EMPREENDEDORISMO versus COMODISMO: § 28 – 30

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§ 28

Vários nomes, uma só técnica. Como podemos acelerar esta busca e romper com a perambulação do tal “andarilho” interno que todos nós temos? Os psicólogos modernos chamam a técnica de “reprogramação mental”. Os médicos holísticos preferem chamá-la de “resposta de relaxamento”. Os iogues indianos, por sua vez, já a praticam há milênios… É a meditação! Buda mesmo, que atingiu a iluminação através do famoso “Caminho Óctuplo”, admite que os iogues das antigas tradições indianas já a praticavam muitos anos antes do seu próprio insight… Patanjali, que viveu 500 anos após Buda, em seu Ioga Sutra revela a influência decisiva dessas práticas de meditação. Até mesmo o Cristo exalta a meditação em diversas das suas passagens em que busca o isolamento dos apóstolos para meditar… Na atualidade, observa-se vários entroncamentos dessa tradição milenar, passando pela Kriya Yoga com a autorealização, alcançada através das afirmações científicas,1 ou a meditação Vipassana,2 da percepção consciente que nos leva sutilmente para além da experiência sensorial. No fundo estão todas a falar sempre da mesma coisa, em diferentes níveis de aprofundamento, com pequenas variações de procedimento e escopo. Após conhecer um pouquinho de cada tipo de meditação, resolvi dividi-las em apenas duas situações: ora a “meditação transcendental” para domar a mente da torrente de pensamentos que nos abduzem do momento presente, equilibrando o fluxo energético da Kundaliní através da visualização dos chakras,* ora a “meditação autossugestionada” para alterar uma crença arraigada que nos mantem pesarosos pelo passado ou receosos do futuro, impedindo-nos de alcançar nossos objetivos diários ou até mesmo um desafio importante. Os nomes são meramente referências aqui empregadas para facilitar a prática diária.

§ 29

Síntese da meditação autossugestionada. Não existe uma fórmula padrão, mas mesmo assim nos propusemos a sintetizá-la, de modo a facilitar a prática dos iniciantes. Procure um ambiente tranquilo, onde seja menos provável de você ser interrompido. Sente-se numa posição confortável, com a coluna ereta, feche os olhos e respire profundamente por alguns instantes, observando o ar entrar e sair pelas narinas. Comece pela primeira etapa da mentalização. Observe os tempos do exercício que pode durar ao todo de 15 a 30 minutos. Estes visam maximizar o efeito propiciado pelo fenômeno de relaxamento fisiológico que se dá nos estados de foco e concentração mental (relembre os conceitos da resposta de relaxamento anteriormente apresentados).

Figura. Ciclo da meditação autossugestionada.

Imagine um local que lhe traga profunda paz como, por exemplo, uma paisagem nas montanhas. Então imagine-se lá, admirando de longe um lago imenso refletido por árvores frondosas e cavalos selvagens soltos nos campos, em perfeita harmonia com o som de um riacho cristalino que desce da montanha. Inicie então o próximo passo que envolve a identificação de um problema ordinário ou desafio maior. Vamos supor neste caso que o seu desafio é escalar aquela montanha! Reconheça que você está “perdendo” muita coisa pela preocupação excessiva e desnecessária… Descubra do que você precisa para inverter a situação. Falta o quê exatamente: coragem, poder, conhecimento ou colaboração? Depois entenda o porquê que não as tem e faça uma autocrítica, mas sem autopunir-se… Busque então soluções e trace um plano mental para alcançá-las. Se é de coragem que você precisa, imagine-se nos preparativos para tal escalada na montanha, separando os mantimentos, o cajado, um bom calçado e, o mais importante, descansando o corpo para a jornada vindoura. Finalmente, projete sua consciência para a execução do plano mental. Esta é a parte mais importante de todo o processo: a etapa de “projeção autoconsciente”. Imagine-se iniciando a escalada da montanha… Sinta o sol raiando em sua pele, o suor do esforço da escalada e a brisa que o suaviza ao atingir o topo da montanha. Você conseguiu, em sua mente já conseguiu! Então, finalmente, respire profundamente e retome seus pensamentos para o controle do seu corpo, movimentando pés e mãos. Pronto. Abra os olhos e retome suas atividades.

