais de 1.000 artigos científicos publicados ao ano em determinada base de dados. Um exemplo dentro da química seria “síntese orgânica”.

Mais propriamente servem como análises de tendências estratégicas do ramo científico em questão. Apresentam unidades de informação padrozizadas dentre as quais destacamos a participação científica que mede a contribuição relativa no último anos dos países competidores e dos países entrantes em termos de número de artigos científicos publicados.

Por sua vez, a produção científica afere o número de artigos científicos publicados mês a mês no ano corrente do estado em foco (num dos países competidores ou entrantes). Possibilita, assim, uma visão do forecast para o próximo ano. Para conhecer outras unidades de informação, bem como exemplos práticos de documentos de inteligência científica, consulte a obra citada do autor. [*]

Tela de celular com texto preto sobre fundo branco

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Figura. Exemplo de seleção científica de ramos em “química”.

Monitoramentos científicos

No caso dos monitoramentos científicos pretende-se estabelecer uma varredura da literatura de artigos científicos para monitorar constantemente os movimentos dos competidores na sua linha de pesquisa. Pela metodologia sugere-se aquelas que apresentarem menos de 1.000 artigos científicos publicados ao ano em determinada base de dados. Podemos citar “síntese total” dentro do ramo “síntese orgânica”.

Na progressão científica é levantado o número de artigos científicos publicados ano a ano somente da linha de pesquisas em foco. Focando-se no nosso exemplo da “síntese total”, observou-se que teve entre 2002 e 2016 uma taxa anual de crescimento composto (CAGR) de 5,6% demonstrando que continua a ser uma área que atrai significativa atenção da comunidade científica. Observe que muitas linhas de pesquisas que já passaram pelo período “áureo” chegam a apresentar crescimento negativo ao longo dos anos.

Talvez a mais importante unidade de informação deste tipo de documento seja o radar científico. Representa uma listagem dos últimos artigos científicos mais relevantes da instituição de pesquisas ou do pesquisador em foco na linha de pesquisa. Claro que idelamente esta listagem deve ser atualizada semanalmente e, sempre que algum paper saltar aos seus olhos, nada como uma radiografia científica para aprofundamento dos seus principais dados.

Prospecções científicas

O último processo de inteligência que não poderíamos deixar de mencionar é a prospecção científica. Aqui a varredura da literatura serve para identificar assuntos emergentes e novos entrantes em uma pesquisa relacionada que são áreas do conhecimento similares a determinada linha de pesquisa, podendo apresentar cruzamento de informações, experiências e esforços. A “descoberta de drogas”, por exemplo, se relaciona com a linha de pesquisa “síntese total”.

Veja que através do panorama científico podemos observar as pesquisas relacionadas com “síntese total” e que chamaram a atenção nas primeiras colocações do ranking, tais como as técnicas ecologicamente corretas de “síntese verde”, a “síntese hidrotérmica” e a “síntese no estado sólido” que não utilizam solventes tóxicos.

Indo além, pode-se até mesmo avaliar a competição científica entre os pesquisadores e instituições TOP 5 comparando-se o desempenho na pesquisa relacionada em termos de número artigos científicos publicados anualmente no período considerado. Veremos mais a frente como este tipo de análise competitiva é fundamental do ponto de vista de tomada de decisão em pesquisa científica

§ 

Finalmente, gostaríamos de encerrar com um alerta específico aos pesquisadores brasileiros, ambiente no qual pude constatar a “fórceps” em sondagens por instituições de excelência nos principais estados de todas as regiões do país, que este tipo de análise informacional ainda está longe de ser empregada como rotina…

Apesar da triste constatação de que talvez seja esta até uma explicação complementar do motivo pelo qual, no geral, não produzimos pesquisas de alto impacto mundialmente falando, consolo-me em saber que ferramentas como o Clarivate Analytics são das mais empregadas nos países onde a ciência tem lugar de destaque na cultura nacional! Um dia chegaremos lá, oxalá!!! 


[*] A metodologia chegou a ser implementada através de uma startup chamada inovarvm cujas operações foram encerradas no Brasil por falta de “tração” na época. No entanto, o inventor (e presente autor) decidiu abrir parte da ferramenta (o observatório científico) através do seu website em: ricardobarreto.com. 

