AMOR versus PAIXÃO 142 – 144

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§ 142

A tragédia dos comuns. Tenha paixão pela vida! Seja, assim, capaz de sustentar a ousadia e disciplina tão necessárias ao ciclo de feedback consciencial. Antes de mais nada, forçoso é desligar o “botão do automático”, aquele que nos impulsiona, dia após dia, pela “tragédia dos comuns”, a vida sem graça, igual à massa, sem propósito… Enfim, não deixe que a “coisa” tome conta do seu Ser! A “coisa” é uma doença, mais propriamente uma síndrome, conforme o mestre iogue Hermógenes já nos ensinava há um bom tempo…1 Independente da esfera de interação (pessoal, profissional ou social), você precisa parar minimamente alguns minutinhos por dia para refletir e tabular suas observações. Mais do que isso, você precisa, de tempos em tempos, de aferir a repercussão do que está fazendo. E, acima de tudo, você precisa de analisar os dados gerados. Nesta obra nos propusemos a apresentar técnicas para realizar estes processos de forma metódica e natural. Basta a disciplina e o esmero necessários ao aprendiz que deseje habilitar-se na arte da autorealização, desvencilhando o Ser da “instituição religiosa” que, por vezes, atrapalha… Urge fazer muitas perguntas e buscar as respostas dentro de si, da consciência e pela interação com outras consciências, bem como a prática das técnicas de conexão com o Criador, rumo ao estado de supraconsciência. 

§ 143

A ciência sagrada. Não quero dizer que as religiões de nada valem. Longe de mim propalar tal blasfêmia! Elas são fundamentais ao processo evolutivo de todo Ser. Acontece que, na forma de instituição humana, elas começam a perder o sentido a partir de certo grau de depuração da consciência, em que os estados de supraconsciência passam a ser mais constantes e as amarras do plano físico deixam paulatinamente de ter efeito. Neste estado, o estudo da consciência e das suas interações, física e sutil, passam a fazer muito mais sentido… Estes estudos compõem o arcabouço de uma ciência sagrada milenar: a Ioga. Por isso, instigo o leitor, quase como uma missão, a conhecer esta ciência, degustando-a e experienciado-a aos poucos, em doses homeopáticas, como o néctar que dá a energia para as asas que vibram a beleza de um beija-flor!

§ 144

Amor maior. A ciência da Ioga é sagrada porque nos conecta a Deus. Mas como saberei que atingi tal conexão? Já ouvi muitos religiosos dizerem que “conversaram” com Deus, pela oração ou meditação, mas em verdade pouquíssimos Seres atingem, de fato, tal proeza… Conectar-se a Deus significa amar sem limites. Não existe amor maior que ele: o amor de Deus. Como enxergar a luz divina a todo instante, em tudo e em todos?! O guru Paramahansa Yogananda, um dos poucos que viveram na Terra nas últimas décadas e conseguiram vivenciar esta dádiva, por falta de palavras mais apropriadas, descreve a experiência mais ou menos assim:

Um único lampejo do amor divino equivaleria à soma de todos os prazeres humanos imagináveis e inimagináveis, mesmo que durassem por toda a eternidade!

Estou lendo as confissões de Santo Agostinho e confesso que fiquei encantado com a profundidade e sabedoria das suas palavras.2 Tomei-o, desde então, como exemplo de um cristão que, pela dor aliada ao conhecimento, encontrou o caminho para Deus aqui mesmo, em vida, mesmo já tendo passado por tantas tentações e pecados, por assim dizer… Em verdade, o amor na sua forma mais pura nos une à essência divina que se encontra dentro de cada um de nós. Basta vibrar em consonância com o “Espírito Santo”, o espírito é Deus!     

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Prof. Hermógenes, Autoperfeição com Hatha Yoga: um clássico sobre saúde e qualidade de vida, 50a ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2009.

