CULTURA versus SUPERFICIALIDADE § 61 – 63

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§ 61

Um jogo de estatísticas a dois: projetos de valor. E se o foco da grande maioria das pessoas estiver justamente no sentido contrário ao das “experiências de valor”? Não importa. A validade está justamente na experiência contínua de tentativa e erro. Se eventualmente destruir valor, isto mais cedo ou mais tarde será percebido e haverá chances de se compensar com outras experiências de valor, desde que continue sempre tentando. Pense, por exemplo, nos relacionamentos conjugais. Foi-se o tempo em que o matrimônio era indissolúvel. Muitos sabem o quão difícil é acertar de primeira… Sofremos e fazemos os outros sofrerem, até amadurecer e encontrar aqueles com quem a “equação de valor” torne-se finalmente positiva. Quando trabalhamos em “projetos de valor”, no médio e longo prazo, também é imperioso saber este jogo de estatísticas. Quantos projetos fracassados precisam acontecer até chegar naquele que transforma o rumo das coisas? Foco, portanto, é literalmente “jogar a favor” da experimentação. Só assim poderá nos levar a um novo patamar de desempenho em qualquer tipo de relacionamento!

§ 62

A falácia da lei de atração. Por acaso não existe uma técnica para melhorarmos os resultados destes “experimentos de valor”? Algo assim mais científico como a química, em que misturamos os reagentes, preparamos o meio reacional e só esperamos para isolar os produtos. Se eu não fosse químico orgânico sintético, ficaria ainda mais surpreso com a aparente facilidade de se gerar tantos “produtos mentais” no dia-a-dia das nossas vidas… Mas qual foi o rendimento? E a pureza?? Essas “fórmulas” invariavelmente escondem a complexidade de se reproduzir os resultados, haja vista o universo que se encadeia por múltiplos fatores. É como a teoria de “O Segredo”, propalada como se fosse uma revelação dos sábios de várias épocas. Dizem até que filósofos, pesquisadores e líderes a esconderam por muito tempo em sociedades secretas e que, na verdade, é uma fórmula extremamente simples, definida simplesmente pela “lei de atração”. Diferentemente da física, neste caso a atração é literalmente a “fórmula do sucesso”, em que as grandes conquistas dependem única e exclusivamente da força dos nossos pensamentos. Confesso que já assisti ao famoso documentário; já li o não menos famoso livro; e já pratiquei um bocado. De fato, obtive alguns acertos decisivos em minha vida. No entanto, confesso que muitas vezes me deparo com dificuldades para manter o controle e a força dos pensamentos direcionados. Percebi que os três passos de “O segredo” (pedir, crer e receber) são ainda mais simples do que os sete passos do nosso ciclo de cultura de valor, no entanto cheguei à conclusão de que, filosoficamente, não estão corretos apesar dos inúmeros resultados práticos.

§ 63

Céticos materialistas: uma aparente dicotomia. Acabamos de ver que o “generalismo” nos leva ao erro da superficialidade. Mas estes três ou até mesmo sete passos, a dita “fórmula” da sabedoria, não generalizam a profundidade dos conhecimentos de milênios de estudos e teorias religiosas e filosóficas? Pensar assim seria outro grande erro. Não devemos confundir “generalismo” com “minimalismo”. Até hoje grandes cientistas como Albert Einstein e Stephen Hawking buscam a unificação das leis da física, conectando o universo macroscópico com o universo quântico.1 Por que será então que os grandes pensadores também não poderiam buscar uma fórmula única que fosse capaz de sintetizar todas as crenças e que explicaria os fenômenos da consciência nos planos físico e sutil ao mesmo tempo? Ao que tudo indica, nesta corrida pela compreensão do universo cósmico, os “céticos materialistas” estão ficando cada vez mais para trás… Acontece que, desta aparente dicotomia, o caminho por eles percorrido levará exatamente ao mesmo ponto! Mas voltaremos exatamente neste ponto lá no finalzinho desta obra. Aguardem.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Stephen Hawking, A Brief History of Time, New York: Bantam Books, 1988.

