ESTÉTICA: o que é “belo” de fato?

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O conceito de “belo”, ao contrário do que pode parecer num primeiro momento, está diretamente relacionado à noção de Deus, haja vista o pressuposto da perfeição como ideal imanente…

As “coisas belas” são simplesmente uma sutil e efêmera expressão da perfeição absoluta, refletindo a harmonia em suas duas únicas formas: a simetria e o equilíbrio.

Já os “seres belos” caracterizam-se pela evolução moral, dado que a elevação dos PENSAMENTOs resulta na delicadeza dos seus traços. Já a animalização dos INSTINTOs produz, contrariamente, formas mais grotescas.

Quem nunca teve contato com uma pessoa que, pelo carisma e simpatia, nos parecia muito mais “bela” do que realmente era? Pode-se pensar, decerto, que a beleza dos seres é “o espelho de suas almas”…

O belo

Mas o que vem a ser, afinal, o “belo” ? Seria esta uma questão relativa ou existiria um conceito absoluto que o descreva?? Muitos podem até achar determinada pessoa (ou coisa) bonita, enquanto outros sequer lhe dariam importância… O que está por trás, então, dessa noção de MARAVILHA que tanto apreciamos e almejamos???

Certamente, muitos já se embrenharam pelo tema, de modo que não me cabe trazer ao Leitor nada de novo. Talvez valesse a pena somente refletir um pouco mais a fundo e, quiçá, obter algumas percepções interessantes…

A tese que nos propusemos a defender pode ser considerada um tanto quanto ousada e imagino que alguns devem até se indispor profusamente… Mesmo assim, tenho certeza de que estes hão de ponderar, minimamente, sobre os argumentos aqui apresentados. Vamos lá?!

A tese

Inicio arriscando-me a dizer que, em toda história da humanidade, em raríssimos momentos, algumas mentes geniais, como as de um Da Vinci, Einstein ou um Mozart, certamente em Estado Alterado de Consciência, puderam contatar, mesmo que de relance, esferas elevadas e nos brindar, ao menos, com uma amostra da perfeição DIVINA!

A beleza pode se manifestar de diversas formas, conquanto haja reflexos de simetria e equilíbrio: seus atributos divinos!

Poderíamos imaginar erroneamente que somente as coisas materiais são passíveis de apreciação, pelo simples fato de assumirem forma física e poderem, assim, impressionar os nossos sentidos.

Não obstante, esta visão é totalmente equivocada, porque relega a beleza ao concretismo, sendo ela constituída, outrossim, por conceitos muito mais abstratos e sublimes de harmonia.

Não podemos nos esquecer de que, além dos nossos cinco sentidos materiais, existe ainda mais um (diga-se de passagem bem aguçado): a percepção consciencial. É ela que dita a sintonia que existe entre os seres, de forma construtiva ou destrutiva, de acordo com a empatia ou antipatia de ambos… A pura gênese do amor!

É ele (o amor) o “fiel da balança”, que pode pôr beleza na feiúra ou depreciar o que é apenas bonitinho, revelando o nada!

Conduta estética (ou falta de…)

O pior tipo de falta de conduta estética, que rompe irremediavelmente com a autoestima dos seres, acontece quando a própria pessoa não se acha bonita. Este tipo de comportamento tem aumentado de forma assustadora nos últimos tempos, sendo responsável por uma parcela considerável das consultas psiquiátricas…

Várias doenças, tais como a anorexia nervosa e bulimia, estão diretamente relacionadas à Síndrome PIB, ou do Padrão Inatingível de Beleza, cujas estimativas apontam para um índice de ocorrência de mais de 1% da população mundial.

Diante da gravidade do fato, urge que se responda ao seguinte questionamento: por que as pessoas estão passando por cima até da FOME, um instinto absolutamente essencial à sua sobrevivência?!

O reconhecido psiquiatra brasileiro, Augusto Cury, nos dá uma resposta bastante convincente. Basicamente, a TV (e hoje mais propriamente a internet ou o YouTube) seria a grande responsável pela propagação de uma imagem irreal de beleza no inconsciente coletivo da sociedade, pautada pelas modelos magérrimas, apresentadas não somente nos desfiles de moda, assim como também em programas comuns como novelas, filmes, seriados e, porque não dizer, os selfies do Insta, stories do face, etc.

A confirmação desta tese veio em 2002 com um artigo científico publicado na renomada revista The British Journal of Psychiatry, mostrando o impacto da TV na mudança dos hábitos alimentares e no comportamento das mulheres das Ilhas Fiji, no pacífico, após os três primeiros anos de exposição, a partir de 1995.

Os pesquisadores detectaram que, depois que a TV passou a exibir mulheres magras e com beleza incomum, as nativas das Ilhas Fiji começaram a fazer dietas e apresentar transtornos alimentares como anorexia e bulimia, doenças que antes eram praticamente inexistentes nesta comunidade. Impressionante, não?!

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Sem dúvida, estes e outros comportamentos mais recentes da sociedade da era da informação, representam um fato inquestionável que merece nossa atenção e reflexão, com o intuito de tomarmos atitudes que comecem a romper estigmas impingidos pelos veículos de comunicação de massa.

Quanto à “beleza das coisas” (entendendo por “coisas” como sendo tudo quanto for obra materializada pelo homem) não tenho muito a ponderar, pois refletem apenas de maneira muito difusa e imprecisa aquilo de que só temos apenas uma leve impressão…

Uma linda Ferrari, sob o comando infalível de ninguém mais que um Michael Schumacher, ou até mesmo um modelito exuberante da Dior, delineado pelo corpo de uma estonteante Gisele Bünchen, não deixariam de ser somente “bonitinhos” (e não “belos”) diante da beleza suprema da natureza, a maior e a mais bela de todas as revelações divinas.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Cury, A. J. A Ditadura da Beleza e a Revolução das Mulheres, Rio de Janeiro: Sextante, 2005.

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