Uma atitude religiosa

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GÊNERO LITERÁRIO: ensaio

TEMPO DE LEITURA: 00:03:45

Finalizada nossa análise preliminar sobre ética e a moral (partes I e II), adentrando um pouco mais a fundo na natureza do ser humano, além da sua realidade material, o que o distingue dos outros seres da natureza é o fato dele ser consciente e racional que o caracteriza como uma “inteligência autônoma”.*

Isto significa, em última análise, que o ser humano tem consciência da sua existência (física e extrafísica) e ciência do mundo ao seu redor. Tal propriedade lhe confere uma “dualidade” característica, capacitando-o plenamente para tomada de decisão em sua vida, fundamental ao seu equilíbrio físico e mental tão necessários à sobrevivência.

Dualismo existencial

Pode-se dizer, assim, que somos compostos de uma natureza racional, que nos permite harmonizar nossa Consciência perante os diversos dilemas éticos advindos da convivência social, e de uma natureza científica, responsável pela percepção e compreensão dos fenômenos físicos e extrafísicos experimentados no cotidiano. Nesse sentido, nossa evolução está intimamente associada ao desenvolvimento contínuo e harmônico destas duas facetas humanas. Qualquer desequilíbrio pode gerar sérios problemas conscienciais…

Tanto o cientista mais consagrado, preocupado tão-somente com os seus cálculos e experimentos, assim como também o exímio filantropo, que não procura melhorar os seus conhecimentos, correm sérios riscos de perderem o controle psíquico e caírem em estados psicopatológicos, tais como a esquizofrenia, depressão ou até mesmo o pânico.

Logo, é de se esperar que, para atingir um ponto de equilíbrio nesta dualidade do “ser racional” e do “ser científico”, busquemos, de um lado, o aprimoramento filosófico, através da reflexão profunda num constante esforço pela atitude ética, e, concomitantemente, deve-se buscar a assimilação de novos conhecimentos, que nos permitam compreender melhor nossa realidade física e extrafísica, aguçando a “cosmovisão”!

Só daí, a harmonia reinará em todas as nossas interações com o meio no qual vivemos, possibilitando o gozo natural dos Estados Alterados de Consciência – EACs, um importante canal de transcendência para superConsciência e a chave para sanar todos os problemas conscienciais que arruinam as vidas de muitas pessoas.

Da psicologia analítica

De todas as ciências oriundas da filosofia, talvez a psicologia seja a que mais fortemente se liga aos seus princípios fundamentais. A compreensão da psique humana não é outra coisa senão uma profunda reflexão sobre os mecanismos que regem a mente humana e suas implicações comportamentais, coisa que os grandes filósofos gregos já o faziam desde Demócrito.

De qualquer forma, o que realmente nos interessa é analisar um pouco mais a fundo a tal “lei de função transcendente”, propalada por Carl Jung. Ela estabelece que, para os fatos inexplicáveis ao consciente pela razão, gera-se um “conflito consciencial” que só pode ser neutralizado pela concepção de um mundo à parte dos sentidos, mítico ou imaginário…

Muito embora seja este o pilar de toda a psicologia analítica, não fica clara a analogia e transposição do “mundo das ideias” de Platão? Friedrich Doucet, em suas perambulanças pelo universo das “ciências ocultas”, usa esta ideia para explicar a necessidade do ser humano criar um “mundo religioso”, de modo a restabelecer o seu equilíbrio psíquico e evitar o surgimento das graves neuroses do cotidiano.

A concepção religiosa

Segundo este ponto de vista, somente pela religião (ou, melhor dizendo, pela atitude religiosa), pode-se entender a grande saga do homem pela concepção de um Deus, Senhor do seu “mundo imaginário”, tão necessário à existência quanto o próprio ar!

Todavia, o que não se pode compreender são os inumeráveis desvios de conduta ética, em nome desse mesmo Deus, cometidos pelos “pseudo-religiosos” ao longo de toda história da humanidade.

Até quando ouviremos estes falsos profetas? São eles, como já dizia nosso grande Mestre Jesus, “cegos guiando cegos”. Se olharmos para trás, ver-se-á quantas atrocidades já cometeram nossos antepassados: os horrores da inquisição, as cruzadas sanguinolentas e tantos outros fanatismos que continuamos a assistir ainda hoje, como o inconcebível atentado suicida do 11 de setembro de 2001.

§

Finalmente, não é a extinção das religiões que devemos defender e sim o fim do seu enfoque como instituição humana. O vislumbre do “poder monástico” é inequívoco. Viu-se até recentemente a ascensão de um papa (Bento XVI) dizendo que rezava para não ser papa…

Certo estava Pestalozzi ao afirmar que “a verdadeira religião é a moralidade”. Por isso, tenho hoje a convicção plena de que o melhor é sermos os “pastores de nós mesmos”. O livre-pensamento pressupõe a ausência de qualquer arbitrariedade, o que possibilita a escolha das doutrinas e filosofias que melhor se enquadrem ao estágio evolutivo de cada um. Daí, para a auto-realização, tem-se outra jornada!

 

* Cabe salientar a outra categoria de “inteligência programada” que é totalmente controlada por algoritmos, sem verdadeira autonomia de ação. Via de regra, a autonomia é aparente e só a lógica da sua programação pode revelar as nuances.

 

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Para um maior entendimento sobre o termo EAC, vide A Loucura Benigna, publicado pelo autor em Livrovivo 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.
  3. Friedrich W. Doucet, O Livro de Ouro das Ciências Ocultas, 2002, Ediouro, 37.

Princípios morais e éticos – parte II

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TEMPO DE LEITURA: 00:02:16

A ética faz parte da filosofia, matéria esta que vale a pena conhecer mais a fundo, haja vista que é não só o germe de todas as ciências, mas também a condição essencial para que o ser humano atinja sua tão almejada plenitude consciencial!

Este estado, tão obscuro e distante para muitos, principia pelo esforço propalado na Grécia antiga por Sócrates na forma popular do “conhece-te a ti mesmo”…

Esta máxima, por si só, corporifica boa parte do que se precisa saber para discorrer sobre qualquer tipo de análise ética. De qualquer forma, não pudemos deixar de lançar aqui as nossa próprias bases… Confiram!

Para que serve a filosofia?

Etimologicamente, a palavra filosofia significa o “amor à sabedoria”, muito embora seu real conceito seja a busca do discernimento, a compreensão do propósito das nossas existências e das leis que regem o universo. Acontece que esse entendimento da nossa natureza mais íntima e do nosso papel no universo está bem longe do trivial…

Quantos não foram os grandes pensadores que já não o tentaram além de Sócrates? Platão, Santo Agostinho, Spinoza, Nietzsche, Sartre, etc. E chegaram, quando muito, num sistema “falho ou incompleto” que logo seria contraposto por outro grande pensador.

Isto se dá, em verdade, porque não existe uma teoria única capaz de sistematizar leis e princípios genéricos, que nos levem mais rapidamente à sabedoria e felicidade. Esta é uma condição peculiar a cada indivíduo, dependendo exclusivamente da sua trilha evolutiva, galgada pelas experiências pessoais e na capacidade de aprendizado.

O que é, afinal, a felicidade?

