Sobre a inteligência de mercado

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Para encerrar a nossa série de capítulos voltados para inovar, não poderíamos deixar de falar da “inteligência de mercado”. E digo mais: não fosse ela, de nada valeria fazer pesquisas sofisticadas, nem tampouco empregar tecnologias de ponta na indústria. Mandatório mesmo é que todo novo produto (ou serviço) tenha o tal do fit de mercado!

Quantos não são os projetos de inovação que acabam morrendo no momento decisivo do lançamento?! Aprendi a duras penas essa lição ao passar anos a fio desenvolvendo um material nanotecnológico para descolorir efluentes industriais e logo nos primeiros testes industriais nos deparamos com um “produto substituto” imbatível!!

Sem sombra de dúvidas, um olhar atento nas bases de dados de mercado nacionais e internacionais poderia ter mudado o rumo dessa história… Anyway, caro leitor, mergulhe comigo neste universo da “inteligência de mercado” e não se arrependerá.

O trader

Não serei mais um a falar sobre a onda avassaladora de pequenos especuladores que operam ativos de curto prazo nas bolsas de valores ao redor do mundo numa ciranda incessante de ganhos financeiros crescentes… Nosso foco aqui são os traders que atuam profissionalmente nas empresas de trading, comprando e vendendo “produtos reais” no mercado internacional. Estes sim são os verdadeiros traders

Além de um profundo conhecimento das normas de comércio exterior, tais profissionais primam pela capacidade de negociação aguçada, bem como o uso de informações privilegiadas de transações comerciais que podem representar ganhos de até milhões de dólares quando colocadas na mesa no momento certo e com as pessoas certas…  

Tive oportunidade de trabalhar numa grande empresa brasileira de commodities minerais e presenciei a notoriedade de um squad de inteligência de mercado. Juro pra vocês: eram apenas três traders da mais alta competência que monitoravam o mercado internacional, falavam com insiders e geravam relatórios estratégicos diuturnamente… Não é à toa que os diretores executivos não saíam do pé da mesa deles!!

A trading

Na última relação divulgada pelo Sicomex em 2021, o Brasil apresentava 164 trading companies habilitadas. São empresas comerciais peculiares que atuam como intermediárias entre empresas fabricantes e empresas compradoras, em operações de exportação ou importação. Parece bastante, mas ainda se trata de um número pífio mediante o número de tradings em países desenvolvidos como nos USA que chega na casa dos milhares…

Fato é que o número de tradings com atuação num país é importante métrica para ajudar a dimensionar o esforço de mercado em termos de comércio exterior. Somente para se ter uma ideia, segundo a UN Comtrade database, o Brasil exportou em 2019 não mais do que USD 225 bilhões em produtos diversos enquanto os USA chegaram bem próximo de USD 1,65 trilhão!

Quem já colocou a mão na massa sabe o parto que é realizar um processo desses! Nem um profissional experiente, com boa visão de regulamentação e incentivos fiscais consegue fazer tudo sozinho… Conta sempre com o apoio dos despachantes aduaneiros. Se até para grandes empresas a coisa não é fácil, imagine para as pequenas e médias!? É aí que entra o papel das tradings, promovendo o acesso irrestrito ao mercado internacional.

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Mas o que complica tanto as transações comerciais entre países? Não deveriam os governantes buscarem acordos de cooperação comercial que trouxessem facililidades para suas empresas??? Afinal de contas, é o saldo na balança comercial que aprecia o câmbio, enriquecendo ou empobrecendo a população no final do dia, certo?!

O problema é o tal do protecionismo. Ao imporem medidas para proteger o mercado interno de alguns produtos específicos dos concorrentes internacionais, certos países acham que estão estimulando a economia local quando, na verdade, estão é criando as bases para o isolamento de uma gama muito maior de produtos e empresas…

Veja o caso das relações comerciais entre Argentina e Brasil. Segundo o GTA (Global Trade Alert), desde 2008 o Brasil teve 162 intervenções “liberalizantes” e 285 “danosas” nas transações com a Argentina. O principal setor afetado foi o de cereais, mais especificamente o milho com 32 intervenções. Ou seja, não é só no futebol que los amigos Hermanos nos rivalizam!!  

Figura. Mapa de intervenções comerciais entre Brasil e Argentina.

Será mesmo que esta uma estratégia sustentável? Países vizinhos que poderiam estar explorando muito melhor sua proximidade logística, explorando suas “fortalezas e fraqueza”, mas que ficam disputando sansões ao invés de cooperar. Que vergonha!