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1. Barreto, de L. Ricardo. IttiNomics: um guia especial para inovação aberta, Valinhos-SP, Editor-Autor, 2ª ed. 2016.

Filtrando dados com inteligência científica

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Já vimos que a “competência científica” é algo que se cultiva desde a mais tenra idade. Também vimos que as “instituições de pesquisas” são o segredo para o desenvolvimento de um país. Discorremos então sobre o que é e qual a importância da tal da “inteligência científica”. Mas ficou algo em aberto, uma pergunta cabal: como colocá-la em prática?

Tudo começa com o que chamamos aqui de data mining ou, no universo acadêmico, mais propriamente “vigília informacional”. Deve-se monitorar apenas uma métrica: a produção científica dos pesquisadores e das instituições de pesquisas a que estes são afiliados. Mede-se pelo número de papers publicados em periódicos científicos que, por sua vez, são acessíveis através de bases de dados especializadas.

São as “bases de dados científicas”, portanto, o ponto de partida para todo e qualquer processo de inteligência científica. Não importa se ela é multidisciplinar ou específica, nem tampouco se a sua abrangência é nacional ou internacional. Importante mesmo é saber se é a top of mind na sua linha de pesquisas! Vejamos como isto se dá.   

Seleção das bases de dados científicas

Antes de mais nada, deve-se dispor de uma lista de bases de dados científicas de acesso aberto para validação pela maior produção científica no último ano com as TAGs (ou palavras-chave) mais importantes na sua “pesquisa de interesse” e na principal “pesquisa relacionada”. Vejamos um exemplo prático.

Supondo que você atue como pesquisador dentro de uma indústria farmacêutica, interessado evidentemente na descoberta de novas drogas. Muito possivelmente sua TAG de interesse seria drug candidates e a TAG relacionada drug design. Então, você deve efetuar as buscas pelo abstract (ou título) em cada uma das bases de dados da lista.

Ao final do processo, você deverá selecionar minimamente duas bases: a TOP 1 entre as internacionais e multidisciplinares, bem como a TOP 1 entre as nacionais e específicas. Essa é a melhor maneira de se garantir boa representatividade e abrangência ao mesmo tempo… Neste caso específico (veja abaixo) ficamos com a PubMed e a ScienceDirect.

Figura I. Lista de bases de dados científicas.

Identificando pesquisas relacionadas

Agora, vamos supor que você não soubesse quais são as pesquisas relacionadas com a sua pesquisa de interesse. Como poderias repidamente identificar as mair importantes? As técnicas de text mining são essenciais nesta tarefa e muitas outras… Vamos continuar com o nosso exemplo do pesquisador da indústria farmacêutica.

O primeiro passo é acessar a base de dados TOP 1 selecionada anteriormente (a ScienceDirect, por exemplo) e pesquisar com a TAG da sua pesquisa de interesse (no caso “drug candidates”) no abstract e identificar TAGs de pesquisas relacionadas nos títulos dos resultados dos artigos mais recentes ou mais relevantes.

O próximo passo é descobrir qual o Grau de Correlação (GC) de cada uma das pesquisas relacionadas com a pesquisa de interesse. Basta realizar uma busca simple pelo abstract empregando as duas TAGs ao mesmo tempo e, posteriormente, calcular a contribuição relativa (%) de cada uma delas. Na tabela abaixo pode-se observar facilmente que as drogas anti-inflamatórias são uma pesquisa relacionada bem importante! 

Figura II. Pesquisas relacionadas pelo Grau de Correlação.

Identificando instituições e pesquisadores

Aplicando-se a mesma técnica, é também muito simples para se identificar os pesquisadores e instituições com maiores esforços na pesquisa de interesse ou na pesquisa relacionada. Basta realizar as buscas na mesma base de dados com a TAG no abstract e identificar as instituições e pesquisadores dos resultados mais relevantes.

Então, você deverá repetir a pesquisa combinando a TAG da pesquisa de interesse (no caso drug candidate) pelo abstract ao mesmo tempo com o nome da instituição em affiliation (ex. Pfizer) ou do pesquisador em author (ex. Carlos A.M. Fraga). Após registrar a respectiva produção científica de cada um deles, ordene a lista decrescente para obter o ranking de relevância (figura III). 