O filósofo Epicuro buscou a tão sonhada felicidade aqui mesmo no plano físico, idealizando o “jardim dos prazeres”, onde a liberdade das paixões propiciasse um meio de ascensão espiritual…

Por sua vez, Platão pensava de forma diametralmente oposta, plasmando formas abstratas, onde a beleza suprema seria  possível, conquanto soubéssemos concebê-la no “mundo das ideias” !


A sabedoria está intimamente relacionada com a felicidade de cada um, a qual pode ser definida como sendo um estado de contentamento, caracterizado pela satisfação de todas as vontades ou desejos.


Muitas pessoas, todavia, se distanciam do processo de autoconhecimento em busca da felicidade ao estabelecerem vontades, ou paixões, que transgridem os limites da ética, contrapondo os interesses dos seus semelhantes.

Neste ponto, gera-se um “conflito consciencial”, pois a satisfação da sua vontade significa o prejuízo da vontade de outrem e a ética prima justamente pelo bem estar do maior número possível de pessoas…

§

O grande “elixir” da filosofia, portanto, é o discernimento intrapessoal e transpessoal, capaz de equilibrar as nossas vontades com o meio social, sem contrapô-las ao bem estar da maioria.

Desta forma, mais uma vez enfatizando o cerne do Novo Testamento, além de servir à sua própria satisfação, pode-se almejar, num estágio mais avançado, à satisfação do próximo!

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Saiba mais:

  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.

Princípios morais e éticos – parte I

#filosofia #ética #moralidade #éticaevolucionista #ricardobarreto

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TEMPO DE LEITURA: 00:03:24

Já fizemos noutra oportunidade uma importante distinção entre ética e moral. Agora, dar-se-ão subsídios aqui que reforçam esta tese e serão também analisadas as suas implicações socioculturais.

A grande confusão se dá porque existe um costume de se associar a moral diretamente com religião, o que não está incorreto, apesar da necessidade de se estabelecer um conceito mais abrangente: o da moralidade!


A moralidade é um estado imanente do ser, absoluta, intrínseca à sua existência. Uma condição de plenitude consciencial que todos devem atingir independente de credo, espaço e tempo.


Daí decorre sua maior diferenciação da ética que constitui uma condição mutável, temporal, geográfica e evolutiva, na medida que o indivíduo convive em sociedade.

Vê-se, portanto, que a ética é evolucionista e o seu propósito se resume em atingir a moralidade, através da moral ou mesmo sem ela… Um indivíduo pode perfeitamente ser ético sendo amoral. Outro, porém, pode primar pela moral e ainda assim faltar com a ética. Com qual você ficaria?!

A busca da “moralidade”

A condição ideal para se atingir o estado de “moralidade” seria um perfeito equilíbrio desses dois atributos, mas seus extremos também podem e devem chegar lá…

Não tenho a menor pretensão de relembrar aqui todos os princípios morais necessários à busca pela moralidade, nem tampouco de traçar uma “fórmula” de conduta ética infalível, todavia, é possível destacar pelo menos alguns dos pontos mais importantes que podem sim nos ajudar em diversas circunstâncias da vida cotidiana.

Com este intento, me valerei apenas da exemplificação cristã, sem desmerecer, de forma alguma, qualquer outra fonte religiosa de boa-conduta moral, cuja história da humanidade está certamente repleta.

Penso que a doutrina do Cristo (considerado um dos maiores “iogues” da história pelos hindus)  veio complementar de forma esplendorosa a máxima socrática, acentuando a importância única do “amar ao próximo como a si mesmo”.

Eis o axioma moral que resume todas as virtudes e que nos pode conduzir ao estado de felicidade que tanto almejamos. Entretanto, deve-se lembrar que, para amar ao próximo, deve-se amar, antes de mais nada, a si mesmo!

Virtude ou “escândalo”

Acontece que o amor-próprio requer algo nada fácil: o autoconhecimento, um estágio que só pode ser despertado quando deixamos de ignorar o significado de virtude…

Nesse sentido, por mais estranho que pareça, uma das formas mais simples de se buscar a virtude é descartando-se todos os seus males. Daí, já dizia o evangelho:

Ai do mundo por causa dos escândalos; pois é necessário que venham escândalos; mas ai do homem por quem o escândalo venha.

O que pode, de fato, ser considerado um escândalo? No  senso vulgar, costuma-se dizer que escândalo é toda ação cuja repercussão confronte a moral e os bons costumes. Contudo, nos ensinamentos de Jesus, a palavra escândalo é empregada de forma mais ampla, significando tudo aquilo que deriva das imperfeições humanas.

Todo mundo já deve ter ouvido falar daquele famoso ditado popular que “há males que vem para o bem”. Pois bem! É justamente através dos “males”, ou escândalos melhor dizendo, que os desígnios divinos se fazem mais presentes, corrigindo as imperfeições humanas.

Ao errar, o indivíduo expõe suas deficiências e rende-se ao aprendizado, sem precisar mais passar pela temerosa pena de talião… Sua única pena é a própria Consciência!

Saiba o que é karma

Na sua essência, nada mais é do que a infalível lei de causa e efeito. Aqueles cujas ações se fundamentam em princípios amorais, ferem as regras de conduta e prejudicam o seu próximo. Logo, para tomarem consciência do mal que o fazem, esta lei natural permite que este indivíduo experimente o mesmo mal que provocou, de modo a orientá-lo a não mais cometê-lo…

Não existe, portanto, o tal “castigo de Deus” da forma que muitos o pregam, outrossim, o resultado das nossas próprias más ações, fruto do livre-arbítrio de cada um, aliás, este sim pode ser considerado o nosso bem supremo!

Para tristeza de muitos, o mundo encontra-se ainda repleto de escândalos, pois as pessoas que nele habitam persistem no erro, alimentados pelos sentimentos de inveja, orgulho, cobiça, intolerância, etc. À medida que individualmente se acumula virtudes e se aprimora moralmente, a humanidade também evolui, podendo chegar um dia a um estágio superior.

Cabe salientar, no entanto, que as “expiações”, impostas pelo karma, são os artifícios pelos quais cada Consciência, em pleno uso de seu livre-arbítrio, decidem passar para acelerar a sua marcha evolutiva. Lindo isto, não é mesmo!?

Por fim, sabendo agora o que realmente é um “escândalo” e qual o seu real propósito, vamos então tentar compreender melhor uma das assertivas mais polêmicas de Jesus:  “se a vossa mão ou o vosso pé vos é objeto de escândalo, cortai-os e lançai-os longe de vós”.

Mais uma alegoria primorosa do Mestre Iogue, alertando-nos para o fato de que o ser humano deve tentar banir de si toda fonte de maus sentimentos e vícios, de modo a se tornar um ser melhor para si e para os outros, mais moral e ético (nunca e/ou)!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:

  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Kardec, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, 2002, 119o ed. cap. 8, pg. 152-153.

Ética evolucionista – parte II

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TEMPO DE LEITURA: 00:02:01

Sobre a ética, afinal, qual é o real significado desta palavra de que tanto ouvimos falar? Os dicionários e as enciclopédias, em geral, costumam defini-la como “uma parte da filosofia que aborda os fundamentos da moral”.