§ 30

Refinando a técnica. Após muitas experiências meditativas, recomendo a “meditação autossugestionada” sempre pela manhã, bem cedinho logo quando acorda, e a “meditação transcendental” à noitinha antes de dormir, quando tudo está mais tranquilo, mas sem cair no sono antes da hora… Este detalhe é muito importante pelo simples fato de a mente normalmente estar mais “desacelerada” e o estômago já mais vazio. O processo de digestão consome muita energia corporal, atrapalhando assim a entrada e permanência nos estados meditativos. Não é à toa que muitas das pessoas que têm a meditação já incorporada em suas vidas acabam por se tornar vegetarianos, mas cada um tem a sua dinâmica própria que deve ser respeitada. Para finalizar esta parte, gostaria de lembrá-los que a meditação trata-se de um processo cognitivo extremamente poderoso por agir nos recônditos das nossas memórias, em todos os níveis da mente: o consciente, o subcosnciente ou o inconsciente. Na segunda parte deste livro detalharemos a prática da “meditação transcendental”.

[*] Kundaliní é uma energia adormecida que fica concentrada na base da coluna.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Paramahansa Yogananda, AFIRMAÇÕES CIENTÍFICAS DE CURA, 1ª ed. Self-Realization Fellowship, 2008.

2. Hart, William, MEDITAÇÃO VIPASSANA: a arte de viver segundo S.N. Goenka, Associação Vipassana do Brasil, 1987.

PASSO 5: nossos hábitos

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Praticar, praticar de novo e, então, praticar ainda mais. Eis o nosso lema para colocar o Ciclo da Cultura de Valor (CCV) em constante movimento, tornando-o algo dinâmico, fluido, perfeitamente incorporado ao nosso dia-a-dia, um hábito propriamente dito.

De nada adianta ter um domingo dito “valoroso” pelo senso comum, indo à igreja, mesquita ou sinagoga, seja qual for o seu templo religioso, equilibrando-se no nível mais sutil da consciência, interagindo de forma salutar com a comunidade e comungando com Deus, se você acordar na segunda-feira logo cedo e já “descer o verbo” na primeira fechada que receber no trânsito!

Ora, a realidade é uma só, independente do dia da semana. Somos seres dotados de mente, corpo e espírito, logo susceptíveis a quaisquer tipos de vibrações ressonantes, seja qual for a distância ou intensidade. Sua “conta kármica” já começa a semana no vermelho…

Conta kármica

Vivemos num verdadeiro “oceano vibracional” que afeta, positivamente ou negativamente, o equilíbrio energético do nosso corpo físico e sutil. Sendo assim, como poderíamos afetar este equilíbrio? Através da chamada “conta kármica”, mais propriamente o seguinte:

Balanço das experiências pregressas, impregnadas em nossa memória ou na de outros seres conscientes, responsáveis por elicitar pensamentos que geram ou destroem valor.  

Voltemos ao exemplo anterior. Mesmo com todo o equilíbrio dominical, a “vibração negativa” do motorista agredido verbalmente no trânsito supera significativamente em intensidade o somatório de quaisquer “vibrações positivas” galgadas com tanto esforço. Como então podemos reverter esta equação tão desfavorável?

Reflita comigo. Se você tem um punhado de colegas considerados mais próximos e no máximo uns 5 amigos verdadeiros, quantas vezes acha que eles vibram o bem por você ao longo do ano? Muito possivelmente a maioria o faz no seu aniversário, ano novo, quando você publica algo bacana no Instagran ou facebook e, claro, em alguns outros parcos eventos. Esta é a pura realidade…

Por outro lado, se você tem apenas um único inimigo, por mais distante e “isolado” da sua vida que esteja, pode estar certo de que todo santo dia ele vai ruminar sobre seus atos passados e emitir uma boa dose de “vibração negativa”. Somos seres vingativos! Infelizmente tal comportamento instintivo, oriundo da sobrevivência carnal, faz parte da natureza da grande maioria dos seres humanos. 

