PODER versus MEDO § 97 – 99

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§ 97

Legitimidade do poder. Já dizia um importante filósofo brasileiro que “dominação é força ilegítima, poder é força legítima sobre os outros”.1 Gosto muito desta definição que nos remete ao profundo conceito de legitimidade. O que, de fato, legitima nossas ações? Ora, quando paramos para refletir sobre o que realmente exerce poder sobre nós, passamos a vislumbrar algo que está muito longe de ser o cargo do seu chefe, nem tampouco a aliança que carrega no dedo ou até mesmo o sangue que corre em suas veias!!

Nem chefe, nem esposa, nem os pais (ou os filhos) irão exercer “poder ilimitado” sobre você tão somente pela posição que eles ocupam em suas vidas. A fonte do poder reside num único aspecto: a liderança.

Real poder somente se exerce por aquilo (aquele ou aquela) que temos para nós como referência. Digo “aquilo” porque clichês, marcas, ou ideologias também são poderosas fontes de influência. O poder de um Hitler não estava somente na sua figura emblemática, muito embora detivesse habilidade de discurso como poucos!! Seu poder se fortaleceu sobremaneira por conta da associação de sua imagem com uma marca (a suástica) que representava, por sua vez, uma ideologia que foi uma das mais nefastas que a humanidade já conheceu: o nazismo. Gandhi também soube utilizar-se muito bem deste artifício erguendo a bandeira de libertação de um país através do mote da “não-reação”.

§ 98

O verdadeiro atributo de um líder. O conceito de liderança já foi tão explorado em diferentes tipos de literatura e ainda assim não se chegou num consenso… É que muitos dos que já escreveram sobre o tema, deram o enfoque que considero equivocado. Ou melhor, seguiram pelo caminho direto da prática, porém menos “sutil” em significado! Trouxeram-no para o campo empresarial, da política ou da religião, quando na verdade o conceito é bem mais elementar e abrangente. Em quaisquer circunstâncias, podemos identificar uma característica em comum entre todos os tipos de líderes: o otimismo. Não que as outras características sejam menos importantes, mas somente o otimismo tem a capacidade de contagiar outras consciências, atraí-las pela força do pensamento e, assim, tornar-se referência em pelo menos algum aspecto relevante. Ao cultivar rotineiramente pensamentos de autoconfiança, afirmando e reafirmando suas capacidades para si mesmo, o indivíduo reforça o poder que se manifesta em todas as suas atividades. Mais precisamente no “brilho dos seus olhos”, na gana de realizar, construir uma obra pela qual seja lembrado!! Quem não se sente bem ao lado de uma pessoa otimista? O otimismo é a mais representativa e profusa manifestação de poder. Sem ela não há poder. Dá para imaginar um Hitler otimista? Ah, como dá!

§ 99

Será todo líder também um profeta? Como poderia Hitler insuflar tanto ódio e intolerância se não fosse por um plano tão determinado de conquistas que transcendessem os aspectos puramente geopolíticos? Este sanguinário pode ter errado muito, mas quem estivesse ao seu lado, por mais ético e centrado que pudesse ser, correria forte risco de ser literalmente abduzido pelo seu “campo de distorção da realidade”. E fiquem certos de que este não é propriedade exclusiva de Steve Jobs, o gênio do Vale do Silício!! O campo de distorção da realidade é uma propriedade criada pela consciência, quando esta se projeta para o futuro, criando uma “visão” de como gostaria que o fosse. Visão esta que acaba transformando-se, inexoravelmente, em realidade. Sim, os profetas são aqueles que constroem o futuro com a força do pensamento! Não obstante os propósitos, louváveis ou não, podemos afirmar aqui que o líder é antes de mais nada um visionário, que contagia os seus seguidores com um otimismo que nada mais é do que o “produto” da sua própria consciência, a única capaz de criar campos de distorção da realidade. Não pensem que Nostradamus estava equivocado. O maior profeta de todos os tempos tinha uma visão aguçada, muito além do seu tempo. Normalmente estes seres, quase que por uma fuga da realidade do plano físico, optam por viverem constantemente em estado de projeção lúcida da consciência. Na fenomenologia da consciência, acontece quando esta tem contato com seres no plano sutil que estão desconectados da nossa realidade espaço-tempo e consegue, mesmo que de relance, antever eventos que ainda estão por vir. Não são delírios. Quem já estudou suas centúrias sabe do que estou falando.2 Alguns seres incógnitos têm este dom, mas dificilmente têm a coragem de colocar suas visões no papel. O legado de Nostradamus foi justamente fruto da perspicácia de ter encontrado um mecanismo de “camuflar” suas visões de uma forma incognoscível aos padrões intelectivos do seu tempo. Aqui nos deparamos com a transição do poder para o medo… Ou seja, saímos da zona da legitimidade e adentramos na zona obscura da tirania, qual seja aquela que domina pela força, de forma totalmente ilegítima.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Clóvis de Barros Filho, A FILOSOFIA EXPLICA AS GRANDES QUESTÕES DA HUMANIDADE, São Paulo: Casa do Saber, 2013.

