O racionalista livre-pensador

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Há tempos tenho para mim, como grande desafio, escrever sobre a fé. Pode parecer piegas demais para quem está numa linha de pensamento voltada para filosofia e nem tanto para religião, mais propriamente na abordagem dogmática e não a libertadora que verdadeiramente nos conecta a Deus!

Quero abordá-la aqui em seus diversos estágios: desde a fé “cega” até a “raciocinada”, sem discriminação de sorte alguma. Com um pouco mais de ousadia, quero aventurar-me a escrever sobre a verdadeira jornada evolutiva de cada ser humano rumo ao “autoconhecimento”, ou melhor, à sua “autorealização” como já apregoava o meu guru indiano Paramahansa Yogananda.1

Figura. Yogananda visitando Gandhi na Índia em 1936.

           

O samadhi

Quero falar da nossa busca quase que instintiva pelos estados de EACs – Estados Alterados de Consciência que nada mais são do que estados gradativos de conexão com o universo, ou com o Criador melhor dizendo, aos quais a sabedoria indiana já sinalizava há milênios pela palavra samádi do sânscrito, que significa a “meditação completa”, ou o estado de concentração e quietude plena da mente.

Veremos que esta busca constante pelo samádi nos levará, inexoravelmente, à sutil compreensão do conceito de imanência. E tal compreensão irá nos encher de valores nos planos físico e extrafísico, estabelecendo uma conexão irreversível com o Criador.

Os mais incrédulos, aqueles que sempre dizem que precisam “ver para crer”, podem achar que as pessoas não mudam. Para os racionalistas livre-pensadores, como digo que o sou, é que nosso único juíz é a própria consciência governada pelo espírito ou a alma. É ela, somente ela e mais nenhum outro dito pastor, guru ou profeta, que “colocará o dedo nas nossas feridas”. E é ela mesma, acreditem, que também nos apontará o caminho. Somos 100% responsáveis pelo nosso destino!

Tal busca e compreensão independe de religião ou credo, estando relacionada, outrossim, ao propósito maior da nossa própria existência. Aquela que podemos chamar de uma viagem com origem e destino marcados: a Fonte.

Temos ainda que admitir o fato inconteste de que fomos criados um dia como espíritos puros e ignorantes, “à imagem e semelhança do Criador” (Gênesis 1:26-27). Se até a ciência admite premissas teóricas (e não são poucas), por que nós, pretensos filósofos racionalistas ou iogues praticantes, não poderíamos adotar as nossas?

Bem, ao continuar no campo das suposições filosóficas, assumamos que ao longo da jornada evolutiva, através das inúmeras interações que experimentamos com outros seres conscientes, adquirimos “impressões energéticas” que precisam ser literalmente “apagadas” para podermos retornar à Fonte livres de karma.2

§

Pensava eu, portanto, que só estaria apto a escrever sobre a fé quando a sabedoria fosse capaz de aguçar o discernimento acumulado em uma existência repleta de experiências, construtivas e destrutivas em valor, mas que fossem acompanhadas de momentos de profunda reflexão.

Não importa seu “tipo psicológico”. Não é preciso ser daquele “introspectivo intuitivo” junguiano. Acontece que a verdadeira sabedoria não se acumula no espectro limitado de interações de uma única existência. Em verdade, não devemos considerar se alguém é ou não sábio. Isto é uma falácia e das mais perigosas… É como a água: ela simplesmente o é. E pronto. Somos substância, substância divina!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: uma dialética introspectiva

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Saiba mais:

1. Paramahansa Yogananda viveu entre 1893 e 1952, sendo reconhecido como um dos maiores emissários da antiga sabedoria indiana no Ocidente. Sua vida e seus ensinamentos continuam sendo uma fonte de inspiração e de luz para pessoas de todas as raças, culturas e credos. Para detalhes sobre as experiências maravilhosas da sua vida, não deixe de conhecer e decifrar sua obra clássica intitulada Autobio-grafia de um Yogue, publicada em português em 2008 e reeditada em 2013 pela Sociedade de Autorrealização. Adicionalmente, para um resumo sobre sua vida e obra, acesse AQUI.

2. As religiões orientais chamam estas “impressões energéticas” de karma. O importante é reconhecer que elas atrapalham o estabelecimento de conexões geradoras de valor no plano extrafísico com outros seres conscientes e especialmente com Deus. 

Busca insondável

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Nesta “busca insondável”, exalto ninguém menos que Gandhi, este ser iluminado que no brindou com o seguinte alerta:

“Seus valores tornam-se o seu destino”

Eu já não acreditava mais em destino, nem tampouco em espiritualidade tal como vista pela grande maioria das pessoas. Caro leitor, peço encarecidamente que não me julgue mal. É muito difícil mesmo de admitir isso…

Seria tão incrivelmente mais fácil se minhas crenças fossem estáveis, assim como o Hélio ou o diamante o são! Mas será que estes “corpúsculos”, ícones da realidade material, física propriamente dita, são mesmo tão estáveis assim?!