Pelo menos não somos só nós que não nos entendemos. Acabamos de assistir a uma verdadeira “guerra comercial” entre os USA e China, deflagrando o fracasso da política comercial do governo Trump que comprovou que o isolacionismo não combina com o capitalismo liberalista.

Entretanto, Trump estava certo pelo menos num ponto: a Organização Mundial do Comércio (OMC) não deveria fazer vista grossa aos impropérios que a China está cometendo no tocante ao respeito à propriedade intelectual. Os países devem competir sim, mas respeitando os tratados internacionais, seja qual for o quesito!     

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

Algoritmos de inteligência tecnológica

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Veja bem. Não se trata de algoritmos para mais uma aplicação da Inteligência Artificial! Ninguém discorda de que este é o assunto do momento, nem tampouco de que está moldando a nova “corrida tecnológica” entre as 2 grandes superpotências mundiais: USA versus China, mas quem sairá vitorioso? Bem, se depender do número de patentes na área, me parece que os amiguinhos lá do Oriente estão a passos largos…

Já vimos que a China tem tido uma produção tecnológica absurda nos últimos anos. Mais propriamente vimos que a produção tecnológica, na verdade, não se trata de algo distante da realidade das pessoas. A ficção que ronda o tema é típica dos filmes épicos do tipo Star Wars e também das grandes corporações como a Apple que lançam produtos em massa que fazem história!

Entretanto, vimos ainda que no mundo real são as patentes que fazem a diferença. Sim, um pequeno pedaço de papel que garante o direito de uma empresa explorar tal tecnologia em determinado mercado. Quando se trata de inovação tecnológica, estamos falando de milhões de pequenas empresas de base tecnológica, muitas vezes incógnatas ao público amplo, mas que detém um verdadeiro exército de empreendedores e inventores.

Detalhe: são elas agora famosas pelo termo startups e quem sabe a sua não será a próxima do Vale do Silício, assim como o Google e NetFlix o foram não tanto tempo atrás. Vamos conhecer aqui apenas um dos grandes segredos delas…

Observatório de inteligência tecnológica

Aqui um grande problema. Como manter um “farol” sobre todas as patentes desenvolvidas por competidores ao redor do mundo na sua área? Só para se ter uma ideia, em “artificial intelligence” foram 11.557 patentes somente em 2020! Para se manter atualizado você precisaria ler cerca de 32 patentes por dia! Isto significa que você precisaria ler mais de 1,3 patente por hora!! E uma patente tem em média 12 a 15 páginas com letras bem miudinhas… Ou seja, algo humanamente impossível!!!

É por este motivo que as empresas inovadoras precisam manter profissionais dedicados somente ao trabalho de “inteligência tecnológica”, não deixando escapar nenhuma informação de seus “competidores tecnológicos” ao redor do mundo, seja ele uma grande empresa ou a próxima startup de sucesso na área. É dali que pode vir a próxima tecnologia que revolucionará o seu mercado de atuação. É dali que também pode surgir o insight para o próximo projeto de inovação de produto que moldará o futuro da sua companhia nos próximos 20 anos!

Agora, se você não tem como monitorar tudo o que sai nos escritórios de patentes ao redor do mundo, minimamente você precisa ter o que chamamos de “observatório tecnológico”, qual seja o repositório onde vai registrando de tempos em tempos as patentes que lhe chamaram atenção na sua área. Veja, assim você dificilmente trará algo do tipo breakthrough, mas ao menos terá condição de tomar contato com o que está acontecendo de mais relevante para não ficar totalmente perdido. Parece pouco, mas a experiência mostra que isto já representa um baita diferencial competitivo!!

Figura 1. Ferramenta iNovarvm disponível em ricardobarreto.com.

Veja bem, apenas nos últimos 15 minutos, já registrei 2 patentes sobre “inteligência artificial” utilizando a ferramenta iNovarvm e olha a Coréia (não apenas China e USA) com a LG Eletronics, pesquisando aplicações de na área de painéis eletrônicos… Conheça e inicie seu próprio “observatório de inteligência tecnológica” o quanto antes!

Competidores tecnológicos

Claro que a essa altura o leitor perspicaz já deve ter notado que o que sustenta a posição de mercado de uma empresa em muitos casos é a sua “força tecnológica”. E não são somente as empresas que competem por mercados. Os países também têm interesses estratégicos. Nos dias de hoje os impérios não são mais formados por militares e sim por cientistas e empreendedores!

Mas como medir a “força tecnológica” de uma empresa ou de um país? Desenhamos alguns algoritmos bem específicos que nos permitem boa acurácia nessa missão. Por exemplo, eu não tinha a menor noção de que o Brasil paga algo em torno de 5,2 bilhões de Dólares para empresas estrangeiras somente em royalties. Ao mesmo nem imaginava que o saldo de patentes “correntes” que entraram e saíram da Índia foi de apenas 52.787. São indicadores nem um pouco usuais, mas bem fáceis de se obter publicamente.    