2. Matt Montanez, The complete prophecies of Nostradamus, Codex Spiritualis, 2014.

EMPREENDEDORISMO versus COMODISMO: § 19 – 21

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§ 19

Somente o “campo de distorção da realidade”. O que diferencia o verdadeiro líder dos demais que exercem posições de liderança apenas como gestores? Somente ele (o líder), numa espécie de “campo de distorção da realidade”, tem a visão plena, na sua completude em constante mutação, com os devidos nuances, muito antes do próprio sonho tornar-se realidade… É isto! Esta certeza absoluta do sucesso que está por vir, este ímpeto meio que “maluco” de vencer mediante qualquer adversidade ou animosidade, batalhando com unhas e dentes por algo embrionário, ainda disforme mesmo, em total formação, sem o devido preparo, muitas das vezes… Sim, um artista. É isto, somente isto, que inspira os seus seguidores. O segredo, portanto, é aquilo que pouquíssimos têm e que faz toda diferença para qualquer grande realização na vida ou na morte: o brilho no olhar que ilumina o caminho a trilhar. Sem dúvidas é o que se via num Da Vinci, num Einstein e, claro, num Jobs! Um líder é uma consciência num estágio mais avançado de prática do nosso Ciclo da Cultura de Valor (CCV). Claro, é também um ser vivente com uma percepção mais aguçada dos mecanismos que regem o plano físico e sutil. Nos inspiremos neles.

§ 20

Visão e missão. Pois é. Uns têm a visão e outros não conseguem seguir sequer a sua missão… Empreender é algo intimamente ligado à capacidade intuitiva de se enfrentar riscos e administrar conflitos. Quando se acumula riqueza (não falo aqui só da riqueza material, monetária melhor dizendo), da mesma forma pode-se perdê-la… A maioria das pessoas não suporta a insegurança do inesperado. Preferem pagar o preço (barato de mais na minha visão) de não ousar! Para elas, a estagnação, o crescimento pífio ou a evolução amena, para não dizer outra coisa relacionada à estanqueidade, também são resultados tidos como louváveis, mesmo sendo meramente lastimáveis! Uma pena porque a premissa basilar para que o CCV tenha alto turnover, a rotatividade acelerada que se espera, gerando valores de maneira clara e ininterrupta, é justamente a capacidade de se formar um sistema de crenças, seja ele qual for. A pessoa que não tem esta capacidade de crer em algo transcendente, de acreditar num caminho, certo ou errado, reto ou tortuoso, que levará ao Pai (antropofórmico ou totalmente difuso, “amorfo”) é porque ainda carece, inequivocamente, de vivência evolutiva. São seres que não chegaram sequer no estágio da “busca”. Ah, Yogananda! Já dizia ele que os “buscadores” são aqueles aptos a adotar um guru, um mestre que os conduza no caminho.1 

§ 21

Serendipidade: acaso ou ocaso. O dom de empreender não é, definitivamente, algo inato. Nem tampouco pode-se dizer que é algo trivial. As técnicas para empreender sempre existiram, mudando apenas de “roupagem” com pouquíssimas evoluções significativas nas diferentes épocas da humanidade. Via de regra, tais saltos acontecem através de mentes singulares, em momentos dignos de insights criativos. Pense numa situação que nos passa desapercebida todos os dias. Não é o que aconteceu com um Arquimedes, refletindo na banheira e o próprio Newton observando uma maçã caindo da árvore… Mito ou verdade, o fato é que a serendipidade não se dá tão por acaso assim, nem por ocaso como alguns podem pensar! [*] O despertar da criatividade, conforme nos alertou Louis Pasteur, só acontece nas mentes preparadas para tal… O conceito de “diferenciação” é crucial para buscar um posicionamento único em meios altamente competitivos. Tornar-se o “mensageiro oficial” da corte inglesa durante a Guerra Napoleônica ou o engenheiro de software preferido do Steve Jobs na Apple dos idos do nosso milênio, com certeza dependeram, em qualquer época, dos mesmíssimos atributos: de atitudes que revelem minimamente um quê de inteligência, um quê de persistência, um quê de disciplina e, por que não dizer, um quê da tão almejada resiliência. O empreendedor que assim não o fizer está fadado a ver suas obras perecerem, perdendo valor com o tempo, o que para eles é inconcebível! Antes disso, certamente já mudaram de projeto…


[*] Serendiptismo ou ainda Serendipitia, é um anglicismo que se refere às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso. A história da ciência está repleta de casos que podem ser classificados como serendipismo. O conceito original de serendipismo foi muito usado em sua origem. Nos dias de hoje, é considerado como uma forma especial de criatividade, ou uma das muitas técnicas de desenvolvimento do potencial criativo de uma pessoa adulta, que alia perseverança, inteligência e senso de observação (extraído da Wikipedia em 03.04.2020).

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Yogananda, Paramahansa, Autobiografia de um Iogue, 3a ed. Self-Realization Fellowship, 2016.