Ao analisarmos sua raiz etimológica, constata-se que a palavra ética deriva do grego ethike que significa moral. Sendo assim, poder-se-ia concluir, a priori, que ética e moral são basicamente “os dois lados da mesma moeda”…

Nunca é tão simples assim! Existe uma sutil diferença que poucos enxergam, mas nem por isso devemos negligenciá-la. Pelo contrário, tentar-se-á, outrossim, diferenciá-las aqui de forma inequívoca.

Moral versus ética

A moral seria tudo aquilo que deriva dos princípios religiosos, enquanto que a ética emana das regras de conduta que regem a sociedade, sem necessariamente possuir uma ligação com esta ou aquela religião…

É importante frisar ainda que, assim como existe uma ética pessoal que rege a relação entre os indivíduos, também há uma ética institucional que contempla a relação entre as instituições.

Deve-se observar que as relações entre governos, empresas, ONGs e universidades, invariavelmente, afetam as pessoas e não podem assim ser tratadas de forma independente. Estão relacionadas e são de extrema importância para harmonia da sociedade como um todo!

Ciência, filosofia ou religião?

Desde os primórdios da civilização, o campo da moral sempre esteve diretamente relacionado com a religião, entretanto, coube à filosofia, no devido momento, dar-lhe um tratamento mais racional e menos impositivo…

O legado moral de Jesus Cristo, que deu origem ao Novo Testamento, passou posteriormente por inúmeras “análises críticas”, dentre as quais pode-se destacar o crivo da razão de São Paulo, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, antes de consolidar o catolicismo tal como o conhecemos na atualidade…


Independente de credo, seria impossível negar outras doutrinas religiosas como o judaísmo, islamismo, hinduísmo e o budismo, todas com um papel extremamente profícuo à humanidade, proporcionando considerável evolução moral dos indivíduos, donde podiam sorver os princípios necessários ao seu crescimento pessoal e interpessoal.


Nos últimos séculos, entretanto, tem-se observado uma transição gradativa desse modelo para o humanismo, começando pelos movimentos de reforma religiosa, seguidos pela eclosão da ciência moderna, o comunismo e, mais recentemente, com o avanço da globalização política, econômica e social na onda do neoliberalismo… Surgem, afinal, as primeiras “tecnorreligões”!

O que é uma “tecnorreligião”?

As pessoas estão, de certa maneira, caminhando para um “ecumenismo”, regidas pelas suas próprias necessidades materiais e espirituais e não mais impingidas por dogmas religiosos. Está se formando, aos poucos, uma sociedade de livre-pensadores!

Não mais no sentido original do termo, propalado pelos liberalistas do século XVIII, mas resgatando-o com o intuito de cunhar os indivíduos libertos dos preconceitos impostos invariavelmente pelas instituições religiosas que acabam cerceando o intercâmbio de ideias e comprometendo o crescimento interpessoal.

Indo além do neoliberalismo, a “tecnorreligião” propalada recentemente por Yuval Harari exprime o humanismo ligado à evolução tecnológica, numa fusão perfeita do conceito de HOMO DEUS !

Seja “livre-pensador” ou  HOMO DEUS, o fato é que este não é necessariamente cético, nem materialista, muito menos ateu! Somente assume uma postura dita “areligiosa” para poder estar sempre aberto ao aprendizado e aproveitar as oportunidades oriundas das novas tecnologias, sem amarras ao verdadeiro livre-arbítrio…

 

Em vista dos desafios impostos pelo novo milênio, cabe-nos a tarefa de fazer um estudo elucidativo sobre a ética e suas implicações evolutivas, fundamentando seus princípios filosóficos e morais, os quais serão aplicados em 7 áreas emblemáticas, nas sendas da política, sexo, religião, ciência, estética, bem como nos mundos “virtual” e corporativo.

Estes não são “os 7 pecados capitais”, mas foram escolhidos propositalmente para representar os aspectos que considero de suma importância aos que se interessarem pela busca da compreensão de cada uma das indagações supracitadas, de modo que o Leitor possa, ao final, estabelecer suas próprias respostas através da experiência pessoal e intransferível…

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Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:

  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Harari, Yuval Noah, Homo Deus: uma breve história do amanhã, 1a ed. Companhia das Letras, 2016.

Ética evolucionista – parte I

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TEMPO DE LEITURA: 00:02:17

Quando tive a ideia de escrever sobre ética, imediatamente lembrei-me de um filme que havia assistido muito tempo atrás, cujo enredo, de alguma forma, tinha me influenciado sobremaneira no “turbilhão da adolescência” !

Este filme se chama Waytt Earp e foca na história da vida de um famoso delegado americano que vivia nos tempos do “velho-oeste”, uma época em que a justiça ainda era feita, em boa parte, pelas próprias mãos…

Fiquei muito impressionado não pelo roteiro em si, outrossim, pela mensagem de honra e bravura, por sinal muito bem protagonizada pelo ator Kevin Costner.

Recordo-me até hoje das palavras do seu pai, interpretado por ninguém menos que John Wayne, quando disse o seguinte para toda a família, num fatídico almoço de domingo e em tom de severidade:

Meus filhos, o mais importante na vida de um homem é estabelecer o quanto antes o que ele é para só depois decidir o que quer da vida…

Naquela época eu nem tinha a “maturidade intelectual” suficiente para refletir em profundidade sobre os ensinamentos de um Sócrates, através da preciosa apologia deixada por Platão, mas felizmente a mensagem estava dada.

Mais socrático: impossível! Só por isso, hoje, eu escrevo sobre ética…

Com certeza muito já se falou sobre este tema e, sem sombra de dúvidas, muito ainda se falará. Entre os inúmeros trabalhos já publicados, de diversas épocas e povos, pode-se citar, como exemplo basilar, a obra de Spinoza: Ética.

Este tratado foi escrito em latim, no final da sua vida, e publicado somente após a sua morte. Nele, o grande filósofo expõe seu primoroso “sistema metafísico”, procedendo através de axiomas, definições e demonstrações. Lindo, não é mesmo!?

Àqueles que quiserem se enveredar mais profundamente sobre o assunto, recomendo fortemente o seu trabalho como ponto de partida. Caso contrário, apenas sigam-me pelas reflexões que se seguem (na sequência de blog posts) e poderão ter ao menos uma amostra da sua relevância, contextualizada aos nossos dias…

Primeiramente, deve-se ressalvar que enquanto houver uma sociedade composta de indivíduos e instituições que se relacionam entre si, as mais variadas questões éticas estarão sempre em voga para delinear os limites morais dos relacionamentos humanos e institucionais.

Eis aí o seu importante e único propósito!


A concepção ética é uma experiência única, singular a cada indivíduo, resultante de todas as suas vivências pessoais e coletivas. São os pressupostos morais que determinarão o seu caráter, a razão dos seus juízos e das suas decisões.


Isto posto, urge aqui que se reflita sobre as seguintes indagações (nossos 2Qs e 3Cs):

  1. Qual é a natureza da ética?
  2. Qual é a sua ética pessoal?
  3. Como conceber um juízo moral?
  4. Como tomar uma decisão ética?
  5. Como levar uma vida socialmente ética?