2. Agostinho, Confissões, vol. 1, Rio de Janeiro: Petra, 2020.

AMOR versus PAIXÃO 139 – 141

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§ 139

Verdadeira felicidade. Então quer dizer que o valor da felicidade não se propaga? Estranho pensar numa alegria que não seja contagiante… Veja, não se trata aqui da “alegria exterior”, aquela que se manifesta de maneira desmesurada, pela gargalhada ou galhofa. A felicidade verdadeira é contida, mais propriamente uma alegria silenciosa que se manifesta no “Eu” interior pelo profundo sentimento de prazer e complacência magna em existir, uma gratidão sem limites por aquele que nos criou a sua imagem e semelhança… É a simplicidade capaz de apreciar o “agora” ao contemplar com leveza o vento batendo nas árvores, ouvindo o farfalhar da folhas da árvore de eucalipto exalando seu perfume tão gostoso no ar e se integrando àquele momento que se torna único, como parte do Cosmo, aguçando a Cosmovisão!!

§ 140

Consciência enxuta ou lean consciousness. Sim, mas quais seriam os processos mentais para elicitar estes valores de estado ou despertar a prática dos valores de ação? Não poderia deixar de voltar neste que talvez seja um dos pontos mais importantes desta obra! Vamos agora entender o conceito da “consciência enxuta” ou lean consciousness, extrapolando para sua língua originária. Na verdade, este conceito é uma transposição do universo empresarial, mais especificamente do movimento lean startup, propalado por Eric Ries.1 Recomendo a leitura do seu livro para o devido aprofundamento no tema. E, ainda mais importante, vamos aprender uma nova técnica para colocá-lo em prática no nosso dia a dia, em cada uma das nossas atitudes. Ah, se tivéssemos a mesma disciplina dos grandes gestores empresariais para gerar valor em nossas vidas…

§ 141

Um processo cíclico de feedback consciencial. Falando em disciplina não poderia deixar de propor um processo para facilitar a geração de valor em nossas vidas através dos seguintes passos: Construa, Meça e Aprenda. Trata-se, em realidade, de mais uma adaptação do feedback loop de Eric Ries. Sim, nossas consciências são como as startups de Eric! Neste caso, são entidades não temporárias que transformam suas crenças em valores e não ideias em produtos inovadores… À medida que estas consciências interagem umas com as outras (nossos clientes) são gerados ciclos de feedbacks contínuos, alimentando uma enorme base de dados que fica registrada em nossa memória, os quais podem ser qualitativos (como os comentários sobre um post seu no facebook) ou quantitativos (como a razão do número de curtidas do referido post e o número de conexões da sua rede de amigos). Veja que o “mundo virtual” oferece ferramentas incríveis para medir suas interações no “mundo real”! O diagrama a seguir dá uma visão clara do fluxo deste processo cíclico de feedback consciencial.

Figura. Ciclo de feedback consciencial.

            O ciclo de feedback consciencial é, portanto, uma técnica de aceleração da evolução da consciência. É como numa empresa: aqueles que gerarem os melhores resultados, conjugando eficácia com eficiência, são os que irão crescer rapidamente nos altos escalões da empresa, galgando os maiores salários, muito embora, diga-se de passagem, que isto não seja o que interessa, no final do dia, aos que estão lendo estas palavras…

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Ries, Eric. The lean stratup, 1st ed. New York, 2011.

AMOR versus PAIXÃO 136 – 138

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #amor #paixão #impermanência #valoresdeação #valoresdeestado

§ 136

Amor é amar. Existe de fato uma “fórmula” para o amor? Os neurocientistas até já encontraram o hormônio do amor: a tal da ocitocina. Quando uma pessoa tem um orgasmo, a ocitocina é liberada e um dos efeitos é de nos fazer sentirmos ligados uns aos outros.1 Mas não se enganem porque este é meramente um efeito fisiológico deste valor tão sublime… Também não podemos simplificá-lo ao extremo com definições puramente espiritualistas do tipo “o amor é a manifestação mais pura da alma”, nem tampouco sentimentalistas do gênero poético como “o amor é fogo que arde sem se ver”. Seria muita inocência! Preciso é, outrossim, conciliar de um lado a verificação científica com os mecanismos mais complexos dos processos mentais originários da consciência que levam à experiência do amor. Aquele que se propaga, como todo valor, atingindo outras consciências. Agora, se tudo isso lhe soar uma perda de tempo, apenas vivencie a “verdade” por trás da idiossincrasia “ramalhiana”: amor é amar. Mais Zen impossível!