CULTURA versus SUPERFICIALIDADE § 58 – 60

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§ 58

O perigo da “espiral de curtição”. O supérfluo é imposto às pessoas sem que elas se apercebam. No mundo de hoje, ao curtir um post no facebook ou assistir a um video no Netflix, [*] ninguém fica imaginando que existe um sutil mecanismo de inteligência artificial, literalmente um “robozinho” por trás da tela avaliando continuamente nosso perfil, através de complexos algoritmos de machine learning que nos sugerem conteúdos relacionados numa espécie de “espiral de curtição” que acaba por limitar nossa “visão” de outras postagens que poderiam até ser bem mais interessantes… 1 É exatamente este fenômeno que tem acontecido no dia a dia da vida das pessoas. Seguimos padrões de comportamento que são perfeitamente previsíveis e dão cada vez mais força aos tais “robozinhos”. Na verdade, nos tornamos muito parecidos com eles! Se um jogador de futebol pinta o cabelo de amarelo e dá uma “lambida” para frente, toca todo mundo a fazê-lo… Não existe mais senso crítico. Estamos à mercê da superficialidade.

§ 59

Os “evangelistas” dos tempos modernos. Não pense você que são eles pregadores religiosos. Longe disso. Os encontrará ao contabilizar milhares de seguidores no facebook, seus interesses no Twitter e, o mais importante, se é declaradamente um entusiasta das novas tecnologias. O “evangelista moderno” gosta de ser sempre o primeiro a experimentar as últimas inovações, num ritmo tão acelerado quanto a própria competição nestes mercados, em que as organizações que “brilham” são ágeis, porém temporárias. São chamadas de startups e primam pela alta capacidade de mudança, promovendo verdadeira revoluções no modo como os produtos e serviços são percebidos, em espaços de valor nunca dantes imaginados… Quem iria imaginar que um Uber acabaria com os taxistas e um Netflix acabaria com o “estrelato” de Hollywood! Foi Steve Blanck, o verdadeiro “guru” do Vale do Silício, quem cunhou o termo earlyvangelist que já é considerado um dos mais importantes neologismos do século XXI. 2

§ 60

Importância das experiências de valor. As redes sociais, ao aglutinar pessoas num debate “virtual” de ideias, representam hoje aquilo que as Ágoras o foram na Grécia antiga. O único problema é que, na falta de boas ideias, o que se discute muitas vezes é a fofoca mais quente do momento, enquanto deveriam estar falando da mais nova tecnologia que irá revolucionar a vida das pessoas! Como podemos então nos livrar desta verdadeira “anticultura” que aniquila a geração de valor? A cultura que nos importa verdadeiramente se constrói pela sucessão de inúmeras interações com earlyvangelists. O desafio é romper com a escassez de conteúdo relevante na medida que somos constantemente desviados pelos “generalistas”, perdendo o foco daquilo que nos levaria a um patamar de conhecimento inimaginável. Não deixe sua vida se tornar um laboratório vazio de ideias. Cultive experiências de valor. Viva no ecossistema das startups e será surpreendido por elas.


[*] Interessante a reportagem publicada na revista Wired de outubro de 2014 que relata um experimento realizado pelo jornalista Mat Honan que simulou ser o “usuário perfeito” do facebook, curtindo exatamente tudo o que visse na rede até o limite de dar um verdadeiro “nó” na cabeça do tal “robozinho” de avaliação de perfil…

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. MacCormick, John, Nine algorithms that changed the future, the ingenious ideas tha drive today´s computers, Princeton University Press, New Jersey, 2012.