Muito bem. São estas as questões cruciais à evolução do ser humano, na medida que o conduzem naturalmente ao AUTOCONHECIMENTO, permitindo-lhe traçar o seu próprio código de conduta ética e moral.

[na sequência de posts também versaremos sobre a distinção entre estes conceitos]

Enfim, mas não por último, cabe salientar que no convívio social torna-se mister a adequação dos seus princípios aos padrões éticos vigentes. É o que chamamos de “estado de coerência ética” ! Como anda a sua? Apenas para reflexão…

Só assim, o indivíduo estará apto a tomar decisões não-conflitantes e conceber “juízos morais” consoantes com a sua Consciência, o que é fundamental ao seu equilíbrio psico-social.

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Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:

  1. Barreto, R. L. ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed., Editor-Autor, 2008.
  2. Platão, Diálogos: Apologia de Sócrates, 1996, 2a ed., Editora Nova Cultural, 63-97.
  3. Baruch, de Espinosa, Ética, 1973, 1a ed., Editora Abril, 79-307.

Netica – parte II

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Vimos no primeiro post da série (vide Netica – parte I) que estão abertos, com todos estes avanços advindos da rede mundial de computadores, tempos altamente profícuos à disseminação da cultura.


Todavia, urge que estas questões passem pelo crivo da ética na internet, a qual chamamos aqui de netica, e que deve estar presente de forma ubíqua e sem distinções…


Este é um assunto altamente estratégico ao desenvolvimento das nações, sendo que a “inclusão digital” pode significar o acesso amplo e irrestrito à “educação autodidata”, rompendo os liames que ao longo de toda a história da humanidade separaram as classes sociais…

Alguns países mais avançados já estão inclusive dando para as crianças um laptop (ou tablet e, daqui a pouco, sei lá!) e oferecendo acesso gratuito à internet em praças e prédios públicos. Fica patente, portanto, a importância do momento social que estamos vivenciando, de modo que vamos procurar nos ater um pouco mais sobre um dos principais “agentes” destes novos tempos: os hackers.

 

Hackerismo

Segundo o próprio Linus Torvalds, prefaciador de um interessante livro de Pekka Himanen, um hacker é:

Uma pessoa para quem o computador já não é um meio de sobrevivência. 

Esta definição foge completamente ao sentido vulgar, empregado com tanta frequência nos meios de comunicação, segundo o qual o hacker seria uma espécie de “pirata da Internet” que se aproveita das suas habilidades em programação para invadir sistemas, roubar informações confidenciais e delas se beneficiar financeiramente, infringindo as leis vigentes ou não…

Este é um novo tipo de crime que vem ganhando proeminência nos últimos anos em nossa sociedade com o advento da internet e a sua popularização. Muitos países já até adaptaram suas leis de modo a incluir em seus códigos penais as infrações por falta de conduta ética no “mundo das relações virtuais”.

Muito embora todos estes esforços sejam louváveis e, até certo ponto, naturais, quero mover o objeto das nossas reflexões para o sentido mais amplo da palavra hacker… Vejamos.

A nova ética do trabalho

Fiquei surpreso ao descobrir que esta palavra também pode se referir a qualquer outra atividade e não somente ao “universo dos programadores de computador”… Seria, assim, muito melhor considerar o seu significado como sendo uma “postura de trabalho” e não uma atividade específica.

Segundo Pekka, o trabalho deve ser encarado como algo interessante e desafiador. Deste modo, ele se torna uma diversão, bem diferente da forma como era encarado por Max Weber no seu clássico A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Também não significa que as pessoas devam se tornar verdadeiros workaholics


Só se ganha “valor de verdade” ao minimizar o tempo que jogamos no “lixo” com coisas fúteis… E como tem coisa fútil hoje em dia! 


Esta nova “ética do trabalho” tem uma relação direta com o tempo livre, ou o chamado “Ócio Criativo” já mencionado anteriormente. O mais importante é saber que todo hacker assume, via de regra, uma postura de liberdade com relação ao tempo e dinheiro, o que lhe confere maior autonomia, motivação e criatividade.

Epa! Agora o famoso ditado que diz “tempo é dinheiro”, já não soa tão mal… Parece até contraditório falar de “tempo livre” numa sociedade tão dinâmica e imediatista quanto a nossa, em que as pessoas não têm tempo sequer para curtir a família! Isto porque a “cultura capitalista”, sem sombra de dúvidas, requer agilidade nas decisões.

O Taylorismo, como método clássico de otimização do tempo, nunca teve tamanha força, visto que a competição num mercado global, movido pelo desenvolvimento tecnológico e o marketing digital, é das mais acirradas em toda a história da civilização, mesmo que a emergência da “economia colaborativa” tenha mudado um pouco a sua cara… Salve o conceito de growth hacking!


O hacker, portanto, se tornou uma figura vital ao progresso da sociedade pós-moderna, praticamente seu ícone! Diriam alguns mais empolgados como eu… [rss]


Sem preocupar-se sobremaneira com a “questão do dinheiro” que para ele é uma simples ferramenta para o progresso e não o motivo das suas ações, o hacker se exime, em grande parte, de um dos maiores bloqueios do homem moderno: a ansiedade.

Livra-se, assim, da insegurança e ganha confiança para trabalhar sem amarras, livre das tensões reprobatórias, responsáveis diretas pelos estados depressivos que têm afligido cada vez mais vítimas na sociedade pós-moderna, abarrotando os consultórios psiquiátricos, quando não o consolo em terapias ilusórias de auto-ajuda…

 

Tudo isso nos remete a uma séria indagação: será que tanta informação contribui efetivamente para nossa felicidade?

Bem, esta é uma reflexão pessoal a que todos deveriam se submeter para melhor inserção na chamada “Era da Informação” que está repleta de oportunidades…

Mas, enquanto não temos estas respostas, nem tampouco apareça alguma outra grande revolução tecnológica (como foi a internet) que venham então mais Linux, Torvalds!

Créditos:

Autoria por ricardobarreto.com

Incentivo ao BUZZ nas redes sociais

Aprecie sem moderação

Saiba mais:

  1. Barreto, R. L. ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed., Editor-Autor, 2008.
  2. Pekka Himanen, A Ética dos Hackers e o Espírito da Era da Informação, 2001, Editora Campus.
  3. Weber, Max, A ética Protestante e o Espírito Capitalista, São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
  4. De Masi, D. O Ócio Criativo, Rio de Janeiro: Sextante, 328 p., 2000.

Netica – parte I

#ricardobarreto #filosofia #netica

Mais do que um neologismo, o nome não é por acaso! Muito ainda se falará sobre este assunto, mesmo porque estamos somente adentrando na chamada Era da Informação.

Quando chegou à sociedade civil, em meados da década de 80, a internet tinha o intuito de integrar as redes das universidades americanas. Contudo, em pouquíssimo tempo, ela ganhou o status de uma das maiores invenções da história da humanidade e seu impacto em todas as esferas sociais é indiscutível!

Até mesmo o renomado escritor italiano Umberto Eco (1932 – 2016), em entrevista concedida à revista Veja, deixou suas preciosas impressões sobre o assunto:

Pela primeira vez, a humanidade dispõe de uma enorme quantidade de informação a baixo custo. No passado, essa informação implicava comprar livros, explorar bibliotecas. Hoje, do centro da África, se você estiver conectado, poderá ter acesso a textos filosóficos em latim.

