Como estruturar um processo de inovação?

Não há dúvidas de que o processo de inovação é a força-motriz para consecução dos resultados em qualquer tipo de organização. Como todo processo, ele é cíclico sendo fundamental que flua muito bem em todas as etapas, desde o levantamento inicial de informações (científicas, tecnológicas e de mercado) até o devido reconhecimento dos inventores que tiverem suas ideias implementadas com sucesso (a política de recompensas).

Começa-se estrategicamente pela opção de qual metodologia utilizar para conduzir todo o processo. O chamado “funil de inovação” deve ser mais apropriado em geral para as empresas cuja competência essencial seja a própria inovação, ou seja, aquela que um percentual significativo da sua receita seja oriunda de produtos ou serviços lançados nos últimos anos. Já o design thinkingdeve adequar-se melhor para empresas de commodities que priorizam desenvolvimentos ágeis com foco em redução de custos, mas que ficam restritos às áreas diretamente envolvidas no processo de inovação. Detalhe: isto não é uma regra e sim fruto da experiência que pode ser quebrada sempre com novas experiências!!!

Independente da metodologia, o importante é que as companhias tenham uma carteira de projetos bem balanceada, priorizando um maior número de projetos de inovação incremental para reduzir o risco e garantir os resultados num prazo mais curto. Estes resultados são perenes e irão subsidiar alguns poucos projetos mais arriscados, de inovação radical, cujo retorno de longo prazo pode ser mais do que compensatório…

Com relação à escolha dos indicadores para melhor retratar o desempenho da inovação nas empresas, não resta dúvidas de que o percentual de faturamento referente a novos produtos e o percentual de incremento do EBTIDA, oriundo de novos processos, são os indicadores mais diretos que retratam de forma concreta o valor econômico gerado pela inovação. Se ainda não o fez, você deve começar de imediato traçando estes indicadores para sua própria empresa e implementando um trabalho sistemático de monitoramento trimestral dos mesmos. Nunca deixe esta tarefa somente para o financeiro!

Vale mencionar ainda, como forte tendência nas empresas para acelerar os processos de desenvolvimento e reduzir o risco inerente à atividade inovativa, a adoção de modelos de gestão da inovação que explorem oportunidades externas às empresas através do modelo de open innovation.

Assim, urge que novas questões sejam analisadas: quais tecnologias devem ser desenvolvidas internamente e quais podem ser trazidas de fora? No caso de buscar fora da empresa, onde procurar? Como avaliar de forma eficaz estas oportunidades? Estas são, sem dúvida, algumas das questões emergentes daqueles que lidam com a inovação no dia a dia das organizações.

Cabe destacar ainda o surgimento mais recente das metodologias de desenvolvimento ágeis, inspiradas no conceito just in time da fabricante japonesa de veículos (a Toyota), que estão revolucionando a forma como as startups devem ser geridas. A metodologia de lean startup, criada por Eric Ries, se fundamenta na experiência do “aprendizado validado” para construir modelos de negócios sustentáveis.

No entanto, foi o empreendedor serial do Vale do Silício e atual professor de empreendedorismo na Stanford University, Steve Blank, quem desencadeou esta visão, fundamentando o arcabouço de conhecimentos de gestão necessários para praticar o customer development. Esta teoria foi sintetizada num manual que é considerado hoje leitura imprescindível aos fundadores de startups ou qualquer pessoa que pretenda superar as barreiras para inovar!

Vamos finalizar constatando o que outro guru (o da administração neste caso), Peter Drucker, disse sabiamente sobre os empreendedores, contradizendo a visão da grande maioria:

“Everyone who can face up to decision making can learn to be an entrepreneur and to  behave entrepreneurially. Entrepreneurship, then, is behavior rather than personality trait. And its foundation lies in concept and theory rather than intuition… the entrepreneur always searches for change, responds to it, and exploits it as an opportunity”

 

Autoria por Ricardo Barreto

Agradecimento aos compartilhamentos nas redes sociais

Permitida a reprodução mediante backlink para ricardobarreto.com

Para saber mais:

  1. Ries, Eric. The lean startup. New York: Crown Publishing, 2011.

  2. Blank, S. Dorf, B. The Startup Owner´s Manual: The Step-by-step Guide for Building a Great Company, Pescadero, California: K&S Ranch Press, 2012.

  3. Drucker, P. Innovation and entrepreneurship, New York: Harper Collins Publishers, 1985.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *