BASES DE DADOS ESPECIALIZADAS

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Vimos o importante papel dos “brokers de informação”, mas não nos atemos devidamente ao seu principal insumo: os dados! De nada adianta produzir e disseminar documentos de inteligência (um tipo de produto do conhecimento) se a informação não tiver sido extraída de “fontes” fidedignas e obtida através de buscas sistemáticas em bases de dados especializadas.

Não falo aqui dos mecanismos de buscas onipresentes em nossa rotina como o Google. Na verdade, sendo mais formalista, nem sequer poderíamos enquadrá-lo como tal. Sem desmerecer sua funcionalidade e alcance indiscutível, nos orientando nas buscas de informações genéricas, ele funciona tão somente como um indexador de páginas web e ponto. Não trata-se propriamente de um gerador, nem tampouco um HUB de conteúdo!

Como nos desvencilhar deste hábito, já meio que automático e quase instintivo, de iniciar todas as nossas buscas de informação pelo Google?

Em se tratando da busca de informações técnicas, voltadas para inteligência competitiva e colaborativa, esta não é mais uma opção e sim uma obrigação! Deve-se considerar as chamadas bases de dados especializadas.

Categorias das bases de dados

De acordo com a aplicação, temos bases de dados digitais, financeiras, científicas, tecnológicas, de mercado, entre outras. Elas podem ser abrangentes ou específicas, dependendo da variedade de canais, ativos, disciplinas, tecnologias ou mercados. O número de backlinks, operações financeiras, artigos científicos, patentes ou registros de transações comerciais são dados preciosos que podem ser obtidos através destas bases.1

A busca de informações científicas, por exemplo, é indispensável nas atividades de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), fornecendo uma visão global sobre os avanços em determinado ramo científico e permitindo ao pesquisador obter uma noção precisa sobre a influência dos seus trabalhos. Além disso, evita a realização de pesquisas duplicadas.2 É possível acessar um paper completo através da bases de dados das editoras de periódicos científicos, entre as quais pode-se citar a ScienceDirect da editora Elsevier.

Por sua vez, a demanda de informação tecnológica pelas empresas inovadoras é tão premente que já foi inclusive objeto de pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para identificar as necessidades do setor industrial brasileiro.3 Apesar da baixa utilização das informações contidas nos documentos de patentes, ficou evidente o desejo de obterem informações sobre o mercado de atuação como um fator de competitividade. Neste sentido, pode-se destacar a PatentScope que congrega os principais escritórios de patentes ao redor do mundo.

É possível obter informações de mercado de diversos setores econômicos através de bases de dados nacionais gratuitas que contabilizam as transações de comércio exterior como a ComexStat no Brasil. Voltando-nos ao universo digital, destacam-se as bases de dados de backlinks e palavras-chave, tais como o SEMrush e SEOprofiler, bem como o BuzzSumo que monitora engajamentos nas redes sociais. Na área financeira, não poderíamos deixa de citar a Investing.com que compreende o monitoramento das diferentes classe de ativos, bem como a TradingEconomics que compila os principais indicadores econômicos dos países. Abaixo uma breve compilação dos principais exemplos de cada uma das categorias de bases de dados especializadas aqui citadas.

Tabela. Exemplos de bases de dados especializadas divididas por categoria.

Entenderemos melhor, na sequência, como a utilização contínua, sistemática e perspicaz dos dados extraídos destas bases especializadas (digitais, financeiras, científicas, tecnológicas e de mercado), fazendo uso de técnicas avançadas de data mining e analytics, pode impulsionar significativamente o valor gerado nas organizações. Por falar em valor, sem mais delongas, chegou o momento de introduzirmos o conceito principal da metodologia a ser aplicada daqui em diante: a “inteligência de valor”.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1. Valentim et al. Revista de Ciência da Informação, 2003.

2. Firme et al. Química Nova, v. 31, nº 2, pp. 445-451, 2008.

3. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, Brasília: CNI, 1996.

BROKERS DE INFORMAÇÃO

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Vimos como se formula uma estratégia competitiva, começando pela definição da estratégia, estabelecimento dos objetivos de longo prazo e a elaboração das políticas para atingí-los. Vimos ainda que a análise dos fatores críticos de sucesso é crucial nesta tarefa: suas forças e fraquezas (fatores internos), bem como as ameaças e oportunidades (fatores externos). Estes são os pilares de toda e qualquer estratégica competitiva.

Iremos adiante. Buscaremos, antes de mais nada, a compreensão do PROCESSO de inteligência competitiva que se preza justamente para ampliar a noção dos nossos competidores, mais propriamente das suas forças e fraquezas. Mais do que isso. Entenderemos qual é o papel dos brokers de informação e o porquê que eles prometem dominar o cenário organizacional nos anos que estão por vir!

