VERDADE versus EGOCENTRISMO – 130 – 132

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§ 130

Autoprogramação da mente. Existe alguma forma efetiva de nos “blindarmos” do tal lobby da consciência? Sim, por certo. Em Kriya Yoga chamamos de “afirmações científicas”, mas não é preciso aprender a meditar para executá-lo (meditação autossugestionada). Dentro do campo da psicologia, chama-se simplesmente de autoprogramação da mente (ou reprogramação mental), uma forma de hipnose que qualquer um pode praticar. O grande segredo é a sua tática para o autocontrole, traçando como alvo qualquer tipo de conteúdo da mente fora dos domínios da consciência, nos recônditos do subconsciente… Normalmente, quando acionados por um evento do cotidiano, estes conteúdos despertam emoções perturbadoras, desencadeando pensamentos e ações desastrosas para vida das pessoas. Ou seja, impedem logo no início o reforço das nossas crenças, atrapalhando o desenrolar natural do ciclo da cultura de valor, cuja importância é vital de se cultivar. Acreditem em mim, caros leitores. A autoprogramação da mente é a fórmula definitiva. O único empecilho para muitos é a disciplina na prática que tem que funcionar mais precisamente que os remédios psicotrópicos, criando-se uma dependência, neste caso, pra lá de positiva!

Figura. Mecanismo de autoprogramação da mente.

§ 131

Conhecendo suas janelas killer. Indo ainda um pouco além no campo da psicologia, deve-se destacar os trabalhos do renomado psiquiatra Augusto Cury que foi quem buscou com primor a origem dos distúrbios de ansiedade e se deparou exatamente com este fenômeno,1 ao qual propôs um mecanismo sutil de cognição, regido por conexões neurais indiretas, mais especificamente a ativação e desativação das chamadas “janelas killer” que podem estar associadas a experiências marcantes, sejam elas traumáticas ou positivas. Este mecanismo requer profunda experimentação porque os efeitos podem fugir facilmente ao controle dos mais desavisados… Vejamos um exemplo.

§ 132

Superando o trauma de dirigir. Como apagar a experiência traumática de uma batida de carro? O medo de dirigir certamente estará presente, com maior ou menor intensidade dependendo do perfil psicológico de cada um. Sempre que entrar no carro, ao colocar a mão no volante, lhe virá aquela imagem na mente e o som da buzina! É inevitável. Abriu-se a tal “janela killer”. Assim como no computador, será preciso apagar este registro regravando por cima dele outro que seja positivo, porém de intensidade emocional igual ou superior ao anterior. Digamos a imagem de uma viagem prazerosa que fez dirigindo com a família pelas montanhas, ou o primeiro dia que você dirigiu depois de tirar sua carteira de habilitação. Pois bem. Agora vem a parte prática: condicione sua mente para que, antes de pegar no volante, sempre venha primeiramente a imagem das montanhas com a família e não a do acidente. Mentalize esta mesma imagem ininterruptamente por minimamente 5 segundos, durante as próximas experiências até que você naturalmente não sinta mais a necessidade de o fazê-lo. Neste ponto o medo estará superado e a janela killer trancada. Não a sete chaves, mas o suficiente para você ter uma vida normal, evitando novos traumas no futuro que poderiam reabri-la. Se isto ocorrer, será mais difícil do que na primeira vez para reprogramá-la. Mas nunca impossível!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Augusto Cury, Ansiedade: como enfrentar o mal do século, Saraiva: São Paulo, 2014.