§ 137

Da impermanência da paixão. Acontece que o amor tem uma peculiaridade que o torna um valor único e singular em suas consequências. É aquele cujo “efeito de rede”, de reação em cadeia, de viralização, tem a maior intensidade. Talvez isto decorra, a priori, da sensação de prazer gerada pelos efeitos fisiológicos já mencionados. O fato é que são estes efeitos muito poderosos… Existem diversas manifestações do ato de amar. O amor a Deus, o amor filial, paternal e maternal, o amor à pátria, à natureza, à humanidade, aos animais, enfim, são inúmeras as formas de se amar! Vejamos o porquê através do exemplo do amor conjugal. Se minha esposa diz que me ama, suas ações devem confirmar este fato. Isto que torna o seu amor verdadeiro. O amor pode se manifestar num afago despretensioso, numa palavra de alento, num bom dia sincero ou no mais simples ato de cuidar. Quer dizer: colocar o leite na xícara sem pedir, trazer a água da noite ou até mesmo ao dividir o banheiro nas horas íntimas… Sim, se não for em hospital ou albergue, isto só se faz com quem se ama!! Já a paixão é o contrário disso. Não tem nada de estável. Inicia-se com intensidade desmesurada, regada de sentimento, porém totalmente descontrolada acaba rompendo com a racionalidade que é o que mantém o ser em equilíbrio. Aí se esvai e passa a perecer um pouquinho a cada instante. Vem primeiro o ciúme. O sentimento de possessão do outro. A vontade de querer mudar o outro e não olhar pra si. Vem ainda aquela vontade egoísta de perseguir somente os seus sonhos, passando por cima de tudo quanto o seu companheiro gosta e zela. E é exatamente por isso que não dura! A paixão é o mais puro reflexo daquilo que chamamos, no budismo, de “impermanência”. Ou seja, a finitude das coisas materiais, do “mundo da forma”, da realidade manifesta… Tão efêmera como a nossa vida perante a eternidade, o não-manifesto!

§ 138

Um valor de ação. O amor, tal como aqui o definimos, é o segundo estágio dos processos mentais geradores dos valores de ação. Para explicarmos, forçoso é lançar mão de uma categorização muito importante. Temos, essencialmente, dois tipos de valores sutis: os “valores de estado” e os “valores de ação”, com gradações conforme ilustrado a seguir:

Figura. Gradação dos valores sutis.

Os “valores de ação” se caracterizam pela capacidade de propagação, enquanto os “valores de estado” se caracterizam pela sua capacidade de introspecção.

Deve-se observar, no entanto, que esta gradação não é estanque. Ou seja, posso desenvolver a princípio o estado de paz e, ao mesmo tempo, elicitar, aos poucos, o estado de felicidade. O mesmo se aplica aos valores de ação e, portanto, a verdade só pode se manifestar depois de muita prática dos valores de poder e amor.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Young, L. J., Wang Z. (2004). The neurobiology of pair bonding. Nature Neuroscience , 7(10), 1048-1054.

SOFREGUIDÃO: lições de amor *

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A embriaguez da mente,

no torpor da dor…

Qual ferida pungente,

ameniza o amor!

§

Sofrendo e ensinando,

estes “pobres de espírito”…

Na Terra, só desencantos.

Na morte, esplendor garrido!

§

Muitos por eles oram,

compadecidos…

Outros os ignoram,

desapercebidos!

§

Doutos d´alma,

mestres da dor…

Em seu leito de morte,

professam o amor!

* Homenagem ao grupo assistencial Socorro Fraterno de meus pais no CEAK, Campinas-SP.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.