Algoritmos de inteligência tecnológica

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Veja bem. Não se trata de algoritmos para mais uma aplicação da Inteligência Artificial! Ninguém discorda de que este é o assunto do momento, nem tampouco de que está moldando a nova “corrida tecnológica” entre as 2 grandes superpotências mundiais: USA versus China, mas quem sairá vitorioso? Bem, se depender do número de patentes na área, me parece que os amiguinhos lá do Oriente estão a passos largos…

Já vimos que a China tem tido uma produção tecnológica absurda nos últimos anos. Mais propriamente vimos que a produção tecnológica, na verdade, não se trata de algo distante da realidade das pessoas. A ficção que ronda o tema é típica dos filmes épicos do tipo Star Wars e também das grandes corporações como a Apple que lançam produtos em massa que fazem história!

Entretanto, vimos ainda que no mundo real são as patentes que fazem a diferença. Sim, um pequeno pedaço de papel que garante o direito de uma empresa explorar tal tecnologia em determinado mercado. Quando se trata de inovação tecnológica, estamos falando de milhões de pequenas empresas de base tecnológica, muitas vezes incógnatas ao público amplo, mas que detém um verdadeiro exército de empreendedores e inventores.

Detalhe: são elas agora famosas pelo termo startups e quem sabe a sua não será a próxima do Vale do Silício, assim como o Google e NetFlix o foram não tanto tempo atrás. Vamos conhecer aqui apenas um dos grandes segredos delas…

Observatório de inteligência tecnológica

Aqui um grande problema. Como manter um “farol” sobre todas as patentes desenvolvidas por competidores ao redor do mundo na sua área? Só para se ter uma ideia, em “artificial intelligence” foram 11.557 patentes somente em 2020! Para se manter atualizado você precisaria ler cerca de 32 patentes por dia! Isto significa que você precisaria ler mais de 1,3 patente por hora!! E uma patente tem em média 12 a 15 páginas com letras bem miudinhas… Ou seja, algo humanamente impossível!!!

É por este motivo que as empresas inovadoras precisam manter profissionais dedicados somente ao trabalho de “inteligência tecnológica”, não deixando escapar nenhuma informação de seus “competidores tecnológicos” ao redor do mundo, seja ele uma grande empresa ou a próxima startup de sucesso na área. É dali que pode vir a próxima tecnologia que revolucionará o seu mercado de atuação. É dali que também pode surgir o insight para o próximo projeto de inovação de produto que moldará o futuro da sua companhia nos próximos 20 anos!

Agora, se você não tem como monitorar tudo o que sai nos escritórios de patentes ao redor do mundo, minimamente você precisa ter o que chamamos de “observatório tecnológico”, qual seja o repositório onde vai registrando de tempos em tempos as patentes que lhe chamaram atenção na sua área. Veja, assim você dificilmente trará algo do tipo breakthrough, mas ao menos terá condição de tomar contato com o que está acontecendo de mais relevante para não ficar totalmente perdido. Parece pouco, mas a experiência mostra que isto já representa um baita diferencial competitivo!!

Figura 1. Ferramenta iNovarvm disponível em ricardobarreto.com.

Veja bem, apenas nos últimos 15 minutos, já registrei 2 patentes sobre “inteligência artificial” utilizando a ferramenta iNovarvm e olha a Coréia (não apenas China e USA) com a LG Eletronics, pesquisando aplicações de na área de painéis eletrônicos… Conheça e inicie seu próprio “observatório de inteligência tecnológica” o quanto antes!

Competidores tecnológicos

Claro que a essa altura o leitor perspicaz já deve ter notado que o que sustenta a posição de mercado de uma empresa em muitos casos é a sua “força tecnológica”. E não são somente as empresas que competem por mercados. Os países também têm interesses estratégicos. Nos dias de hoje os impérios não são mais formados por militares e sim por cientistas e empreendedores!

Mas como medir a “força tecnológica” de uma empresa ou de um país? Desenhamos alguns algoritmos bem específicos que nos permitem boa acurácia nessa missão. Por exemplo, eu não tinha a menor noção de que o Brasil paga algo em torno de 5,2 bilhões de Dólares para empresas estrangeiras somente em royalties. Ao mesmo nem imaginava que o saldo de patentes “correntes” que entraram e saíram da Índia foi de apenas 52.787. São indicadores nem um pouco usuais, mas bem fáceis de se obter publicamente.    

