Maledeto cupinzeiro

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O baile do Clube Municipal de Areado (MG) era certeza de fartura e bonança. Estávamos na última semana de junho, faltando poucos dias para as provas finais do bimestre…

O fato é que nada era empecilho para dois “ETECAPIANOS” convictos, na efervescência dos seus 16   anos… Seriam três dias de sítio, uma noite de baile, pouco estudo e muito hormônio!

A meta do baile

Saímos de Campinas na sexta-feira pela manhã e, como era de praxe, a meta do feriadão já estava estipulada: três “scores” cada, ou seja, um por dia. Prefiro passar batido pela noite de sexta, visto que só ela, renderia um capítulo…

Já era fim de tarde no rancho e a apreensão pelo baile consumia nossos pensamentos. No entanto, o pior é que, depois da noite passada, a valer das fofocas, nossas perspectivas já não eram as melhores… Mas e daí! Éramos da cidade grande, bonitos e valentes, quem poderia nos deter?

O cupinzeiro

Maledeto cupinzeiro! Gritei ao saltar do pangaré e topar com o dedão naquele “maldito” monte de areia, duro que nem pedra!!! A dor era escaldante e nem gelo segurava a vermelhidão.

Mais à noitinha, a dor ainda estava bem longe de cessar, entretanto, o meu camarada saiu do banho todo animado e perguntou daquele seu jeito super delicado:

_ Não vai se arrumar pro baile não o seu “veadinho” ?

Por incrível que pareça, relutei muito em ir, mas não adiantava. Pelo menos até a praça teria de ir, senão… Sei lá! Algo me dizia, além da sua insistência, que eu deveria ir. Minha “intuição masculina”, talvez… [hehe]

Na praça central

Bem, lá no nosso point o que não faltou foi conhaque (não poderia deixar de ser um Domeqc naquela época de pendura). Não conseguia sequer apoiar o pé no chão, de modo que prostei-me num daqueles carros ridículos com o capô aberto, ao som do Skank (antes de enjoar, claro), enquanto o meu camarada seguia seu “estratagema anestésico”…

Quinze pra meia noite e, antes de subirmos para o baile, tínhamos um encontro marcado com a nossa “caninha 51” e o não menos importante maço de “Guds” (vulgo Gudang Garam, único cigarrinho de cravo aceitável pela moçadinha fresca campineira).

Eles ficavam escondidos num terreno ali por perto e, acreditem: quem era o nosso salvador? Sim, o bendito “cupinzeiro”, onde escondíamos nossos apetrechos noturnos… [rss] É, por mais estranho que pareça, há males que vêm pra bem!

§

A essas alturas, eu já andava normalmente e o dedão quebrado era-me apenas uma vaga (e nada doce) lembrança. Dali por diante, do que me recordo são apenas “flashes” daquela memorável noite de inverno.

Uma roda de uns cinco metros de diâmetro no meio do salão, dois cabeludos em êxtase estirados no chão ofegantes. E atônitos, é a única palavra que resume a cara dos mineiros diante daquela cena estapafúrdia ao som de Ugly Kid Joe! O resto não é preciso nem contar…

Resultado: pelo que pude lembrar-me foram no mínimo quatro “scores” cada (a meta estava pra lá de atingida). O sol estava nascendo e o meu pé doendo pra burro!!!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Conteúdo exclusivo de Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.

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