CULTURA versus SUPERFICIALIDADE § 58 – 60

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§ 58

O perigo da “espiral de curtição”. O supérfluo é imposto às pessoas sem que elas se apercebam. No mundo de hoje, ao curtir um post no facebook ou assistir a um video no Netflix, [*] ninguém fica imaginando que existe um sutil mecanismo de inteligência artificial, literalmente um “robozinho” por trás da tela avaliando continuamente nosso perfil, através de complexos algoritmos de machine learning que nos sugerem conteúdos relacionados numa espécie de “espiral de curtição” que acaba por limitar nossa “visão” de outras postagens que poderiam até ser bem mais interessantes… 1 É exatamente este fenômeno que tem acontecido no dia a dia da vida das pessoas. Seguimos padrões de comportamento que são perfeitamente previsíveis e dão cada vez mais força aos tais “robozinhos”. Na verdade, nos tornamos muito parecidos com eles! Se um jogador de futebol pinta o cabelo de amarelo e dá uma “lambida” para frente, toca todo mundo a fazê-lo… Não existe mais senso crítico. Estamos à mercê da superficialidade.

§ 59

Os “evangelistas” dos tempos modernos. Não pense você que são eles pregadores religiosos. Longe disso. Os encontrará ao contabilizar milhares de seguidores no facebook, seus interesses no Twitter e, o mais importante, se é declaradamente um entusiasta das novas tecnologias. O “evangelista moderno” gosta de ser sempre o primeiro a experimentar as últimas inovações, num ritmo tão acelerado quanto a própria competição nestes mercados, em que as organizações que “brilham” são ágeis, porém temporárias. São chamadas de startups e primam pela alta capacidade de mudança, promovendo verdadeira revoluções no modo como os produtos e serviços são percebidos, em espaços de valor nunca dantes imaginados… Quem iria imaginar que um Uber acabaria com os taxistas e um Netflix acabaria com o “estrelato” de Hollywood! Foi Steve Blanck, o verdadeiro “guru” do Vale do Silício, quem cunhou o termo earlyvangelist que já é considerado um dos mais importantes neologismos do século XXI. 2

§ 60

Importância das experiências de valor. As redes sociais, ao aglutinar pessoas num debate “virtual” de ideias, representam hoje aquilo que as Ágoras o foram na Grécia antiga. O único problema é que, na falta de boas ideias, o que se discute muitas vezes é a fofoca mais quente do momento, enquanto deveriam estar falando da mais nova tecnologia que irá revolucionar a vida das pessoas! Como podemos então nos livrar desta verdadeira “anticultura” que aniquila a geração de valor? A cultura que nos importa verdadeiramente se constrói pela sucessão de inúmeras interações com earlyvangelists. O desafio é romper com a escassez de conteúdo relevante na medida que somos constantemente desviados pelos “generalistas”, perdendo o foco daquilo que nos levaria a um patamar de conhecimento inimaginável. Não deixe sua vida se tornar um laboratório vazio de ideias. Cultive experiências de valor. Viva no ecossistema das startups e será surpreendido por elas.


[*] Interessante a reportagem publicada na revista Wired de outubro de 2014 que relata um experimento realizado pelo jornalista Mat Honan que simulou ser o “usuário perfeito” do facebook, curtindo exatamente tudo o que visse na rede até o limite de dar um verdadeiro “nó” na cabeça do tal “robozinho” de avaliação de perfil…

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Gostou? Mãos ao BUZZ nas redes!

Saiba mais:

1. MacCormick, John, Nine algorithms that changed the future, the ingenious ideas tha drive today´s computers, Princeton University Press, New Jersey, 2012.

2. Blank, S. G. The four steps to the epiphany: Successful strategies for products that win. Califórnia, 2007.

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