PODER versus MEDO § 100 – 102

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§ 100

Da origem do medo. Procuremos sempre a causa-raiz dos eventos, mesmo que “velada”, nos arcabouços do subconsciente, nos recônditos simbológicos da psique humana. Mais fácil, certamente, seria encontrá-la no campo das “realidades observáveis”, sem necessitar de especulações filosóficas para inferir isto ou aquilo… Isto a ciência já o faz e com a primaz maestria do método!

Quem diria que a teoria do átomo de Demócrito seria algum dia comprovada cientificamente? Na Grécia antiga, muitos séculos antes da sua comprovação experimental, não passava da mais pura filosofia!!

Sem tocar nos aspectos físicos ou psicológicos da questão, quero afirmar aqui, com a maior contundência possível, que o medo se origina da incredulidade, da incerteza gerada pelo desconhecido, da imprevisibilidade gerada por uma situação fora de controle. Infelizmente, por mais sofisticado que o Homo Sapiens tenha se tornado,1 após milhares e milhares de anos em franca evolução biológica da espécie, a raça humana continua sem saber administrar boa parte dos seus riscos existenciais. Veremos o porquê que isto se dá e qual o perfil daqueles entre nós mais susceptíveis a tal frugalidade.

§ 101

Incredulidade do medo. Se o poder se fortalece pela legitimidade, o medo encontra guarida é na incredulidade. Falo aqui explicitamente da nossa incapacidade de admitir, com a convicção necessária, a existência de um Deus. A grande maioria das pessoas “diz” que acredita, mas nunca refletiu em profundidade sobre a questão. São levados por crenças já em desuso, anacrônicas ao nível de intelectualidade da sociedade moderna. Não se enganem porque existem também os “cultos ignorantes” que ainda não conseguiram fazer a “ponte” destas duas realidades (física e sutil) e permanecem assolados pelo “ateísmo científicista” que cega tanto quanto as crenças mais obsoletas! O agnosticismo ainda é a saída mais elegante, desde que nunca se deixe de buscar a verdade, a autorealização ou a autoiluminação. É aí que muitos se confundem com a tradição budismo,2 mas que cada vez mais se cristaliza entre orientais e ocidentais como “o caminho”…

§102

Credulidade em estágios. Os crentes, em realidade, apenas aceitaram o que lhes disseram em diferentes momentos da sua existência. São, como Jesus Cristo já o dizia, “ovelhas guiadas por pastores”, mas a transição, de “ovelha” para “pastor de rebanhos” e, num estágio mais avançado, de “pastor de rebanhos” para “pastor de si mesmo”, é um processo gradual e doloroso, como o despertar de um longo estado de letargia, ao qual o próprio Buda histórico chamou de “o despertar”. A convicção se dá pela lógica dos fatos e argumentos, quando estes não se contradizem, pelo menos ao nosso modo de enxergar a realidade. E certamente esta visão muda continuamente na medida que evoluímos. Respondendo, então, à questão da forma mais direta possível: assim como o poder se origina da legitimidade, o medo se origina da incredulidade. Aqueles, portanto, que têm um sistema de crenças profundamente arraigado, aqueles que acreditam num Deus (ou pelo menos não o negam), aqueles que pautam sua existência pela ética (suas ações, seus hábitos e seus valores). Tais seres são sim inabaláveis, desprovidos de medo, como os cristãos que foram devorados nas galerias romanas,3 bem como os budistas que muito antes foram dizimados na sua própria terra natal e berço de todas as religiões: a Índia! Namastê.    

Foto preta e branca de jogo de vídeo game com personagem de desenho animado

Descrição gerada automaticamente com confiança média
Figura. Perseguição aos cristãos na Roma antiga.
Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Harari, Yuval Noah, Sapiens: Uma breve história da humanidade, 26ª ed., Porto Alegre, RS: L&PM, 2017.

2. Peter Harvey, A tradição do Budismo: história, filosofia, literatura, ensinamentos e práticas, São Paulo: Cultrix, 2019.

3. Bruce Shelley, História do cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da igreja, Thomas Nelson Brasil, 1ª ed. 2018.

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