Para empresas, a lógica dos indicadores é a mesma. De que adianta uma nova empresa brasileira de motores elétricos ter 9 patentes depositadas no INPI se nenhuma delas foi estendida para os maiores mercados mundiais que estão na Europa, China e USA?! Muito provavelmente foi mais um spinoff universitária que não saiu da primeira rodada de investidores… Já os grandes inventores, assim como os cientistas, se reconhecem pela produtividade. Não há magica! É na disciplina e esmero que se conquista a excelência.    

Figura 2. Algoritmos para o scoring de relevância de países, empresas e inventores.

Chegamos ao final de mais um capítulo que se propôs a introduzir um tema de extrema relevância para geração de valor: a “inteligência tecnológica”. Espero que tenha ficado claro o poder das patentes, do empreendedorismo e o papel de uma análise mais detalhada das bases de dados espalhadas ao redor do mundo.

Somente o uso de ferramentas sistemáticas de monitoramento e geração de informação relevante, através de algoritmos e sistemas de recomendação, poderão ajudar empresas e inventores a manterem-se competitivos em suas aplicações de interesse, trazendo ao mercado produtos de sucesso. No entanto, essa tarefa ainda está longe de ser elementar…

Aos países com indicadores de tecnologia pífios, enquanto não houver uma política estruturante de fomento à inovação tal como a dos USA no pós-guerra, continuaremos a assistir balanças comerciais “empobrecedoras” por mais que se esforcem exportando milhões de toneladas de commodities… Apenas um navio carregado de microprocessadores chineses já é o suficiente para anular todo este esforço!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

Decidindo eventos com inteligência tecnológica

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Se você está pensando no próximo grande lançamento da Apple em Cupertino ou na corrida espacial que está sendo travada neste exato momento entre os 2 homens mais ricos do mundo (Musk versus Besos), está redondamente enganado! Não estamos falando aqui da próxima grande revolução tecnológica, muito menos do próximo “aparelhinho” que vai cair na graça das grandes massas…

Falo, outrossim, das “inovações de base”, daquelas que movem as indústrias de diferentes setores e que dão sustentação a toda uma cadeia de processos produtivos que permitem, enfim, obter os produtos que encontramos nas prateleiras no nosso dia a dia, deste o papel que se produz a partir da celulose da madeira e embala a pizza entregue pelo iFood até a tinta do avião da Boing em que você acabou de decolar e que economizará alguns milhares de litros de combustível fóssil por conta do seu “pigmento oco” levíssimo de última geração!

Definitivamente tais inovações não estão na “boca do povo”. Por quê? Simplesmente o usuário final não as enxerga e nem faria sentido um Ad no YouTube! Entretanto, são elas que movem os times de P&D nas empresas que mais inovam ao redor do mundo, sendo responsáveis pelos milhões de pedidos de patentes que os escritórios oficiais recebem anualmente. Somente na China foram 3.650.591 em 2020!  

Vamos conhecer aqui algumas das situações típicas que estas empresas enfrentam e que muitos ignoram.

Davi e Golias da tecnologia

Nas batalhas do mundo moderno, assim como nos tempos bíblicos, nem sempre os gigantes se saem bem… Muitas vezes é a agilidade e astúcia dos menores que fazem toda a diferença na corrida pelo diferencial competitivo. Acreditem: muitas empresas conceituadas preferem adquirir uma tecnologia já desenvolvida por uma startup ou spinoff universitária para acelerar o seu time to market!

Foi o Prof. Henry Chesbrough da Universidade de Berkeley quem deu o devido tratamento teórico ao que chamou genericamente de “inovação aberta”.1 Esta estratégia é muito comum no Vale do Silício e outros ecossistemas de pólos tecnológicos mundo afora em que a interação entre a universidade, órgãos de fomento e indústria é praticamente uma premissa.