Para empresas, a lógica dos indicadores é a mesma. De que adianta uma nova empresa brasileira de motores elétricos ter 9 patentes depositadas no INPI se nenhuma delas foi estendida para os maiores mercados mundiais que estão na Europa, China e USA?! Muito provavelmente foi mais um spinoff universitária que não saiu da primeira rodada de investidores… Já os grandes inventores, assim como os cientistas, se reconhecem pela produtividade. Não há magica! É na disciplina e esmero que se conquista a excelência.    

Figura 2. Algoritmos para o scoring de relevância de países, empresas e inventores.

Chegamos ao final de mais um capítulo que se propôs a introduzir um tema de extrema relevância para geração de valor: a “inteligência tecnológica”. Espero que tenha ficado claro o poder das patentes, do empreendedorismo e o papel de uma análise mais detalhada das bases de dados espalhadas ao redor do mundo.

Somente o uso de ferramentas sistemáticas de monitoramento e geração de informação relevante, através de algoritmos e sistemas de recomendação, poderão ajudar empresas e inventores a manterem-se competitivos em suas aplicações de interesse, trazendo ao mercado produtos de sucesso. No entanto, essa tarefa ainda está longe de ser elementar…

Aos países com indicadores de tecnologia pífios, enquanto não houver uma política estruturante de fomento à inovação tal como a dos USA no pós-guerra, continuaremos a assistir balanças comerciais “empobrecedoras” por mais que se esforcem exportando milhões de toneladas de commodities… Apenas um navio carregado de microprocessadores chineses já é o suficiente para anular todo este esforço!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

Decidindo eventos com inteligência tecnológica

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Se você está pensando no próximo grande lançamento da Apple em Cupertino ou na corrida espacial que está sendo travada neste exato momento entre os 2 homens mais ricos do mundo (Musk versus Besos), está redondamente enganado! Não estamos falando aqui da próxima grande revolução tecnológica, muito menos do próximo “aparelhinho” que vai cair na graça das grandes massas…

Falo, outrossim, das “inovações de base”, daquelas que movem as indústrias de diferentes setores e que dão sustentação a toda uma cadeia de processos produtivos que permitem, enfim, obter os produtos que encontramos nas prateleiras no nosso dia a dia, deste o papel que se produz a partir da celulose da madeira e embala a pizza entregue pelo iFood até a tinta do avião da Boing em que você acabou de decolar e que economizará alguns milhares de litros de combustível fóssil por conta do seu “pigmento oco” levíssimo de última geração!

Definitivamente tais inovações não estão na “boca do povo”. Por quê? Simplesmente o usuário final não as enxerga e nem faria sentido um Ad no YouTube! Entretanto, são elas que movem os times de P&D nas empresas que mais inovam ao redor do mundo, sendo responsáveis pelos milhões de pedidos de patentes que os escritórios oficiais recebem anualmente. Somente na China foram 3.650.591 em 2020!  

Vamos conhecer aqui algumas das situações típicas que estas empresas enfrentam e que muitos ignoram.

Davi e Golias da tecnologia

Nas batalhas do mundo moderno, assim como nos tempos bíblicos, nem sempre os gigantes se saem bem… Muitas vezes é a agilidade e astúcia dos menores que fazem toda a diferença na corrida pelo diferencial competitivo. Acreditem: muitas empresas conceituadas preferem adquirir uma tecnologia já desenvolvida por uma startup ou spinoff universitária para acelerar o seu time to market!

Foi o Prof. Henry Chesbrough da Universidade de Berkeley quem deu o devido tratamento teórico ao que chamou genericamente de “inovação aberta”.1 Esta estratégia é muito comum no Vale do Silício e outros ecossistemas de pólos tecnológicos mundo afora em que a interação entre a universidade, órgãos de fomento e indústria é praticamente uma premissa.