Meditação autossugestionada

Não podemos deixar de admitir o quão difícil é para nos policiarmos a cada instante, digo especificamente a “verdadeira arte” de controlar os nossos pensamentos, seja no trânsito, em casa, no trabalho, na academia, na padaria, onde for… Urge que encontremos uma fórmula prática e efetiva para tal proeza. Desta autodisciplina depende o sucesso de todas as técnicas que estamos a discorrer!

Os “verdadeiros religiosos” não precisam de estar num templo ou mosteiro isolados em uma ilha grega ou havaiana, com vista paradisíaca, para prática constante da vigília, introspecção, oração e comunhão com Deus. Outra forma de manter-se em equilíbrio, por sinal muito mais acessível na vida moderna, é praticar a meditação.

Esta ferramenta tão simples é, na verdade, o cerne da vivência monástica. Ser monge basicamente se resume em praticar meditação como forma de se conectar consigo mesmo e com Deus. Ela consiste em dar certas “pausas” no cotidiano, fazendo um breve exercício de respiração, concentração e depois controlar o fluxo de pensamentos para que a essência divina aflore dentro de você mesmo.

O jovial monge brasileiro Satyanatha nos brindou recentemente com um maravilhoso livro em que relata como todos nós podemos nos tornar monges, reservando apenas alguns momentos do dia para prática meditativa, num ambiente isolado ou qualquer outro lugar mais tranquilo que encontrar por perto, em casa ou no escritório.1

Existem inúmeras técnicas para meditar, algumas muito antigas e outras já bem mais modernas, com embasamento científico,2 muito embora todas se fundamentem nas antigas tradições hindus, dos sábios que se isolavam nos Himalaias para alcançar a auto iluminação. No entanto, foi apenas nos séculos XIX e XX que estas técnicas foram disseminadas no mundo ocidental e culminaram com o desenvolvimento da raja yoga e suas diversas modalidades, tais como a já mencionada kriya yoga.

Ao estudar estas diferentes técnicas, acabei por desenvolver uma metodologia própria e mais a frente detalharei o passo a passo. Adaptamos uma mistura de pranayamas da hatha yoga com os protocolos de relaxamento do Dr. Hebert Benson da Harvard Medical School e os exercícios de energização e meditação ensinados pelo Swami Paramahansa Yogananda, a quem considero meu guru, mesmo não estando mais entre nós!

Uma imagem contendo pessoa, sentado, homem, ao ar livre

Descrição gerada automaticamente
Figura. Foto do Swami Paramahansa Yogananda meditando.

Independente da técnica, após conseguir meditar com frequência, minimamente na primeira hora da manhã e antes de deitar-se, você estará apto ao próximo passo que é talvez o mais difícil: a autossugestão. Sendo talvez o pioneiro desta técnica, Yogananda nos ensinou as suas “afirmações científicas” que, se repetidas durante a meditação, têm o poder de realizar quaisquer propósitos, seja a cura física, o enfrentamento de um medo ou qualquer outro mal que lhe atormente.3

 Você estará, enfim, pronto para “domar” o fluxo constante de pensamentos e direcioná-los para condução voluntária do Ciclo da Cultura de Valor (CCV), identificando sempre em qual dos 7 passos que se encontra e como deve atuar para passar para o seguinte. O hábito, portanto, nada mais é do que a prática cotidiana do autocontrole, através da meditação autossugestionada.

Nada se torna efetivo sem o valor da disciplina, uma subcategoria do valor do poder. Muitos perecem nesta etapa porque é incrivelmente difícil manter o “foco em si mesmos” com o devido grau de exigência e sem hipocrisia! O mais fácil, sempre, é deixar para depois…

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Satyanatha, Seja Monge: a arte da meditação, 1ª ed., São Paulo: Fontanar, 2019.

2. Para um verdadeiro compêndio sobre os principais trabalhos científicos que decifram os efeitos benéficos da meditação sobre o nosso corpo e mente, consultar o livro dos eminentes psicólogos da universidade de Harvard, Daniel Goleman e Richard J. Davidson, a saber: A CIÊNCIA DA MEDITAÇÃO: como transformar o cérebro, a mente e o corpo, da editora Objetiva e publicado no Brasil em 2017.

3. Paramahansa Yogananda, AFIRMAÇÕES CIENTÍFICAS DE CURA, 1ª ed. Self-Realization Fellowship, 2008.