Um olhar sobre a CONSCIENCIOLOGIA

À primeira vista este termo pode nos parecer uma forçosa  elucubração linguística, mas se fugirmos das apelações neologísticas constataremos o valor da sua significância. E justamente na sua essência!

Ao pé da letra dir-se-ia que se trata do conhecimento da Consciência, a qual os dicionários continuam tratando de maneira simplista como sendo estritamente a “percepção do que se passa em nós”. Ou seja, além de injusto à sua importância humanística, a definição é totalmente aberta e imprecisa. Vamos mudar isto daqui para frente.

Talvez um dos primeiros estudiosos a utilizar este termo publicamente com outro sentido, elevando-o ao devido patamar, tenha sido o médico brasileiro Waldo Vieira em seu primoroso Tratado de Projeciologia.

Quis ele expandir as divisas da parapsicologia, criando um novo campo do conhecimento das ciências que estudam a mente, onde o escopo primordial é o entendimento da Consciência e as suas diversas formas de manifestação.

Sabe-se de longa data que a problemática consciencial tem sido discutida e estudada por diversos pensadores e cientistas ao longo da história da humanidade sob diferentes aspectos como alma, espírito, ego, self, prana, etc.

Chamou-me especial atenção a abordagem do filósofo alemão Emmanuel Kant, sobretudo ao confrontar o empirismo materialista de Hume com o seu racionalismo afiado. Disse ele que:

 

A consciência é o plano interior em que se processa a relação do sujeito com o objeto do conhecimento.

 

Vê-se que o objeto do seu racionalismo é a Consciência, ao passo que para o empirismo é a experiência… Encontramos aí o ponto de conturbação pelo qual os céticos materialistas e os crentes racionalistas não chegam nunca a um consenso!!

Ainda segundo Kant a Consciência manifesta-se de duas formas: a reflexão subjetiva pela qual cada indivíduo identifica a si mesmo e a reflexão profunda segundo a qual os seres comunicam-se entre si.

Nota-se a dualidade do processo cognitivo regido pela Consciência, em que por um lado reconhece o indivíduo a sua existência e por outro adquire conhecimento perceptivo. Isto é simplesmente maravilhoso!!

Pode-se inferir assim que o intelecto e a razão são as faculdades da Consciência que “corporificam” o conhecimento, muitas vezes inacessível ao experimentalismo materialista…

Numa abordagem distinta, transpondo o experimentalismo para o plano extrafísico, Waldo Vieira estabelece que a Consciência pode manifestar-se em três estados:

 

  1. Estado consciencial intrafísico;
  2. Estado consciencial extrafísico;
  3. Estado consciencial projetivo.

 

Necessário se faz neste ponto uma distinção entre a Consciência e o Espírito para que não se confunda os seus sentidos epistemológicos apesar da necessária complementaridade… Allan Kardec indaga em O Livro dos Espíritos (questão no 23):

 

“_ Que é o Espírito?”

“_ O princípio inteligente do Universo.”

 

Fica claro aí que o Espírito é a essência divina e imaterial do ser (não só humano), enquanto que a Consciência seria toda e qualquer manifestação do mesmo, independente do plano existencial (físico ou extrafísico).

Nesta linha podemos imaginar o pensamento como uma manifestação do Espírito através da mente que se processo fisicamente por impulsos eletroquímicos no cérebro onde fica a porta de comunicação interplanar dentro do nosso corpo.

Herculano Pires faz esta distinção com a sua costumeira elegância em obra basilar intitulada Os Filósofos:

 

“A causa das ideias é uma substância ativa incorpórea, ou espírito”.

 

Sempre que possível gosto de simplificar os conceitos e presumo que neste caso não se perderia a sublimidade de sentido se considerarmos a Consciência como sendo:

 

O atributo do Espírito de ter ciência de si e de ser percebido através de suas manifestações.

 

Seria de certa forma não muito diferente do “penso, logo existo” de Descartes… Poderíamos nos arriscar aqui a fazer algumas extrapolações quanto a outras indagações naturais neste contexto, mas vamos deixar este debate em profundidade mais para a frente.

E as conclusões virão naturalmente como que por indução intuitiva… A melhor forma criativa! Alimento para Espíritos livres como Waldo!! Salve o guru dos gurus!!!

 

Autoria por Ricardo Barreto

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Permitida a reprodução mediante backlink para ricardobarreto.com

 

Para saber mais:

  1. Barreto, R.L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed. Editor-Autor, 2003.
  2. Vieira, W. Projeciologia, 1999, IIPC, 4a ed., p. 1.
  3. Vieira, W. Conscienciologia, 1994, IIPC, 1a ed., p. 1.
  4. Kardec, A. O Livro dos Espíritos, 1992, IDE, 75a ed., p. 1.
  5. Pires, H. Os Filósofos, 2000, FEESP, 1a ed., p. 224.

 

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