Netica – parte I

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Mais do que um neologismo, o nome não é por acaso! Muito ainda se falará sobre este assunto, mesmo porque estamos somente adentrando na chamada Era da Informação.

Quando chegou à sociedade civil, em meados da década de 80, a internet tinha o intuito de integrar as redes das universidades americanas. Contudo, em pouquíssimo tempo, ela ganhou o status de uma das maiores invenções da história da humanidade e seu impacto em todas as esferas sociais é indiscutível!

Até mesmo o renomado escritor italiano Umberto Eco (1932 – 2016), em entrevista concedida à revista Veja, deixou suas preciosas impressões sobre o assunto:

Pela primeira vez, a humanidade dispõe de uma enorme quantidade de informação a baixo custo. No passado, essa informação implicava comprar livros, explorar bibliotecas. Hoje, do centro da África, se você estiver conectado, poderá ter acesso a textos filosóficos em latim.

A facilidade de se obter qualquer tipo de informação, em tempo real e sem ter que sair de casa, é minimamente empolgante… Abre caminhos inusitados aos aficionados pelo saber!

A problemática das fake news

Na medida em que todos podem ter acesso a qualquer tipo de informação, urgem que sejam feitas certas ponderações quanto à “liberalização informacional” que recaem necessariamente sobre importantes questões éticas.

O ser humano não tem capacidade de processar tanta informação, nem discernimento para separar o que é realmente útil e confiável. Decerto que a democratização das informações é uma grande conquista, porém há um temor quanto àqueles que se põem a pesquisar na internet sem um prévio conhecimento do assunto, o que pode levar a uma desorientação generalizada.

Este fato deve culminar na disseminação de informações errôneas, conhecidas hoje como fake news, cujos reflexos já estão sendo deflagrados pela “cultura da superficialidade”.

Hoje em dia, é muito difícil ouvir falar de um jovem universitário que não tenha literalmente “copiado” sequer um trabalho da rede mundial de computadores!

Uma verdadeira castração da capacidade de raciocínio e criação, cujas consequências já estão sendo sentidas pelo despreparo dos jovens profissionais que ingressam ano após ano no mercado de trabalho (a tal da “geração Z” que tanto ouvimos falar).

Quantos terão o “cacife” de resolver as complicadas equações matemáticas aplicadas no teste seletivo mais almejado da atualidade, da Google Inc.?

A nova onda da economia compartilhada

Cabe salientar ainda o sério problema da pirataria que emergiu com força incontrolável no impulso da internet. A abertura  propiciada pelos sites de compartilhamento de arquivos como o Napster, por exemplo, abriu uma nova forma de acesso às músicas, textos e filmes.

Devido a este movimento irreversível, as gravadoras, editoras e produtoras foram obrigadas a investir pesadamente na tentativa de assegurar um controle mais rígido destes sites, pegando a “onda contrária” da democratização informacional… Resultado: foram praticamente dizimadas pelos novos modelos de negócios de negócios (iTunes, Spotify, Netflix, etc.) que surgiram da economia compartilhada!

O princípio do código aberto, instaurado por Linus Torvalds em seu sistema operacional (o Linux), que veio como opção ao império do Windows, agora se estende ao campo do conhecimento enciclopédico com aquela que pretendia ser a “Alexandria dos tempos modernos”: a Wikipedia.

Imaginem só: em menos de cinco anos, esta enciclopédia livre online alcançou o número de verbetes maior do que a secular Enciclopédia Britânica!

É bem verdade que nos últimos anos a Wikipedia tem perdido seu lugar de destaque entre os primeiros resultados do Google frente a um novo fenômeno reconhecido como o marketing de conteúdo. Ou seja, as empresas descobriram que precisam se relacionar com o seu público muito antes de vender e, para tal, precisariam tornar-se ou pelo menos aparentar que são “autoridades” em suas áreas de atuação!

Moral da história: os blogs se tornaram os veículos de mídia mais poderosos e até mesmo os direitos autorais podem agora ser preservados em publicações eletrônicas através de licenças públicas como o Creative Commons e a Science Commons, abrindo assim novos horizontes em termos de acessibilidade a livros, revistas, periódicos científicos e diversos formatos novos de conteúdos.

Não há mais limites para geração e propagação do conhecimento humano!

Limites aos avatares

Outro avanço que quando surgiu causou um verdadeiro furor na comunidade online foi o Second Life, uma espécie de “mundo virtual” na rede em que os internautas interagem entre si através de personagens virtuais chamados Avatares.

Este verdadeiro “universo paralelo” foi criado em 2003 pelo americano Philip Rosedale, tendo sua criação extrapolado os limites da brincadeira quando o guru da propriedade intelectual na internet, Lawrence Lessig, deu a ideia de fazer com que os usuários ganhassem a “posse real” de suas invenções e propriedades virtuais…

A partir daí, as possibilidades ficaram ilimitadas! Abriram-se as portas para o comércio eletrônico de “ativos irreais” através de uma moeda virtual: o Linden Dólar. Com isso, a “corretagem de terrenos e casas virtuais” fez os primeiros “milionários reais” e muitas empresas criaram até mesmo seus próprios espaços virtuais…

Entre as pioneiras nesta iniciativa, estava a gigante e tradicional IBM que logo no início (em 2007 mais precisamente) anunciou o investimento de 10 milhões de “dólares reais” no Second Life, justificando uma “economia real” do número de teleconferências entre os seu milhares de funcionários ao redor do mundo.

Hoje sabemos que o Linden Dólar não alcançaria tanta fama, mas deu origem às criptomoedas que sacudiram os tradicionais mercados de Wall Street!

O fato é que os especialistas estão projetando, com as tecnologias de inteligência artificial e realidade aumentada, uma “nova onda de desenvolvimentos web” com a mesma propulsão que a própria internet teve nos anos 90.

Num futuro bem próximo, não serão mais criadas somente websites e blogs, mas sim “espaços virtuais” onde as relações virtuais serão mais reais e em três dimensões, claro! Espero que você já tenha criado seu avatar!!!

Créditos:

Autoria por ricardobarreto.com

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Saiba mais:

  1. Barreto, R. L. ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed., Editor-Autor, 2008.
  2. Eco, U. Veja, 2003, 1821, 76-77.

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