PAZ versus CONFLITOS § 94 – 96

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§ 94

Desvendando suas próprias “janelas Killer”. Vimos na paródia sobre “o sofá da dona de casa” que a causa primária das nossas verdadeiras crises existenciais não decorre de meras circunstâncias do cotidiano, nem tampouco de atitudes alheias, por mais atrozes aos nossos princípios que o sejam. A “ferida” do Ego reside, outrossim, nos traumas que ficaram “cravados” no nosso inconsciente, os quais ativam certas reações emocionais indesejáveis, tais como os sentimentos de medo, revolta e até mesmo a ira, cujas consequências são, invariavelmente, avassaladoras. A psicologia moderna perscrutou estes fenômenos comportamentais ligados ao inconsciente de forma extensiva, muito embora os mesmos tenham sido preconizados desde os primórdios do budismo (conceito de Alaya Vijnana) como o repositório das “sementes” Kármicas que determinam o nosso comportamento.1 Fica assim evidente que a base da identidade do indivíduo não se encontra no “estrato” mais visível da personalidade (a consciência). Na verdade, o cerne do processo reencarnatório reside justamente na mente inconsciente que mantém sua integridade ao longo dos ciclos de vida, muito embora um dos grandes mistérios da autoiluminação seja justamente a capacidade de desvendar as “portas” do inconsciente. Normalmente estas ficam “cerradas” como um mecanismo natural de autodefesa da mente. Eis aí a verdadeira arte dos poucos que são realmente preparados para psicanálise! Um dos propósitos do ciclo da cultura de valor é ajudar no autoconhecimento, desvendando suas próprias “janelas killer“,2 sem necessariamente ter de abri-las para um terapeuta profissional (ou holístico), muitas vezes despreparado para lidar com seus próprios gatilhos emocionais apesar das boas intenções.

§ 95

Nada de piloto-automático! Como poderíamos evitar tais conflitos conscienciais? Trocar de sofá (para nossa dona de casa) seria, sem sombra de dúvidas, a forma mais fácil. Ou trocar de emprego no caso do chefe, mudar de casa no caso do vizinho, etc. Acontece que o “custo emocional” vai ficando cada vez mais alto… Até mesmo arrancar o cunhado do mapa ou encarar uma separação judicial ainda é uma atitude plausível em alguns casos, mas o que dizer quando constatamos que o problema está na nossa mãe ou até mesmo no seu filho (o pestinha)? Na vida estamos, via de regra, buscando soluções paliativas que agem somente nos efeitos, ignorando as verdadeiras causas. Evitamos, sempre que possível, olhar para dentro de nós mesmos e desvendar os mecanismos de funcionamento da nossa mente, os seus recônditos mais obscuros com o destemido rigor!

Só encontraremos a Paz interior quando fizermos sistematicamente revisões criteriosas do nosso sistema de crenças, buscando eliminar os equívocos que geram as emoções deletérias que bloqueiam a geração de valor.

Nosso pensamento pode, portanto, ser afetado (ou dirigido) de duas formas: pela nossa consciência quando o “eu” está em pleno controle da direção, ou pelas nossas emoções despertadas pelo inconsciente, isto é, quando a direção fica completamente descontrolada, ou ainda, quando muito, no “piloto-automático” da vida… Aliás, este é o modo de condução de boa parcela dos indivíduos. Lembrem-se: basta uma fração de segundo de descontrole para colocar em risco toda uma existência de esforços evolutivos!

§ 96

O porquê dos “5 porquês”. Estamos diante de um típico processo de melhoria contínua, neste caso do nosso próprio sistema de crenças. Isto mesmo, todos aqueles conceitos do famoso sistema de produção da Toyota seriam perfeitamente aplicáveis neste contexto. Basta nos atermos num único e primordial conceito que veio a nascer das necessidades de produção ágil e reprodutível no Japão industrial do século XX, quando Taiichi Ohno, Shingeo Shingo e Eiji Toyoda propuseram a análise de causa raiz, mais especificamente a técnica dos “5 porquês”. Ela aplica-se a qualquer tipo de evento e está fundamentada na lei de causa e efeito. Seu axioma: nem tudo que aparenta ser a causa realmente o é. Nos enganamos quase que intuitivamente e acabamos encontrando soluções temporárias mais fáceis, de modo que o problema original permanece. O ser humano tem um mecanismo mental muito perspicaz de defesa que é a negação inicial do problema. E contenta-se, desta forma, com as chamadas “ações de contenção”, os mais variados e criativos paliativos. Tudo para evitar a dura realidade que está sempre na origem do problema.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Peter Harvey, A tradição do Budismo: história, filosofia, literatura, ensinamentos e práticas, São Paulo: Cultrix, 2019.

2. Augusto Cury, Ansiedade: como enfrentar o mal do século, Saraiva: São Paulo, 2014.