A facilidade de se obter qualquer tipo de informação, em tempo real e sem ter que sair de casa, é minimamente empolgante… Abre caminhos inusitados aos aficionados pelo saber!

A problemática das fake news

Na medida em que todos podem ter acesso a qualquer tipo de informação, urgem que sejam feitas certas ponderações quanto à “liberalização informacional” que recaem necessariamente sobre importantes questões éticas.

O ser humano não tem capacidade de processar tanta informação, nem discernimento para separar o que é realmente útil e confiável. Decerto que a democratização das informações é uma grande conquista, porém há um temor quanto àqueles que se põem a pesquisar na internet sem um prévio conhecimento do assunto, o que pode levar a uma desorientação generalizada.

Este fato deve culminar na disseminação de informações errôneas, conhecidas hoje como fake news, cujos reflexos já estão sendo deflagrados pela “cultura da superficialidade”.

Hoje em dia, é muito difícil ouvir falar de um jovem universitário que não tenha literalmente “copiado” sequer um trabalho da rede mundial de computadores!

Uma verdadeira castração da capacidade de raciocínio e criação, cujas consequências já estão sendo sentidas pelo despreparo dos jovens profissionais que ingressam ano após ano no mercado de trabalho (a tal da “geração Z” que tanto ouvimos falar).

Quantos terão o “cacife” de resolver as complicadas equações matemáticas aplicadas no teste seletivo mais almejado da atualidade, da Google Inc.?

A nova onda da economia compartilhada

Cabe salientar ainda o sério problema da pirataria que emergiu com força incontrolável no impulso da internet. A abertura  propiciada pelos sites de compartilhamento de arquivos como o Napster, por exemplo, abriu uma nova forma de acesso às músicas, textos e filmes.

Devido a este movimento irreversível, as gravadoras, editoras e produtoras foram obrigadas a investir pesadamente na tentativa de assegurar um controle mais rígido destes sites, pegando a “onda contrária” da democratização informacional… Resultado: foram praticamente dizimadas pelos novos modelos de negócios de negócios (iTunes, Spotify, Netflix, etc.) que surgiram da economia compartilhada!

O princípio do código aberto, instaurado por Linus Torvalds em seu sistema operacional (o Linux), que veio como opção ao império do Windows, agora se estende ao campo do conhecimento enciclopédico com aquela que pretendia ser a “Alexandria dos tempos modernos”: a Wikipedia.

Imaginem só: em menos de cinco anos, esta enciclopédia livre online alcançou o número de verbetes maior do que a secular Enciclopédia Britânica!

É bem verdade que nos últimos anos a Wikipedia tem perdido seu lugar de destaque entre os primeiros resultados do Google frente a um novo fenômeno reconhecido como o marketing de conteúdo. Ou seja, as empresas descobriram que precisam se relacionar com o seu público muito antes de vender e, para tal, precisariam tornar-se ou pelo menos aparentar que são “autoridades” em suas áreas de atuação!

Moral da história: os blogs se tornaram os veículos de mídia mais poderosos e até mesmo os direitos autorais podem agora ser preservados em publicações eletrônicas através de licenças públicas como o Creative Commons e a Science Commons, abrindo assim novos horizontes em termos de acessibilidade a livros, revistas, periódicos científicos e diversos formatos novos de conteúdos.

Não há mais limites para geração e propagação do conhecimento humano!

Limites aos avatares

Outro avanço que quando surgiu causou um verdadeiro furor na comunidade online foi o Second Life, uma espécie de “mundo virtual” na rede em que os internautas interagem entre si através de personagens virtuais chamados Avatares.

Este verdadeiro “universo paralelo” foi criado em 2003 pelo americano Philip Rosedale, tendo sua criação extrapolado os limites da brincadeira quando o guru da propriedade intelectual na internet, Lawrence Lessig, deu a ideia de fazer com que os usuários ganhassem a “posse real” de suas invenções e propriedades virtuais…

A partir daí, as possibilidades ficaram ilimitadas! Abriram-se as portas para o comércio eletrônico de “ativos irreais” através de uma moeda virtual: o Linden Dólar. Com isso, a “corretagem de terrenos e casas virtuais” fez os primeiros “milionários reais” e muitas empresas criaram até mesmo seus próprios espaços virtuais…

Entre as pioneiras nesta iniciativa, estava a gigante e tradicional IBM que logo no início (em 2007 mais precisamente) anunciou o investimento de 10 milhões de “dólares reais” no Second Life, justificando uma “economia real” do número de teleconferências entre os seu milhares de funcionários ao redor do mundo.

Hoje sabemos que o Linden Dólar não alcançaria tanta fama, mas deu origem às criptomoedas que sacudiram os tradicionais mercados de Wall Street!

O fato é que os especialistas estão projetando, com as tecnologias de inteligência artificial e realidade aumentada, uma “nova onda de desenvolvimentos web” com a mesma propulsão que a própria internet teve nos anos 90.

Num futuro bem próximo, não serão mais criadas somente websites e blogs, mas sim “espaços virtuais” onde as relações virtuais serão mais reais e em três dimensões, claro! Espero que você já tenha criado seu avatar!!!

Créditos:

Autoria por ricardobarreto.com

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Saiba mais:

  1. Barreto, R. L. ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed., Editor-Autor, 2008.
  2. Eco, U. Veja, 2003, 1821, 76-77.

Ética científica – parte II

#ricardobarreto #filosofia #éticacientífica

Um dos campos científicos que tem despertado grande interesse da comunidade, principalmente nas duas últimas décadas, é o da neurociência. Em termos comuns pode-se dizer que esta área do conhecimento envolve toda e qualquer informação concernente à compreensão dos mecanismos que regem o funcionamento do cérebro.

Por muito tempo os neurocientistas encararam o órgão mais complexo do corpo humano como uma “caixa preta”, donde seria muito difícil de se extrair qualquer tipo de informação que fosse além da sua neurofisiologia… O funcionamento dessa intrincada rede neuronal ao nível molecular constituía uma barreira que muitos acreditavam ser intransponível !

Tamanha descrença serviu como alicerce para o estabelecimento de mais um “dogma científico”: o da imutabilidade cerebral.

Há algum tempo ainda era muito comum no meio médico ouvir-se que uma lesão cerebral era irreparável. Atualmente não precisamos mais que um “super-homem” (o ator Christopher Reeve), com seu inigualável exemplo de perseverança e amor à vida, pudesse nos revelar o contrário…

O desenvolvimento da neuroquímica, genética e das novas técnicas de imageamento cerebral possibilitaram a eclosão de uma verdadeira revolução das neurociências nas décadas de 80 e 90. Tais progressos foram fundamentais para se antecipar diagnósticos e acompanhar tratamentos.

No caso do neuroimageamento a possibilidade de observação não-invasiva do cérebro em funcionamento permitiu que os médicos reconhecessem aspectos estruturais e padrões de atividade cerebral característicos de certos transtornos psíquicos como esquizofrenia, distúrbio bipolar e depressão.

