Sobre a inteligência tecnológica

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Vimos anteriormente a importância vital da “inteligência científica” para o futuro das nações que almejam um papel protagonista no mundo moderno. Agora veremos o papel não menos importante da “inteligência tecnológica” que dita como as organizações podem superar a concorrência e navegar com tranquilidade e bonança nas águas inexploradas e cheias de surpresas reservadas aos novos espaços de valor.1   

Todos sabemos que inovar não é tarefa fácil. São muitos os desafios e barreiras para inovação! E acreditem: as maiores muitas vezes não são tecnológicas, mas sim as culturais… Quem não se apraz com a previsibilidade dos mercados mais amadurecidos e qual CEO não gosta de ter a certeza de que entregará os resultados prometidos ao conselho?  E, diga-se de passagem, garantir seu bônus polpudo e preservar o emprego para o próximo exercício fiscal… [rss]

Bem, é exatamente por isso que eu gosto daquelas empresas que são governadas pelos seus fundadores. Elas refletem a visão do fundador e, assim, não ficam impregnadas da visão “cômoda” daqueles que são movidos por preservar o status quo. Comecemos, então, falando deles (os empreendendores). São eles que, no “final do dia”, tomam as decisões que chacoalham o “mundo tecnológico” e que, merecidamente, ficarão para história!

O empreendedor

Há, deveras, muita confusão sobre como atribuir quem é ou não é empreendedor. Muito fácil de encontrar uma definição pelos traços de perfil que se esperam deles. Isto muitos já o fizeram! Não se trata somente de ter as características propícias para empreender. Empreendedor é coisa rara mesmo. Eu diria que empreendedor é como gênio: com sorte (e, claro, frequentando os lugares certos) a gente pode até encontrar um ou outro pela vida profissional…

Para ser empreendedor tem sim que ter todas as características apontadas pelos teóricos da inovação. No entanto, é ainda preciso ter qualquer coisa de “guru”, de MacGyver, de provocador, de controverso… Mas o importante mesmo é que tenha criado pelo menos uma grande inovação tecnológica, qual seja aquela capaz de impactar a economia de uma cidade, de um estado, de um país ou, porque não dizer, do mundo!

Veja, é tudo uma questão de referencial e escalabilidade. Não importa se estamos falando de milhares, milhões ou bilhões! O impacto se mede, outrossim, pela geração de empregos, renda e, porque não lembrar os políticos, de impostos que são revertidos como benefício social a toda população abrangida pelos seus empreendimentos. Desde a padaria do Sr. José da Esquina que inovou no modelo de entrega através de um novo aplicativo mais prático que o iFood até o eterno ícone do Vale do Silício. Sim, ele mesmo: Steve Jobs.    

Figura. Steve Jobs: o estereótipo do empreendedor.

Longe de ser um modelo como pessoa (marido ou pai) e nem tampouco como gestor (ou CEO), podem falar o que for! Para mim, após ler e apreciar no detalhe cada página da sua minuciosa biografia por Walter Isaacson,2 não restam dúvidas: para uma grande inovação não é preciso ser o gênio (este era o Wozniak e ainda o é). Deve-se ter a audaz perspicácia para fazer a “ponte” entre o que o cliente ainda não sabe que precisa e o que ainda não se sabe como fazer… Isto é inovar.

O fato é que por trás de um Jobs sempre haverá um Wozniak. E, for God sake, por trás de um Wozniak sempre haverá um Jobs!

Portanto, meus caros, se fosse resumir em uma só palavra que expresse a “cara do empreendedor”: seria sem sombra de dúvidas PROVOCADOR. Sim, ele deve respirar a “ousadia da criação” em cada mólecula de O2 que penetra em suas narinas!

A startup

Não poderia fechar sem falar delas, as “obras-primas” dessas mentes tão criativas. Dizem que as startups são organizações temporárias e digo, por experiência própria, que realmente o são.[*] Pense rápido numa startup de sucesso: Amazon, Netflix, Google, Uber, whatever… O que elas têm em comum? Sim, a disrupção. Eis uma palavra, cujo significado recomendo que fique “cravado” em vossas mentes!

Foi o saudoso Prof. Clayton Christensen quem nos ensinou seu significado.3,4 A disrupção nada mais é do que um salto de performance, do produto, do processo ou do modelo de negócios da empresa que o promove. Este salto é muito arriscado, mas ao mesmo tempo, quando bem-sucedido, leva a um novo patamar de desempenho que descortina um horizonte de valor nunca antes perscrutado.

Aqui devo fazer jus a um empreendedor serial desconhecido para o público amplo, mas que sem dúvida está deixando sua marca para muitos dos empreendedores de sucesso mundo afora e não somente no Vale do Silício… Ele se chama Steve Blank e foi quem sistematizou as ferramentas de gestão peculiares para ajudar uma startup a sobreviver e prosperar neste ecossistema tão inóspito! Ah, claro, o método se chama customer development.5  

§ 

Numa odisséia de empreendedores e startups, como num precipício, muitos sucumbem só de se aproximar. Alguns, mais corajosos, chegam até a ensaiar um salto, mas desistem na última hora… Então, 2 ou 3 mais insanos, vão lá e pasmem: caem no precipício. Que horror… Finalmente, um entre eles, heróico pela própria natureza, chega ao outro lado. Voilá! Surge mais uma startup de sucesso. Agora, por favor, parem com essa história de “empresa unicórnio”. Isto é coisa só para aquele povo de Wall Street mesmo!


[*] Já ajudei a fundar 4 delas, sem alcançar o sucesso almejado, e as vi serem encerradas em menos de 5 anos! Quem sabe vem a quinta por aí, lembrando que Steve Blank, o verdadeiro guru do Vale do Silício, fundou 9 até acertar seu hit… [hehe]

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

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Saiba mais: 

1. Chan Kin, W. Mauborgne, R. A estratégia do oceano azul, São Paulo: Campus, 2005.

2. Walter Isaacson, Steve Jobs: a biografia, São Paulo: Companhia da Letras, 2011.

3. Christensen, Clayton M. The innovator’s dilemma, New York: HarperBusiness, 2000.

4. Christensen, Clayton M. The innovator’s solution, Boston: Harvard Business School Publishing, 2003.

5. Blank, S. Dorf, B. The Startup Owner´s Manual: The Step-by-step Guide for Building a Great Company, Pescadero, California: K&S Ranch Press, 2012.

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