Observe que a produção científica mede tão somente o número de papers publicados em determinado período. Não pode ser tomado como uma verdadeira medida do “impacto” das pesquisas na referida área acadêmica. Veremos mais a frente que outros parâmetros devem ser considerados para uma avaliação mais fidedigna para tomada de decisão. De qualquer forma, não deixa de ser um belo indício… Afinal de contas: não é à toa que a gigante da indústria farmacêutica Pfizer está em primeiro lugar e disparado!

Figura III. Instituições e pesquisadores pela produção científica.

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Vimos, afinal, que filtrar dados com inteligência científica não é um “bicho de sete cabeças”! Longe disso. Não importa qual seja sua pesquisa de interesse e pesquisas relacionadas. Depois de encontrar a base de dados científica mais apropriada, usando técnicas muito simples para realizar as buscas, você estará a um passo de obter as informações de que precisa para decidir com sucesso o rumo das suas pesquisas…

Imagine quão mais produtivo e efetivo você seria como pesquisador, independente da afiliação, se constantemente avaliasse as bases de dados científicas, identificando sempre novas oportunidades de investigação, bem como um “farol” sobre as instituições de pesquisas e pesquisadores de excelência em cada uma delas? Veremos então como ir além.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Inteligência científica

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Longe de mim querer evocar a importância ciência, aquela que pode ser considerada o “Santo Graal” da sociedade moderna! Deixemos estas questões para os acadêmicos, estes seres exultantes que perseguem obstinadamente suas teorias, por certo com a destreza e liberdade que só aqueles desprovidos de interesses espúrios o têm…

Acontece que sem ela não tem tecnologia. E sem tecnologia não tem invenção, muito menos inovação! Como já vimos noutro contexto,1 a inovação é o resultado de três pilares: ciência, tecnologia e mercado. E a inteligência é a ferramenta que dá “liga” no montante de informações que permeiam a busca pelo melhor desempenho, mais propriamente o “diferencial competitivo” em produtos, processos ou modelo de negócios.

Comecemos então pela tal da “inteligência científica”. O que seria?  Por que ela é ainda tão pouco conhecida e valorizada em nosso país? Vejamos que tudo começa pela formação das competências e são elas justamente o propulsores que revolucionam as nações mais desenvolvidas.   

Competência científica

Saber ciência não se aprende na universidade. Calma, não me crucifiquem ainda! Quero dizer que saber ciência é algo pra lá de cultural, ou seja, algo que deve ser cultivado desde cedo, em casa, no círculo mais próximo de amizades, em qualquer lugar do nosso convívio social ordinário e não somente no rebuscado ambiente acadêmico… Quem já leu a biografia completa do Eisntein tem uma noção exata do que estou falando.2

Toda criança deve guardar a recordação daquela luneta “mágica” no alpendre do quarto em que o pai lhe guiava nos primeiros degraus do conhecimento do cosmos. Ou daquele fatídico dia em que ganhou sua primeira medalha na olímpiada de ciências do ginasial. Enfim, a ciência deve permear até mesmo aqueles momentos únicos da conquista do primeiro amor, como a metáfora euclidiana que usou ao chegar no topo da montanha naquela romântica tarde de outono…

Pois bem. Espero que agora tenha ficado mais claro o que é a “cultura científica” e o porquê que ela leva aos grandes cientistas. Certamente é por isso que o Brasil ainda não se encontra no hall dos laureados pelo prêmio Nobel, oxalá! Enquanto, vivermos numa sociedade onde apenas jogadores de futebol ou cantoras pop estão na “boca do povo”, tenham certeza de que bem distantes ainda estamos do grau de maturidade científica das grandes nações.

Nem por isso podemos dizer que somos de todo um fracasso. Longe disso! O Brasil tem uma produção científica “respeitável” no contexto mundial, muito embora a relevância dos trabalhos publicados não seja das maiores. Veja, ao fazermos uma consulta do número de artigos científicos publicados (conhecidos no meio como papers) no ano de 2019 pela Wiley Online Library,[*] veremos que o Brasil, com 5.390 papers, não fica tão distante assim de países desenvolvidos como o Japão (com 12.670 papers) e a França (com 9.903 papers). Voilà! Se não nos falta competência científica, o que pode estar errado?   