O racionalista

            Não adianta forçar. Prevalece sempre, pelo menos para mim, o universo científico e a nossa “busca insondável” pela compreensão dos fenômenos mais escusos à instrumentação humana, ao que chamo de “ciência de fronteira”.

Acredito, outrossim, num único fato, mesmo que ainda contando com explicações ou comprovações limitadas à experiência individual ou transcendental:  

Tudo que você possa imagina, existente ou não, detectável ou não, idealizado ou sentido, enfim, tudo mesmo está intimamente entranhado por leis naturais, ou divinas, conhecidas pela ciência ou não.

            Digo tanto a realidade física como a extrafísica, o dito “espiritual” e o palpável “material”, a vida e a morte, a dor e o amor! Pode ter certeza que esta é uma rede de interações muito mais entranhada e poderosa do que a “internet da coisas” e até a “internet das pessoas”!!!

Fica patente que estou pendendo mais para linha contrária, aquela vista equivocadamente como “materialista” e que, na verdade, distingue-se por procurar encarar os fatos como o são, dentro da realidade cósmica e universal, em verdade a única que existe.

O caminho da Yoga

Tudo isto estaria de fato coerente até me deparar com a parte mais profunda da Yoga, digo a Kriya Yoga,1 esta ciência espiritual que nos conecta a Deus, nosso Criador! E aprender que somos sim 100% responsáveis por tudo o que nos acontece aqui, agora, no passado remoto (ou não) e para todo o sempre. Destino existe sim e um só: a Fonte.

Infelizmente, ou felizmente, não adianta de nada encontrar explicações na providência dita Divina ou naqueles Mestres e Gurus que já se foram e estão ao lado do Pai… Então, a quem poderíamos culpar pelos nossos atos além de nós mesmos? Você mesmo, ou melhor, sua essência que é a alma.

Saiba desde já que ela é a única razão de você existir. É também a única que faz a ponte destes mundos aparentemente incomunicáveis, de mistérios insondáveis aos olhos da realidade puramente material.

É ela, portanto, que precisa ser estudada, entendida a fundo e cientificamente! É a ela que devemos render nossa fé, digo a “raciocinada” e não a “cega” que somente cerceia os indivíduos, as comunidades religiosas e tudo que nos cerca…

            Não me considero um sujeito assim areligioso. Somente defendo a liberalidade de pensamento que propicia a “busca insondável” da Verdade por aqueles que ainda não encontraram a sua fórmula única para uma vida próspera em todas as suas dimensões: material (mental e física neste caso), afetiva (ou emocional) e espiritual (do domínio das almas).

§

Depois de tantas perambulanças nas sendas das crenças humanistas, ora como filósofo, ora como crente, ora como historiador, ora como cientista, mas sempre um racionalista convicto, acho que só agora consegui me reconciliar verdadeiramente com Deus.

Para continuar a leitura, caro leitor, é preciso que admita apenas as duas únicas premissas existenciais do sistema Kantiano:2 1. Deus existe; 2. Somos uma alma. E ao perscrutar seus mistérios, irá descobrir uma nova maneira de encarar a vida: seus percalços e legados, como interagir com outros seres (conscientes ou não), com a natureza, o universo e, o mais importante, como render graças ao Criador, o Deus único que está em cada um de nós!

Não gosto do termo metafísico, espiritual, transcendental, esotérico, astral e tantos outros de origem religiosa ou não (mesmo os agnósticos e ateus) utilizados para retratar algo que sempre foi conhecido, desde os primórdios pelos sábios iluminados da Índia ou na antiguidade greco-romana, simplesmente por Yoga ou filosofia, cujo propósito maior é a eterna busca do homem pela autorrealização. Eu a chamo de teoria da CULTURA DE VALOR.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: uma dialética introspectiva

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Saiba mais:

1. Segundo a Sociedade de Autorealização, entidade fundada por Paramahansa Yogananda em 1920, a Kriya Yoga consiste em técnicas avançadas de meditação, cuja prática regular conduz à união com Deus e à libertação de todo tipo de escravidão da alma. É a técnica régia ou suprema de yoga, a união divina. Para mais detalhes acesse AQUI

2. Destaco aqui a introdução por Marilena de Souza Chaí, em Vide e Obra de Immanuel Kant, de Os Pensadores, São Paulo, Editora Nova Cultural, 2000. 

VALOR: dimensões e agentes de mudanças

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Para entendermos o conceito mais abrangente de INTELIGÊNCIA, antes de mais nada, é preciso conhecer quais são os insumos que alimentam os processos que levam a ela, mais precisamente os dados, a informação e o conhecimento! Leia atentamente a seguinte frase (mantida propositalmente em sua língua original):

Today it is almost heresy to suggest that scientific knowledge is not the sum of all knowledge […] It is with respect to this that practically every individual has some advantage over all others because he possesses unique information of which beneficial use might be made, but of which use can be made only if the decisions depending on it are left to him or are made with his active cooperation.