No campo da genética, por sua vez, certas variações gênicas indicaram o risco de se desenvolver depressão ou distúrbio bipolar, bem como certas doenças neurodegenerativas tal como o mal de Alzheimer. As manifestações sintomáticas de diversos distúrbios mentais, desde a depressão até o mal de Parkinson são, assim, controláveis graças às fantásticas descobertas da neuroquímica!

O surgimento das “pílulas da inteligência”

Com o interesse das grandes indústrias farmacêuticas nas novas drogas neuroativas, descobriram-se  pílulas verdadeiramente “miraculosas”,  capazes de intervir nos mais complexos sistemas de neurotransmissores e estão causando um enorme furor   devido às suas implicações sociais…

Isto se deve ao surgimento de uma nova geração de drogas estimuladoras da memória, também chamadas de “Viagras para o cérebro” ou “pílulas da inteligência”, o que tem gerado um sério debate ético acerca do uso indiscriminado da melhoria cognitiva. Sobre este tema, o filósofo Leon Kass, chefe do Conselho de Bioética dos EUA, escreveu o seguinte:

“Nestas áreas da vida humana, onde a excelência tem sido obtida pela disciplina e o esforço, a conquista de resultados com o uso de drogas, engenharia genética ou implantes parece ardilosa”.

A possibilidade de um tipo de “ajuste” dos neurônios para se aprimorar a capacidade do cérebro pode constituir um sério problema ético, tendo-se em vista que deve acirrar ainda mais a desigualdade social. Diversas questões éticas foram suscitadas pelos recentes desenvolvimentos da neurociência, dentre as quais pode-se destacar 2 indagações:

  1. Seria realmente terrível se as técnicas usadas para se tratar o mal de Alzheimer possibilitassem modos de se aprimorar a memória normal ?
  2. Qual é a “imoralidade” de alterar o cérebro para aperfeiçoar o seu desempenho, dotando-o de melhores capacidades do que aquelas possuídas por nossos pais?

Penso eu que a moral e os bons princípios devem primar pelo discernimento, sem frear a evolução científica! Fica claro que a problemática se resume ao acesso às chamadas “pílulas da inteligência” porque os ricos teriam a possibilidade de aprimoramento dos seus cérebros em detrimento da população mais pobre…

Este fato rompe irreversivelmente os liames do dia-a-dia, ocasionando situações extremamente injustas como nos processos seletivos de emprego ou até mesmo em exames de vestibular. A questão reside no seguinte: como manter as condições de igualdade nestas circunstâncias?

Contudo, não se pode negar que faz parte da própria essência humana tentar aprimorar o mundo e a si mesma (a raça). Um melhor desempenho cognitivo seria providencial em certas profissões que requerem grande esforço intelectivo como a dos próprios cientistas…

Imaginem vocês o que um Einstein não o faria sobre os efeitos do Donepezil?

Caberá às instituições legais de cada país, portanto, a tarefa de rever seus códigos legais de modo a englobar os novos aspectos que surgem com o desenvolvimento das neurociências. Só assim a neuroética poderá regulamentar a vida social, propiciando o acesso justo às novas técnicas científicas e banindo os abusos delas advindos.

Afinal de contas, não seria tão difícil de se imaginar num futuro não muito distante os candidatos a uma vaga para trainee de uma grande empresa como a IBM passando por um exame antidoping antes do teste de seleção…

Desenvolvimento tecnológico da nações

Os avanços científicos implicam ainda numa questão social estratégica para o desenvolvimento tecnológico das nações, podendo significar grande “gargalo” para países em desenvolvimento como o Brasil…

A geração e gestão do conhecimento para tomada de decisão estratégica são a “força-motriz” da sociedade pós-industrial, representando o novo paradigma social.

Se nos dois últimos séculos a produção de bens de consumo e o acúmulo de capital constituíram a maior fonte de riquezas, hoje pode-se observar radical inversão de valores com os volumes massivos de dados (o tal do big data) e a informação deles advinda,  assumindo o papel de protagonistas dos nossos tempos!

Da mesma forma que o “direito de propriedade” regula as transações dos bens móveis e imóveis que usufruímos, as leis de propriedade intelectual asseguram o direito de exclusividade na exploração comercial do conhecimento aplicado, ou melhor, das tecnologias inovadoras.

O registro de marcas, modelos de utilidades, depósito de patentes e a reserva de direitos autorais são os mecanismos legais voltados para proteção da propriedade intelectual. Cada país possui uma legislação específica sobre o tema, entretanto, existe uma tendência no âmbito global de se uniformizar estas regras através de tratados internacionais.

Entretanto, pode-se vislumbrar nuances no respeito aos tratados internacionais, como exaltado pelo Brasil na OMC ao infringir as leis de patentes para poder produzir em seu território o coquetel de drogas anti-HIV que abriu caminho para estruturação da indústria de medicamentos genéricos, representando importante conquista da sociedade brasileira.

São medidas como estas que nos alertam para a importância da ética sobretudo nas relações estatais, servindo de exemplo em diversos campos da ciência, tecnologia e inovação, conquanto haja um órgão internacional regulador, imparcial e isento de interesses meramente regionais, políticos ou econômicos.

É exatamente aí que são suscitadas diversas questões éticas, em especial quanto aos limites de aplicação da legislação vigente dos países em desenvolvimento, como aconteceu na história recente do Brasil com a polêmica da clonagem humana e dos transgênicos…

Mais uma vez questiono o leitor: até que ponto se deve frear o desenvolvimento da ciência? A resposta fica para cada um, mas a consciência da coletividade é uma só!

Créditos:

Autoria por ricardobarreto.com

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Saiba mais:

  1. Hyman, S. E. Sci. Am. Bras. 2003, 17, 88-95.
  2. Hall, S. Sci. Am. Bras. 2003, 17, 48-57.
  3. Barreto, Henri B. F. Revista Internacional do Espiritismo, ano LXXIX, No 12, 2005, 648-650.

Ética científica – parte I

#ricardobarreto #filosofia #éticacientífica

 

Esta é uma questão sobre a qual quero me ater sobremaneira, haja vista sua crescente importância quanto ao rumo da civilização especialmente devido aos avanços conquistados nos últimos dois séculos.

A ciência já nos levou à lua e nos fez ver a célula e o átomo, mas também trouxe consigo a bomba atômica…

É imprescindível, portanto, uma séria reflexão por parte da comunidade científica e também da sociedade civil sobre as questões éticas envolvidas nas pesquisas, sua utilidade pública e implicações socioeconômicas.

Em 2005 estas questões vieram à tona com o caso do Dr. Hwang Woo Suk, quando a comunidade científica mundial foi sacudida pelas denúncias feitas por membros da sua equipe e pesquisadores de outras partes do mundo.

Os resultados que o Dr. Hwang afirmou ter obtido eram de enorme relevância, pois representavam a primeira comprovação científica da clonagem de embriões humanos, colocando seu grupo de pesquisas e, principalmente, seu país (a Coréia do Sul) na fronteira das pesquisas envolvendo células-tronco. Infelizmente, todos os resultados publicados em periódicos de elevado impacto científico e divulgados mundialmente eram forjados.