No Brasil tivemos um caso clássico de uma tecnologia na indústria de tintas que foi literalmente abduzida. Tratava-se de um novo pigmento nanotecnológico chamado “Biphor”, desenvolvido pelo renomado Prof. Fernando Galembeck da Unicamp. Sua patente foi licenciada por uma bagatela para a gigante americana Bunge e nunca mais ouviu-se falar da tecnologia que rivalizava o dióxido de titânio num mercado de cerca de 5 bilhões de dólares…

Figura. Tecnologia brasileira incorporada por um grupo estrangeiro.2

Veja, no mundo corporativo de hoje em dia, em que as organizações inovadoras se digladiam com tecnologias cada vez mais “afiadas”, o coitado Davi é mais propriamente “engolido” pelo poderoso Golias…

Barreiras de entrada tecnológicas

Não é preciso ser economista, ter feito MBA na Kellogg School of Management ou fazer parte do board de uma grande empresa para se preocupar com uma das estratégias de negócios mais clássicas e bem-sucedidas de todos os tempos! Tanto que o próprio Prof. David Besanko discorre sucintamente sobre ela em seu clássico dos clássicos…3

Se a sua empresa “navega” num mercado distindo das commodities, qual seja aquele em que o produto ou serviço precisa apresentar atributos de valor constantemente superiores aos da concorrência, então, sem sombra de dúvidas, não sei o que você está esperando para estruturar um time de P&D em sua organização, injetando anualmente pelo menos 1% das suas receitas ali, nem que seja de início com um único inventor ativo!

Para vender soja ou minério de ferro, vá lá! Agora, se a parada for microprocessadores ou novos medicamentos a “pegada” é outra… E como se faz para se garantir nesta verdadeira “briga de foices”? O segredo está num simples documento de algumas páginas: as patentes. São elas que garantem o que chamamos de “barreira tecnológica” para as empresas que inovam. São, na verdade, uma reserva de direito (propriedade intelectual), a qual praticamente todos os países respeitam através de tratados internacionais.

Se você submete e tem concedida uma patente nos principais mercados que pretente explorar com a sua nova tecnologia (exs. Estados Unidos, Europa e América Latina), isto significa que os concorrentes não poderão “copiar” os seus diferenciais tecnológicos, a não ser que consigam desenvolver algo totalmente novo e que supere a sua performance (“estado da arte” versus “estado da técnica”). Evidentemente, que isto não é impossível!

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A essa altura o leitor já deve ter capturado bem mais do que imaginou ao ler o título levemente desinteressante deste capítulo… Deve também ter pensado sobre o posicionamento do seu país e da sua empresa neste grande “jogo tecnológico”… Refletido sobre quem é o Davi e o Golias… E, claro, chegado a uma conclusão pra lá de importante: que as boas decisões tecnológicas carecem de investimentod e rápido!  

Entretanto, neste jogo de mercado, existem diversos outros fatores que influenciam na decisão de compra e todos sabem que, uma vez conquistados, leva-se tempo e bastante esforço para conseguir “mudar a cabeça do” cliente (o Prof. Besanko chama isso de “shifting costs”).3  

Mas, sem me estender por demais, o que mais me encanta mesmo nas “barreiras tecnológicas”, é a largada na frente da corrida tecnológica. Ganha-se tempo! E talvez o tempo suficiente (e precioso) para você dominar o mercado e impor outros tipos de barreira de entrada… Capiche?!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões (volume I)

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Saiba mais: 

1. Chesbrough, H.W. Open business model: how to thrive in the new innovation landscape, Boston, MA: Harvard Business School Press, 2006.

2. Rachel Bueno, Pesquisadores desenvolvem pigmento para tintas a partir de nanopartículas, Jornal da Unicamp, 3 a 9 de outubro de 2005.

3. Besanko, David. A economia da estratégia, 3ª ed., Porto Alegre: Bookman, 2006.

Recomendando informações com inteligência tecnológica

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Anteriormente vimos o “poder” da metodologia utilizada para geração dos documentos de inteligência científica. Agora, chegou a hora de estendermos este conhecimento para gerar os documentos de inteligência tecnológica.

Da mesma forma, temos aqui a divisão em 3 categorias: análises, monitoramentos e prospecções. Também vamos utilizar a mesma estratégia de nos aprofundar de forma gradativa nos diferentes níveis informacionais, desde o campo tecnológico mais abrangente, passando pelas aplicações específicas até, finalmente, identificar as empresas e inventores de destaque.

Eis a questão: como estes documentos podem contribuir no ambiente competitivo das empresas? Certamente ajudam os profissionais envolvidos em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) na tomada de decisão sobre as melhores estratégias de inovações tecnológicas a serem adotadas no médio e longo prazo. Vejamos, mesmo que de relance, como isto se dá na prática.

Análises tecnológicas

Sempre é a opção de escolha quando se trata de identificar macrotendências. Mais do que acompanhar o perfil da curva “S” do seu campo tecnológico, você deve estar atento à velocidade das evoluções. O campo “video streaming”, por exemplo, em 2002 tinha 376 patentes publicadas, crescendo ano a ano até fechar 2016 com 1.267 publicações. Ou seja, encontrave-se ainda em franca expansão!