2. Blank, S. G. The four steps to the epiphany: Successful strategies for products that win. Califórnia, 2007.

CULTURA versus SUPERFICIALIDADE § 55 – 57

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§ 55

YouTube versus Jane Austen. Insana comparação! Mas qual seria a melhor explicação para tanta coisa supérflua que nos rodeia hoje em dia? Difícil mesmo de entender… Somente quando lemos um romance de Jane Austen transparece a brutal mudança de hábitos num espaço de tempo de um pouco mais de 200 anos. 1

Foto em preto e branco de rosto de pessoa visto de perto

Descrição gerada automaticamente
Figura. Jane Austen: escritora inglesa de incomparável percepção.

Nem é preciso ir tão longe assim. Tente lembrar-se dos hábitos familiares na sua infância. Com certeza notará muitas diferenças! Na minha casa, por exemplo, era “sagrada” a reunião na sala, todos a postos no sofá para curtir o Fantástico da TV Globo no domingo. Hoje, se o leitor me visitar por volta das 21h de um domingo qualquer, certamente encontrará um ser em “posição de lótus” numa poltrona, pesquisando no Google algo que tenha chamado atenção na leitura dominical edificante, minha esposa estirada no sofá atualizando-se no iPhone e minha filhinha, claro, assistindo as últimas dicas de maquiagem da sua YouTuber preferida no iPad! Ora, qual seria o título que Jane Austen escreveria se estivesse entre nós neste momento? Ah, seria um vídeo bem curtinho: com uns 3 likes e apenas um “cheiro” de sense and sensibility… [hehe]   

§ 56

Ciência e tecnologia. A mudança de hábitos ocorreu, indubitavelmente, na mesma velocidade que vieram os progressos da ciência e as suas mais variadas aplicações tecnológicas no cotidiano das pessoas. Nunca, em toda história da humanidade, foram vistas tantas inovações tecnológicas aparecerem e desaparecerem, moldando nossas vidas e hábitos mais arraigados. Se me perguntarem qual seria o barato de ter um aparelho de fax, não titubearia em responder com a emoção daquele bipe… Já minha filhinha, ao mesmo tempo que edita uma foto para postar no Instagram, responderia com outra pergunta: mas este tal “bipe” serve pra quê?! Quanta tecnologia vai e vem, mas pensem comigo: será que precisamos mesmo de tudo isso? Não pensem vocês que a culpa é da ciência ou dos empreendedores. De forma alguma. Sempre as respostas remontam a questões mais filosóficas…

§ 57

Dinheiro ou poder? Ambos. Vamos primeiramente refletir sobre o que leva o homem a desenvolver tais tecnologias. Sim, o que os move, via de regra, é a saga por conquistar dinheiro e poder. Assim, garante-se praticamente todos os seus anseios no plano material. Mas Fernando Pessoa diria que “sempre falta uma coisa: uma frase, um copo, uma brisa”, forçando-nos a descer mais um degrau na análise. Por que o homem precisa de tanto dinheiro? Será mesmo que precisamos ir além do minimamente necessário para sobrevivência, conforto e a segurança da família?? Tudo que nos ilude se resume em comodidade, prazer e previdência. Nada mais. A humanidade é materialista por natureza. Seguem seus instintos de forma consciente ou inconsciente. Muitas vezes não se apercebem que suas ações e hábitos estão sendo moldados de acordo com os costumes da época que estão vivendo, mais propriamente das tecnologias em voga que ditam as formas de relacionamento. Isto não quer dizer que toda e qualquer tecnologia é desnecessária. Não tenho dúvidas de que o aparelho de fax deveria ser algo vital para uma corretora de seguros nas décadas de 80 e 90, assim como o Instagram o é hoje para cultivar as amizades… No fundo, o que dita os avanços tecnológicos, são as próprias necessidades e desejos humanos. São eles que mudam e não o contrário. Pronto, falei.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1Jane Austen, Pride and Prejudice (Orgulho e Preconceito) terminado em 1797 e publicado somente em 1813.