Voltemo-nos rapidamente ao passado para compreender melhor o presente. Por muito tempo o mundo já foi açoitado pela “ignorância medieval”. Uma época de “sombras” em que o domínio sobre os povos era exercido sob a égide da religião, perpetrando a antiga política do “pão e circo”!

Muitas iniquidades foram cometidas contra aqueles que ousassem pensar além dos limites impingidos pela “Santa Igreja”. Taxados de “bruxos”, cientistas foram considerados hereges e queimados na fogueira por causa das suas ideias tidas como revolucionárias…

Por sorte este tempo já se foi, porém ainda sofreremos as consequências lamuriosas por muitos e muitos anos. Sobre essa problemática, o grande filósofo contemporâneo, Bertrand Russel, assinalou de forma inequívoca:

Não é de dogma que o mundo precisa, mas de uma atitude de investigação científica.

Tal atitude de investigação científica pressupõe, via de regra, uma formação acadêmica de primeira-linha. Acontece que, muitas vezes, o que é chamado de educação, em verdade, deveria significar o oposto…

Desde os primórdios da civilização antiga, logo quando a organização estatal foi instituída, a educação tem sido utilizada como meio de instrução social, segundo os interesses do Estado. Entretanto, paradoxalmente, uma sociedade bem instruída constitui o maior perigo àqueles que pretendem se manter no poder, com o intuito de fazer prevalecerem seus próprios interesses…

Em tempos de clonagem, transgenia, neuro e nanociências, já não existem mais limites para o que o homem possa fazer! Alguns dos resultados oriundos da pesquisa científica podem impactar diretamente na vida de milhões de indivíduos e trazer benefícios que certamente faziam parte dos “sonhos” daqueles mais obcecados por ficção científica…

Nanomáquinas capazes de processar microcirurgias, nanosensores que detectam doenças em estágios iniciais, curas de doenças por processos de manipulação genética, crescimento de órgãos oriundos do próprio paciente, que pode recebê-los em um transplante sem riscos de rejeição, cura de doenças degenerativas, cura de paralisias diversas, etc.

As únicas amarras ficam praticamente a cargo dos princípios éticos ou morais, dependendo do país e das leis que o regem. E é exatamente aí que reside o grande problema. Quando são os códigos de conduta morais, instituídos por essa ou aquela religião, que influenciam as prerrogativas dos Conselhos de Ética em pesquisa, pode-se limitar equivocadamente os campos de pesquisa em áreas importantes para o avanço da humanidade.

É o que se observou, por exemplo, com a questão da clonagem terapêutica. As pesquisas nesta área requerem o uso de células tronco especiais, as quais são extraídas de embriões recém-formados, com apenas alguns dias após a fecundação. Entretanto, a Igreja Católica insiste em apregoar que a vida existe desde o momento da fecundação, mesmo sabendo que a ciência já provou o contrário…

Assim como se considera a morte cerebral quando o cérebro pára de funcionar, a vida também só começa com a formação do sistema nervoso, o que ocorre somente depois do décimo quarto dia…

Só para se ter uma ideia dos avanços que o Projeto Genoma propiciaram, segundo estimativas do professor Richard Dawkins, em 2050, pelo preço atual de uma análise de raios-x, poderemos conhecer o “texto” completo de todos os nossos genes. O médico não nos dará mais uma prescrição convencional, mas sim aquela que se adequará com precisão ao nosso genoma.

Isto é maravilhoso, sem dúvida, mas nosso “texto pessoal” irá também predizer, com precisão alarmante, nosso fim natural… Será que desejamos tanto conhecimento? Mesmo que a resposta seja afirmativa, será que vamos querer que nosso código do DNA seja lido pelos agentes das seguradoras, pelos advogados dos processos de reconhecimento de paternidade e até mesmo pelo governo?

Mesmo numa democracia arraigada, nem todos ficariam felizes com essa perspectiva. De que maneira algum “futuro Hitler” poderia fazer mau uso desse conhecimento é algo que precisamos pensar desde já!

Sem dúvida, estas preocupações são imprescindíveis, tanto que a ONU, na Conferência Geral da UNESCO de 1997, adotou a Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos, marcada por questões político-científicas polêmicas como a manipulação do genoma humano, a clonagem e os transgênicos.

Presumo eu que todas as pessoas deveriam ler este documento na íntegra, pois se trata de um primoroso avanço para sociedade, reconhecendo que a pesquisa sobre o genoma humano e as aplicações dela resultantes abrem amplas perspectivas para o progresso, com a melhoria da saúde dos indivíduos, mas enfatizando que tal pesquisa deve respeitar inteiramente a dignidade, a liberdade e os direitos humanos, bem como a proibição de todas as formas de discriminação, baseadas em características genéticas.

Então a questão é simples: o que vale mais a pena? Salvar a vida de uma criança de nove anos de idade, condenada pela leucemia ou fazer uso de um punhado de células inócuas e acéfalas por um bem maior? A resposta é de cada um, mas a consciência social deveria ser de todos!

 

Créditos:

Autoria por ricardobarreto.com

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Saiba mais:

  1. Barreto, R. L. ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed., Editor-Autor, 2008.
  2. Ethics and Fraud in Three cheers for peers, Nature, 2005, 439, 117.
  3. a) Woo Suk, H. et al.; Science, 2004, 303, 1669. b) Woo Suk, H. et al.; Science, 2005, 308, 1777.
  4. Fernando Coelho, Química Nova, vol. 29, No2, 185, 2006.
  5. Bertrand Russel, A Sociedade Humana na Ética e na Política, 216.
  6. Farias et. al. Ética e Atividade Científica, Campinas: Editora Átomo, 2006.
  7. Richard Dawkins, O Capelão do Diabo, São Paulo: Compahia das Letras, 2005.

 

Ética política

Para muitos nada poderia ser mais enfadonho do que discutir política. Dou-lhes pleno crédito, pois ninguém gosta de falar sobre algo que só nos traz aborrecimentos, ainda mais no país do samba, carnaval e do futebol!!

Mas deixando seu aspecto demeritório de lado, que já estamos demasiado habituados a ver nos noticiários do cotidiano, vamos analisar a política por outra faceta, por sinal bem mais interessante…

Ademais, valeria ainda uma reflexão mais profunda a respeito das palavras do filósofo Franklin Leopoldo, sobre a “banalização da política”:

“Essa espécie de rejeição ética da política configura a profunda contradição em que estamos enredados. Pois se definimos o indivíduo como social, então a separação entre ética e política configura a ruptura entre indivíduo e sociedade, o que no limite significa a ruptura do indivíduo com ele mesmo”.

Portanto, para não deixar que isto aconteça conosco, vamos tentar enxergar a política sobre outro prisma: o da ética.

A sociedade humana, organizada sobre a égide estatal, muito embora ainda esteja bem longe de ser considerada justa, teve consideráveis avanços filosóficos, científicos e sócio-culturais desde o seu surgimento, há alguns poucos milhares de anos. Entretanto, no campo da política, em alguns aspectos, parece ter havido, outrossim, muitos retrocessos…

Nos tempos da Grécia antiga, a democracia não permitia segredos, forçando a transparência total das práticas políticas, o que inibia, em grande parte, a corrupção. Ou seja, não havia como se separar a “virtude moral” da “virtude política”, ou melhor, o princípio do respeito ao próximo e os meandros do poder.