Instituições de pesquisas

Claro, sempre deve haver um motivo relacionado à política pública… São as instituições de pesquisas, mais propriamente as universidades que estão minguando. Não se pode formar um Bill Gates, um Thomas Piketty ou um Richard Dawkins sem fomentar, em primeiríssimo lugar, os verdadeiros celeiros de todo o conhecimento!

É dali, meus caros leitores, que nascem o pensamento crítico, a capacidade de fazer associações menos óbvias, o raciocínio analítico aguçado que brota somente naqueles que passam anos a fio, percorrendo bibliotecas, debruçados em livros massivos e vasculhando as bases de dados de papers para apresentar algo que o valha para os seus orientadores, os professores acadêmicos, desde a iniciação científica ainda na graduação, até os exames mais avançados da pós-graduação nos mestrado e doutorado. Quem já fez sebe que o buraco é mais embaixo!

Acontece que, no Brasil e na quase totalidade das nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento ao redor do mundo, são pouquíssimas as universidades que possam verdadeiramente ser consideradas como centros de excelência acadêmica. Elas são medidas normalmente por um conjunto de indicadores baseados na performance da sua pesquisa acadêmica, nos desdobramentos gerados em termos de inovações tecnológicas e no impacto social para a comunidade onde se encontram inseridas.

O Scimago Institutions Rankings,[**] pertencente ao Scopus e que faz parte de uma das maiores editoras científicas do mundo (a Elsevier), nos mostra que seis das melhores universidades do mundo (as TOP 10) são americanas. Evidentemente que Harvard, MIT e Stanford estão no topo da lista! E onde estão as brasileiras? Bem, a única que está entre as TOP 100 é a nossa USP – Universidade de São Paulo, mais precisamente na sexagésima primeira posição. Pasmem: o Brasil tem apenas 6 instituições entre as 500 primeiras colocadas enquanto os EUA têm 250!!

§

Fica claro, portanto, que existe um verdadeiro “abismo” entre nós e eles! E a única solução seria um “Plano Nacional de Desenvolvimento da Ciência”, nos mesmos moldes que os Estados Unidos o fizeram no período do pós-guerra. Isto levará anos, ou melhor, décadas de muita boa vontade política… E tomará rios de dinheiro do orçamento público, o qual espera-se que um dia possa finalmente ser destinado para educação. Mas será que existe algo que possa agregar ou pelo menos encurtar um pouquinho este árduo caminho?

Sim. É a tal da “inteligência científica”. Segundo Tavares (2008-2009),3 pesquisador pioneiro ao cunhar este termo, sua conceituação envolve a capacidade de um profissional aplicar os princípios da “metodologia científica” em suas decisões, mais propriamente o seguinte:

A competência de interpretar os dados gerados pela pesquisa acadêmica para decidir racionalmente sobre métodos e procedimentos que comprovem a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações desenvolvidas no trabalho realizado.

Trocando em miúdos, o que ele quis dizer é que todo conhecimento científico deve ter um propósito definido e que este esteja perfeitamente alinhado com a missão e visão de onde se pretende chegar! Ou seja, se o nosso ilustríssimo Ministro da Ciência e Tecnologia (e seus sucessores) mobilizarem a comunidade em prol do tal Plano Diretor da Ciência, explorando a competência brasileira em certas ilhas de excelência como, por exemplo, a energia renovável e biotecnologia, certamente galgaremos patamares científicos nunca antes perscrutados. Nunca deixarei de ser um entusiasta da ciência, desde que ela mire, no final do dia, para a inovação!


[*] Considerada uma das maiores editoras do mundo e congrega mais de 1.600 periódicos científicos no seu portfólio. Conheça AQUI .

[**] Colsulte gratuitamente os filtros detalhados de pesquisas na base de dados do Scimago Institutions Rankings AQUI.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1. Barreto, de L. Ricardo. IttiNomics: um guia especial para inovação aberta, Valinhos-SP, Editor-Autor, 2ª ed. 2016.

2. Isaacson, Walter, Einstein: sua vida, seu universo, São Paulo: Companhia da Letras, 2007.

3. TAVARES, C. A. Visão holística da avaliação de competências à luz da metodologia científica. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Recife, v. 5/6, p. 79-102, 2008-2009.