No Brasil tivemos um caso clássico de uma tecnologia na indústria de tintas que foi literalmente abduzida. Tratava-se de um novo pigmento nanotecnológico chamado “Biphor”, desenvolvido pelo renomado Prof. Fernando Galembeck da Unicamp. Sua patente foi licenciada por uma bagatela para a gigante americana Bunge e nunca mais ouviu-se falar da tecnologia que rivalizava o dióxido de titânio num mercado de cerca de 5 bilhões de dólares…

Figura. Tecnologia brasileira incorporada por um grupo estrangeiro.2

Veja, no mundo corporativo de hoje em dia, em que as organizações inovadoras se digladiam com tecnologias cada vez mais “afiadas”, o coitado Davi é mais propriamente “engolido” pelo poderoso Golias…

Barreiras de entrada tecnológicas

Não é preciso ser economista, ter feito MBA na Kellogg School of Management ou fazer parte do board de uma grande empresa para se preocupar com uma das estratégias de negócios mais clássicas e bem-sucedidas de todos os tempos! Tanto que o próprio Prof. David Besanko discorre sucintamente sobre ela em seu clássico dos clássicos…3

Se a sua empresa “navega” num mercado distindo das commodities, qual seja aquele em que o produto ou serviço precisa apresentar atributos de valor constantemente superiores aos da concorrência, então, sem sombra de dúvidas, não sei o que você está esperando para estruturar um time de P&D em sua organização, injetando anualmente pelo menos 1% das suas receitas ali, nem que seja de início com um único inventor ativo!

Para vender soja ou minério de ferro, vá lá! Agora, se a parada for microprocessadores ou novos medicamentos a “pegada” é outra… E como se faz para se garantir nesta verdadeira “briga de foices”? O segredo está num simples documento de algumas páginas: as patentes. São elas que garantem o que chamamos de “barreira tecnológica” para as empresas que inovam. São, na verdade, uma reserva de direito (propriedade intelectual), a qual praticamente todos os países respeitam através de tratados internacionais.

Se você submete e tem concedida uma patente nos principais mercados que pretente explorar com a sua nova tecnologia (exs. Estados Unidos, Europa e América Latina), isto significa que os concorrentes não poderão “copiar” os seus diferenciais tecnológicos, a não ser que consigam desenvolver algo totalmente novo e que supere a sua performance (“estado da arte” versus “estado da técnica”). Evidentemente, que isto não é impossível!

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A essa altura o leitor já deve ter capturado bem mais do que imaginou ao ler o título levemente desinteressante deste capítulo… Deve também ter pensado sobre o posicionamento do seu país e da sua empresa neste grande “jogo tecnológico”… Refletido sobre quem é o Davi e o Golias… E, claro, chegado a uma conclusão pra lá de importante: que as boas decisões tecnológicas carecem de investimentod e rápido!  

Entretanto, neste jogo de mercado, existem diversos outros fatores que influenciam na decisão de compra e todos sabem que, uma vez conquistados, leva-se tempo e bastante esforço para conseguir “mudar a cabeça do” cliente (o Prof. Besanko chama isso de “shifting costs”).3  

Mas, sem me estender por demais, o que mais me encanta mesmo nas “barreiras tecnológicas”, é a largada na frente da corrida tecnológica. Ganha-se tempo! E talvez o tempo suficiente (e precioso) para você dominar o mercado e impor outros tipos de barreira de entrada… Capiche?!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões (volume I)

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Saiba mais: 

1. Chesbrough, H.W. Open business model: how to thrive in the new innovation landscape, Boston, MA: Harvard Business School Press, 2006.

2. Rachel Bueno, Pesquisadores desenvolvem pigmento para tintas a partir de nanopartículas, Jornal da Unicamp, 3 a 9 de outubro de 2005.

3. Besanko, David. A economia da estratégia, 3ª ed., Porto Alegre: Bookman, 2006.

Recomendando informações com inteligência tecnológica

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Anteriormente vimos o “poder” da metodologia utilizada para geração dos documentos de inteligência científica. Agora, chegou a hora de estendermos este conhecimento para gerar os documentos de inteligência tecnológica.

Da mesma forma, temos aqui a divisão em 3 categorias: análises, monitoramentos e prospecções. Também vamos utilizar a mesma estratégia de nos aprofundar de forma gradativa nos diferentes níveis informacionais, desde o campo tecnológico mais abrangente, passando pelas aplicações específicas até, finalmente, identificar as empresas e inventores de destaque.