Com o advento do Maquiavelismo, abriu-se as portas da modernidade pelo abandono das virtudes morais, com o intuito de manter o poder a qualquer custo e derrotar os inimigos. Marca-se o início do individualismo na política, visando obter vantagens pessoais, sucesso na carreira e, principalmente, benefícios financeiros…

Infelizmente, Rousseau não conseguiu derrubar estes conceitos nem tampouco a Revolução Francesa. A adoção de valores modernos consagrados, tais como a isonomia legal, o sufrágio universal e a lógica de mercado não deveria nunca tomar o lugar dos valores tradicionais e morais!

Acerca deste assunto, o antropólogo Roberto da Matta ressalta muito bem que:

“A ética como instrumento de gestão lança luz na complexa e difícil dialética entre o princípio da compaixão (para os ‘nossos’) e da justiça (para os ‘outros’)”.

Até mesmo o Lula, nosso ex-presidente, já deve ter percebido – espero – que este jeito de tratar seus “companheiros” não dá muito certo, ou melhor, só poderia dar em “mensalão”.  [o tempo comprovou que ele realmente não se apercebeu…]

Basta analisar o status quo do Brasil de hoje: reflexo do rito eleitoral imperante, em que o voto é encarado, segundo esta cultura do “desencantamento político” e a visão minimalista da democracia, como via crucis do povo.

Fica cada vez mais claro, dentre os incontáveis escândalos decorrentes da falta de princípios éticos, como exemplo marcante deste tipo de conduta na política, o caso de mais um ex-presidente brasileiro – o Fernando Collor – que depois de confiscar a poupança de toda população, sofreu um processo de impeachment devido às acusações do próprio irmão: Pedro Collor.

Sua ambição de ser presidente, antes de estabelecer seu caráter, não foi responsável somente por sua derrocada política, provocou também, mesmo que de forma indireta, a morte de um irmão, sua mãe e seu comparsa Paulo César Farias: o famoso PC. Sem falar dos milhares de casos de suicídio em todo o país, por causa do inadvertido confisco…

Continuando nossa análise, só para se ter uma ideia, uma pesquisa do Ibope que analisava justamente nesta época a questão da ética na política, revelou um dado alarmante: apesar do eleitor ser muito crítico em relação às suas lideranças políticas em termos de ética e corrupção, 75% dos entrevistados confessaram que cometeriam os mesmos impropérios se estivessem no poder.

A autora da pesquisa explicou ainda que:

“As pessoas não vêem a ética como um valor absoluto, mas com gradações, em que é possível ser mais ou menos ético”.

O mais assustador é que não vêem sequer que, em sua essência, a política é uma poderosa ferramenta da ética, isto porque, pelo menos em princípio, deveria visar sempre o bem coletivo em detrimento do individual…

Em termos conceituais, a política é exercida pelo Estado, o qual se vale das leis para regulamentar as relações entre as instituições e os cidadãos. Isto é política interna, contudo, existem também os tratados internacionais que regulamentam as relações entre os países, o que é chamado de política externa.

Nas sendas das relações internacionais, não tenho dúvidas de que ainda estamos muito longe do sonho utópico de um dia ser consolidado um governo de caráter mundial, regido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em que todas as leis seriam uniformizadas por meio de tratados multilaterais, ficando todos os Estados subjugados a um Conselho Único que visasse manter os equilíbrios sociais, econômicos e políticos a nível global.

Só assim seria possível vislumbrar uma distribuição mais eqüitativa de recursos, possibilitando a consolidação da justiça gradualmente, sem que para isso incorrêssemos nos graves erros do passado, quando ainda se pensava que o uso das forças armadas, através de guerras sangrentas, poderia sortir algum tipo de resultado positivo…

E ainda dizem por aí com orgulho que a Bomba de Hiroshima pôs fim na 2a Guerra Mundial, poupando milhões de vidas a custo de milhares de outras…

Infelizmente, estamos bem longe desta condição tão almejada, tendo em vista o nível de aprovação absurdo aferido pela sociedade americana quanto à reação do Governo Bush aos atentados de 11 de setembro.

Até quando a intemperança reinará entre aqueles que estão no poder? [e olha que do Bush passamos ao Trump… rss] Não seria a hora da ONU assumir uma postura mais firme e não tão condescendente perante as questões internacionais mais pungentes?

Tenho a certeza de que um dia, afinal, o posto de Secretário-Geral da ONU será mais cobiçado do que o de presidente dos Estados Unidos, ou de qualquer outra nação que venha a ser a mais rica e poderosa… Quando este dia chegar, e receio que ainda tardará, estaremos dando um grande passo na evolução da humanidade!

Neste cenário, urge que se faça justiça à relevância da diplomacia, especialmente no mundo globalizado, em que seu papel é cada vez mais preponderante. Como vimos, um país se governa não só pela resolução de seus problemas internos, mas sobretudo pela sua política externa, a qual deve reger sua relação com as demais nações.

Os reflexos positivos dessa relação são determinantes para o equilíbrio político, financeiro e social, mantenedores da soberania nacional. Tamanha responsabilidade deve recair, necessariamente, sobre mãos tenazes, que sejam capazes de sustentar habilmente este jugo.

No Brasil, assim como na grande maioria dos países de governo democrático, existe um órgão responsável por esta tarefa: o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Ele é composto, como pressuposto, por um corpo diplomático da mais alta competência, constituído pelos melhores profissionais de diversas áreas do conhecimento, os quais são selecionados através do concurso mais difícil da carreira pública: o Exame de Ingresso para o Itamaraty.

Estes profissionais, a rigor, são chamados de diplomatas e devem primar pelo conhecimento geral: história, direito, geografia, economia, línguas, política externa, tecnologia, etc. Seu escopo profissional é o de servirem-se destes conhecimentos para poderem informar, representar e negociar os interesses do país e de seus concidadãos.

Nesse sentido, faço questão de louvar o nome do diplomata brasileiro Vieira de Mello, morto num atentado terrorista à sede da ONU, no Iraque pós-Sadan. Este homem, cujo nome muitos desconhecem, talvez tenha sido uma de nossas autoridades mais respeitadas em todo mundo, não somente pelo seu ideário de justiça, mas sobretudo por sua luta incansável pelos direitos humanos. Tanto que o seu nome era cotado para sucessão de ninguém menos do que Kofi Annan como secretário-geral da ONU e Prêmio Nobel da Paz!

Como o mundo seria diferente se, nas sendas da política, existissem muito mais Vieiras´s e não Collor´s de Mello e Lula´s… [aqui pequena atualização do ensaio mediante o “terremoto” que passou pelo país com a admirável Operação Lava jato]

 

Crédito:

Autoria por Ricardo Barreto

Agradecimento ao BUZZ nas redes sociais

Permitida reprodução referenciando ricardobarreto.com

 

Para saber mais:

  1. Barreto, R. L. ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed., Editor-Autor, 2008.
  2. Haag, Carlos, “Entre a Virtude e a Fortuna”, Pesquisa Fapesp, outubro de 2006, No 128, 76-81.