VERDADE versus EGOCENTRISMO – 127 – 129

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§ 127

Da lógica filosófica ao método científico. Como reconhecer a verdade? Sem um método lógico de verificação estamos fadados à eterna dúvida e, assim, susceptíveis ao domínio do ego, da ausência de conhecimento, dos falsos profetas… A verdade caracteriza-se pela imutabilidade, carecendo de variáveis, ou seja, ela é independente. Não importa se relativiza o material ou imaterial, o temporal ou atemporal. O que importa é que ela passe incólume por “atos de verificação”. Estes devem ser necessariamente reprodutíveis, o que implica na existência de fatos observáveis de forma sistemática e controlada. Pasmem. Aqui, 99,9% das falsas teorias vão por água abaixo! Daí em diante, tudo o mais resulta de elaborações do raciocínio, com as devidas implicações, conclusões e previsões. Foi assim que a lógica filosófica evoluiu para o tão famoso “método científico”, mas foi assim também que assistimos muitos falsos profetas apregoando a tal da “verdade científica” como absoluta quando já comprovadamente demonstrou que não o é! Somente um tipo especial de ato de verificação com impactos vitais para nossas existências, evitando a ilusão do egocentrismo humano.

Figura. Fluxo lógico do método científico.

§ 128

Como sonhar acordado. Vamos realizar um breve experimento de lógica filosófica para ampliar este conceito dos “atos de verificação”. Veja bem. Se hoje tenho consciência de quem sou, amanhã, ao acordar, devo confirmar este fato, caso contrário corro o risco de sonhar acordado, ou o que seria ainda pior, achar que o sonho pode tornar-se realidade. Uma técnica bem simples é contar a sua respiração até dez e só então se levantar. O simples fato de conseguir emitir o comando mental significa que você está de fato consciente e não propriamente sonhando. Aqueles que praticam constantemente meditação precisam ter o pleno domínio desta técnica para não perscrutarem os liames da loucura. Vemos, portanto, que o contrário da verdade é a dissimulação, a hipocrisia, a inconsistência. Ou seja, a verdade nada mais é do que o corolário da constatação dos fatos. Tão simples e lógico quanto isto! Ela existe e está a nossa volta em todos os momentos. Não é algo surreal, inimaginável, somente à altura dos seres angelicais… Basta ter olhos de ver, a percepção da realidade simples como é, nua e crua, sua impermanência e a vacuidade do zen,1 desde o primeiro instante da sua existência. O fato de existir, per se, é a mais pura verdade, o Deus em si, aquele que nos remete indubitavelmente à consciência cósmica.

§ 129

 Mais um lobby da consciência. Se a verdade é assim tão simples, por que mentimos tanto? Na verdade, faltar com a verdade é sempre muito mais fácil porque não depende de verificação, basta soltar a mente no piloto automático! Temos uma imensa dificuldade de aceitar as nossas próprias fraquezas. Este é o peso do egocentrismo. Sim, o ego, inabalável, atua como um verdadeiro “lobista” da nossa consciência. E quando percebe uma circunstância que pode representar qualquer tipo de ameaça de rebaixamento, atua no sentido contrário: o da autoafirmação. Em realidade, este é mais um tipo de mecanismo que pode afetar as nossas crenças e os nossos pensamentos (já vimos anteriormente o mecanismo de gatilho emocional). É o que os psicólogos chamam de mente inconsciente, aquela nossa voz interior que vive a nos pregar peças, criando situações irreais, exacerbando medos ou apegos que acabam por nos convencer de algo que não somos, ou algo que gostaríamos de ser, num verdadeiro truque de auto ilusionismo que só serve para nos trazer infelicidade. Portanto, seja implacável consigo mesmo e não abra mão do escrutínio da própria consciência!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Suzuki, D.T. Uma introdução ao zen-budismo, São Paulo: Mantra, 1ª ed., 2017.

INTELIGÊNCIA COLABORATIVA

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Para se atingir um objetivo comum que envolva a solução de um problema desafiador, deve-se somar esforços entre vários atores, competidores ou não, sendo que todos são beneficiados com os resultados, em maior ou menor proporção. Este é o princípio da inteligência colaborativa!

Agora, cá entre nós, será que o conceito de colaboração em massa é mesmo tão recente assim? Veremos que não.

Sua origem se confunde com a própria história do método científico, cujos elementos vêm se desenvolvendo desde o Egito antigo, passando posteriormente pela Grécia e misturando-se com a filosofia islâmica, até culminarem no pensamento de Descartes, no sistema lógico de Francis Bacon e na aplicação do empirismo por Isaac Newton. Resumidamente, Descartes estabeleceu três regras de ouro para chegar à dita “verdade científica”: da evidência, da análise e da dedução 1

Figura. As três regras de ouro de Descartes que culminam na verdade científica.

Vê-se que o método científico não é somente uma receita caracterizada pela objetividade, causalidade e imparcialidade. Ele requer inteligência, imaginação e criatividade para experimentação contínua. Apresenta-se, assim, na forma de uma sequência de ações lógicas e sequenciais, desde a formulação de uma hipótese até a verificação experimental.

Deve-se observar que este processo distingue-se pelo fato de ser cíclico, possibilitando que outros cientistas possam analisar, reproduzir experimentos e verificar a confiabilidade dos resultados. Isto nada mais é do que a tal da colaboração em massa aplicada à solução de problemas científicos.

A única diferença com relação ao conceito atual do wikinomics, é que a divulgação dos resultados de uma pesquisa é imensamente potencializada pelo poder da internet, podendo atingir instantaneamente qualquer pesquisador ao redor do mundo. Assim, fica cada vez mais difícil de discordar da afirmação profética de Hans Selye: quem não sabe o que procura não entende o que encontra.2

Já vimos alguns exemplos bem recentes em que a aplicação da estratégia colaborativa é evidente, tais como a produção de conteúdos para o inbound marketing, a geração de créditos de carbono para economias sustentáveis ou até mesmo o processamento computacional de cálculos complexos para benefícios financeiros, mais propriamente o acúmulo de criptomoedas.  

Acontece que ainda não temos propriamente um Porter da estratégia colaborativa, nem tampouco seria preciso… A ações compreendidas pelo método científico se aplicam como uma luva para todos estes casos! Quando não se aplicarem, pode-se assumir, sem medo de errar na extrapolação, que não existe “vantagem colaborativa”.

A inteligência colaborativa, portanto, carece somente de um formalismo apropriado aos tempos de inteligência artificial e big data, com os devidos algoritmos de machine learning, sistemas de recomendação e técnicas de data mining, visando automatizar todo o processo. Mas paremos por aqui porque na sequência falaremos de um dos principais agentes de mudança nesta nova era: os BROKERs de informação!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1.  Descartes, R. Discurso do método, São Paulo: Ed. de Ouro, 1970.

2. Selye, H. Stress a tensão da vida, São Paulo: IBRASA, 1965.