Processo de inteligência competitiva

O processo de inteligência competitiva é, sem sombra de dúvidas, uma das ferramentas estratégicas mais importantes que os tomadores de decisão têm à disposição para transformar dados desagregados em conhecimento estratégico acerca dos seus competidores e do ambiente em que estão inseridos, mais especificamente suas capacidades, performance, posicionamento e intenções.

 Apesar da sua evidente importância, o fato é que hoje em dia a grande maioria das organizações ainda não tem um mecanismo sistemático de inteligência competitiva. Elas dependem, outrossim, do “conhecimento tácito” de algumas pessoas consideradas essenciais à organização, o qual é subjetivo e difícil de ser externalizado, tornando assim suas estratégias altamente vulneráveis e susceptíveis ao erro.

Ao longo da sua evolução histórica, a inteligência competitiva se tornou um processo cíclico estruturado que pode ser dividido em 5 etapas independentes: planejamento, coleta, processamento, análise e disseminação. O processo sempre deve começar pelo planejamento das atividades que perpassa pela identificação das necessidades de inteligência da organização, visando direcionar as ações e seus “produtos de conhecimento” para os respectivos usuários. Técnicas conhecidas como 5W1H (What, Who, Where, When, Why e How) podem ser utilizadas para este diagnóstico inicial.

Figura.  Etapas do processo de inteligência competitiva.

As etapas seguintes de coleta e processamento da informação podem ser consideradas as mais importantes e controversas de todo o processo. É exatamente neste ponto que as “fontes” são consultadas… E é também aí que os limites entre a inteligência competitiva e a espionagem industrial se cruzam, impondo importantes dilemas éticos sobre esta importante atividade e suas consequências, benéficas ou não!

Acontece que nem todas as organizações, ou seus representantes, contentam-se com as “fontes secundárias” que são públicas ou acessíveis mediante a contratação de serviços de terceiros. Acabam utilizando-se de “fontes primárias” externas à empresa, entrevistando pessoas influentes em diferentes esferas da indústria que estão inseridos, associações e até mesmo do governo. Por ser este um assunto delicado, com muitos nuances e abordagens específicas, o trataremos num outro momento.

Importante mesmo o é observar com uma lupa o papel dos brokers de informação que são capazes de promover a interface entre os geradores e demandantes de informação. Via de regra eles aplicam as mais variadas ferramentas de analytics, data mining, algoritmos, machine learning, sistemas de recomendação, entre outras técnicas da ciência da informação, para viabilizar esta aproximação de forma segura e efetiva.

Os brokers de informação são mais propriamente plataformas web que podem assumir ou não uma estrutura de rede social, porém restrita aos especialistas . Na tabela a seguir apresenta-se os exemplos na área de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I). Caracterizam-se por propriciar um meio de intercâmbio de documentos como papers, patentes e grants que normalmente não são gerados através de metodologia própria.

Tabela. Exemplos de brokers de informação em PD&I.

Na etapa de análise é feita a transformação da informação bruta em “produtos de conhecimento”. Normalmente são relatórios contendo informações digeridas, ou seja, com conteúdo altamente relevante para tomada de decisão estratégica.  Existem algumas técnicas analíticas comumente utilizadas para produção destes relatórios, com destaque para as matrizes TOWS de Weihrich e a BCG do Boston Consulting Group, bem como os trabalhos sobre os fatores críticos de sucesso e benchmarking de Leidecker e Shetty, respectivamente.

A última etapa da processo consiste na disseminação para os decisores dos chamados “documentos de inteligência”.1 Por se tratarem de informações de suporte altamente estratégicas, devem seguir políticas rigorosas de confidencialidade. Os canais de distribuição variam de acordo com as políticas de cada organização, podendo ser veiculados somente em reuniões de diretoria, por email, intranet, internet ou na “nuvem”, segundo critérios específicos de compartilhamento, aliás esta é considerada hoje uma das formas mais seguras.

Para encerrar, deve-se destacar que de nada adianta cumprir a risca todo o processo de inteligência competitiva se os decisores das organizações não forem receptivos às informações colhidas, as quais não são necessariamente aquelas que esperam ou desejariam ouvir… Foi o que aconteceu na falha clássica do presidente americano Roosevelt e seus comandantes que simplesmente desprezaram os avisos do serviço de inteligência que precederam o ataque japonês de Pearl Harbour. Não é preciso dizer mais nada!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1. Para um aprofundamento sobre os documentos de inteligência, como acessar as bases de dados e compilar as informações científicas, tecnológicas e de mercado, conhecer a obra do autor: Barreto, R. ITTINOMICS: um guia especial para inovação aberta, Valinhos-SP, Editor – Autor, 2010.