Alguma ideia de quem escreveu e quando esta frase foi publicada? Muito provavelmente deve ter chutado algum geek famoso do Vale do Silício em algum momento após a invenção da internet. Então, pasmem! Foi publicada em 1945 pelo ganhador do prêmio Nobel de economia Friedrich A. Hayek. 1

Sem mais delongas, vamos assim iniciar nossa jornada rumo à proposta de uma metodologia aplicada aos processos de tomada de decisão, chamada inteligência de valor e especificamente voltada para assistir na prosperidade das pessoas, organizações e nações!

Antes disso, no entanto, precisamos lançar mão de um conceito ainda mais amplo… Eis que surge o pano de fundo para definir VALOR!

O que é valor?

O primeiro passo para se tipificar “algo” como valoroso, seja lá o que for, é que se tenha um propósito para sua existência. Via de regra, em se tratando de “entidades”, são normalmente questões relacionadas à satisfação de suas necessidades ou desejos. Sendo assim, a priori, definiremos “valor” mais ou menos assim (definições nunca são tão precisas, mas precisamos delas mesmo que Nietzsche se zangue com isso…):

Tudo aquilo que se deseja acumular e/ou manter ao longo da existência de uma “entidade”.

Ao contrário do que podem estar pensando, uma ENTIDADE sempre representa, pelo menos aqui, um conjunto complexo de processos e estruturas regidos por algoritmos variados que disparam ações, afetando o meio em que se encontram inseridas.

Uma entidade pode, portanto, ser autônoma (ex. seres humanos) ou controlada (ex. robôs). Pergunta: você estranharia se um robô tivesse somente desejos ou se um ser humano vivesse somente da satisfação das suas necessidades, certo? Bem, deixemos estas questões para as ciências cognitivas, desde que muito bem amparadas pela antropometria e pssicometria, por favor!

Vamos entender, outrossim, como satisfazer uma necessidade ou desejo de uma entidade, seja ela autônoma ou controlada. Uma necessidade é algo que a entidade precisa para realizar uma atividade momentânea capaz de afetá-la “positivamente” ou o meio ao seu redor. Já o desejo envolve o atingimento de objetivos previamente estabelecidos, ou seja, planejado com antecedência.

Por ser premeditado, mexe profundamente com as nossas “expectativas de valor”. Temos aí a origem de muitas das frutações do mundo atual que decorrem justamente do gap existente entre o “valor esperado” versus “valor percebido”. E ele é diretamente proporcional à carga emocional naturalmente envolvida na satisfação dos desejos…

Dimensões de valor

Não há, portanto, nada de errado em robôs terem desejos e humanos necessidades. Somos todos (humanos e robôs) como um VETOR apontando sempre em uma das seguintes “dimensões de valor”: a pessoal, profissional e social.

Independente do desejo ou da necessidade, para se “criar” ou “destruir” valor, é preciso de um “agente de mudanças”, cuja influência é capaz de alterar a grandeza deste vetor. Tal agente pode ser um individuo, uma organização ou o próprio Estado.

Figura i.1. Dimensões de valor e os tipos de agentes de mudança.

Para exemplificar, não poderíamos deixar de exaltar o caso emblemático de Steve Jobs, tratado aqui como mais uma entidade autônoma que simplesmente fundou aquela que seria por muito tempo a empresa mais valorizada do mundo. Veja suas últimas palavras sobre o legado da Apple, já no estágio terminal do seu câncer: 2

Minha paixão foi contruir uma empresa duradoura, onde as pessoas se sentissem incentivadas a fabricar grandes produtos. Tudo o mais era secundário. Claro, foi ótimo ganhar dinheiro, porque era isso que nos permitia fazer grandes produtos. Mas os produtos, e não o lucro, eram a motivação.

Observe que ele encarava a Apple como um poderoso “agente de mudanças”, muito embora a raiz da sua motivação fosse, na verdade, o valor do empreendedorismo que o movia rumo à satisfação de um único desejo: a criação de grandes produtos como assim o foi e continuam sendo o iPhone, iTunes, Toy Story e tantos outros!

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Estes produtos e serviços, considerados miraculosos no mundo moderno, somente puderam nascer graças aos avanços tecnológicos que observamos nas últimas décadas. No entanto, não devemos nunca nos enganar! Por trás de tanta tecnologia, sempre há uma complexa estratégia de negócios…

Sendo assim, antes de falarmos de big data, algoritmos de relevância, inteligência artificial, machine learning e sistemas de recomendação, comecemos pelos primórdios: os processos de inteligência! Vamos lá?

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: metodologia aplicada aos processos de tomada de decisão

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Saiba mais:

1. Hayek, Friedrich A. The Use of Knowledge in Society, 1945.

2. Walter Isaacson, Steve Jobs: a biografia, São Paulo: Companhia da Letras, 2011.