Eis a questão: como estes documentos podem contribuir no ambiente competitivo das empresas? Certamente ajudam os profissionais envolvidos em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) na tomada de decisão sobre as melhores estratégias de inovações tecnológicas a serem adotadas no médio e longo prazo. Vejamos, mesmo que de relance, como isto se dá na prática.

Análises tecnológicas

Sempre é a opção de escolha quando se trata de identificar macrotendências. Mais do que acompanhar o perfil da curva “S” do seu campo tecnológico, você deve estar atento à velocidade das evoluções. O campo “video streaming”, por exemplo, em 2002 tinha 376 patentes publicadas, crescendo ano a ano até fechar 2016 com 1.267 publicações. Ou seja, encontrave-se ainda em franca expansão!

No entanto, ao abrir este número no mapa, observa-se algo inusitado. Em verdade, o crescimento entre os países competidores (Estados Unidos, China, Japão, Reino Unido e Coréia do Sul) é praticamente “flat” ao longo deste período, o que demonstra que a tecnologia se encontra na fase de disseminação para outros países entrantes. Ou seja, já se foi a primeira onda de desenvolvimento!

Figura. Exemplo de competição tecnológica entre países.

Monitoramentos tecnológicos

Vamos lá. Você já sabe onde a coisa tá literalmente “bombando” no campo tecnológico video streaming, mas seu interesse é bem mais específico. Você quer saber, em realidade, quem tá “mandando ver” na área das EduTechs, mais propriamente das “learning platforms”: seu core business, ou melhor, sua core technology!!

É preciso, portanto, varrer a literatura de patentes para monitorar constantemente os movimentos dos seus competidores. Eis o propósito dos documentos de monitoramento tecnológico. É assim que você poderia descobrir que a empresa “Inventec Technology” tinha acabado de lançar uma plataforma com um diferencial tecnológico muito parecido com o da sua plataforma, obrigando-o a realizar um pivot de salvaguarda…

Sim, é possível este tipo de antecipação ao manter a disciplina e diligência para alimentar o radar tecnológico que apresenta uma listagem das patentes mais recentes ou mais relevantes da empresa ou do inventor em foco. Pois bem: quem iria imaginar que raios o chinês “Guo Zhinan” estava criando o mesmo sistema de certificação da sua plataforma de ensino?!

Prospecções tecnológicas

Não sofra do “complexo de avestruz”. No mundo da tecnologia não se pode “enterrar a cabeça” somente na sua área! As conexões interdisciplinares são cada vez mais frequentes e a experiência ensina que, normalmente, as inovações mais disruptivas vêm dos mercados adjacentes. Quem iria imaginar, na década de 80, que as câmeras fotagráficas seriam substituídas pelos telefones celulares?!

Sendo assim, o propósito da prospecção tecnológica é justamente identificar assuntos emergentes e novos entrantes. É possível levantar rapidamente uma listagem das aplicações relacionadas. Basta realizar pesquisas com a TAG da sua aplicação de interesse e selecionar TAGs dos títulos dos resultados mais relevantes. Então, realiza-se a pesquisa novamente com ambas as TAGs e calcula-se o grau de correlação. Sem dificuldades, você encontrará a importância da aplicação “video recommendations”.

Em verdade, tal capacidade de se recomendar vídeos de acordo com o perfil do usuário revela o universo dos algoritmos de inteligência artificial, de modo que já se esperava na competição tecnológica, comparando-se o desempenho ano a ano em termos do número de patentes publicadas, que aparecesse o Google como um dos players TOP 5, produzindo tecnologias de ponta na área. É claro que o YouTube despontou justamente daí!  

Vimos, portanto, que ao se analisar com cuidado a informação escondida por trás de bases de dados públicas de patentes, temos condições de tomar decisões que podem representar até mesmo a sobrevivência de toda uma indústria!

Fazendo-se uma analogia nem tão esdrúxula assim, podemos dizer que não são somente os lutadores de artes marciais que gostam de estudar seu adversário antes de desferir o primeiro golpe… Acontece que, quando se trata de inovação tecnológica, não se sabe ao certo quem é o seu adversário!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

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