No entanto, ao abrir este número no mapa, observa-se algo inusitado. Em verdade, o crescimento entre os países competidores (Estados Unidos, China, Japão, Reino Unido e Coréia do Sul) é praticamente “flat” ao longo deste período, o que demonstra que a tecnologia se encontra na fase de disseminação para outros países entrantes. Ou seja, já se foi a primeira onda de desenvolvimento!

Figura. Exemplo de competição tecnológica entre países.

Monitoramentos tecnológicos

Vamos lá. Você já sabe onde a coisa tá literalmente “bombando” no campo tecnológico video streaming, mas seu interesse é bem mais específico. Você quer saber, em realidade, quem tá “mandando ver” na área das EduTechs, mais propriamente das “learning platforms”: seu core business, ou melhor, sua core technology!!

É preciso, portanto, varrer a literatura de patentes para monitorar constantemente os movimentos dos seus competidores. Eis o propósito dos documentos de monitoramento tecnológico. É assim que você poderia descobrir que a empresa “Inventec Technology” tinha acabado de lançar uma plataforma com um diferencial tecnológico muito parecido com o da sua plataforma, obrigando-o a realizar um pivot de salvaguarda…

Sim, é possível este tipo de antecipação ao manter a disciplina e diligência para alimentar o radar tecnológico que apresenta uma listagem das patentes mais recentes ou mais relevantes da empresa ou do inventor em foco. Pois bem: quem iria imaginar que raios o chinês “Guo Zhinan” estava criando o mesmo sistema de certificação da sua plataforma de ensino?!

Prospecções tecnológicas

Não sofra do “complexo de avestruz”. No mundo da tecnologia não se pode “enterrar a cabeça” somente na sua área! As conexões interdisciplinares são cada vez mais frequentes e a experiência ensina que, normalmente, as inovações mais disruptivas vêm dos mercados adjacentes. Quem iria imaginar, na década de 80, que as câmeras fotagráficas seriam substituídas pelos telefones celulares?!

Sendo assim, o propósito da prospecção tecnológica é justamente identificar assuntos emergentes e novos entrantes. É possível levantar rapidamente uma listagem das aplicações relacionadas. Basta realizar pesquisas com a TAG da sua aplicação de interesse e selecionar TAGs dos títulos dos resultados mais relevantes. Então, realiza-se a pesquisa novamente com ambas as TAGs e calcula-se o grau de correlação. Sem dificuldades, você encontrará a importância da aplicação “video recommendations”.

Em verdade, tal capacidade de se recomendar vídeos de acordo com o perfil do usuário revela o universo dos algoritmos de inteligência artificial, de modo que já se esperava na competição tecnológica, comparando-se o desempenho ano a ano em termos do número de patentes publicadas, que aparecesse o Google como um dos players TOP 5, produzindo tecnologias de ponta na área. É claro que o YouTube despontou justamente daí!  

Vimos, portanto, que ao se analisar com cuidado a informação escondida por trás de bases de dados públicas de patentes, temos condições de tomar decisões que podem representar até mesmo a sobrevivência de toda uma indústria!

Fazendo-se uma analogia nem tão esdrúxula assim, podemos dizer que não são somente os lutadores de artes marciais que gostam de estudar seu adversário antes de desferir o primeiro golpe… Acontece que, quando se trata de inovação tecnológica, não se sabe ao certo quem é o seu adversário!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

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Filtrando dados com inteligência tecnológica

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Vocês evidentemente já devem estar imaginando que a “competência tecnológica” é algo bem distinto da científica. Não se trata aqui de acumular mais e mais conhecimentos. Os inventores, ao contrário dos acadêmicos, precisam ter antes de mais nada o “tino pro negócio”! Precisam saber “farejar” oportunidades nos produtos (ou serviços), perseguir os clientes insatisfeitos, as assimetrias de mercado, encontrar atributos não percebidos, enfim, diferenciar-se nos meios altamente competitivos em que estão inseridos.   

Acontece que, muitas das vezes, ao se projetar os atributos do “produto ideal”, esbarra-se na tecnologia que ainda está muito aquém daquele patamar de desempenho tão almejado… Veja o caso do iPod que só nasceu quando se tornou possível armazenar 1.000 músicas numa caixinha metálica não muito maior, e nem tão pesada, quanto uma caixa de fósforos!

Pois bem, fato é que o universo tecnológico é tão vasto se não for ainda maior que o universo acadêmico. A vigília informacional, portanto, é necessária não só para inovar nos produtos e processos, mas sobretudo uma questão de sobrevivência, dado que um novo “entrante” no seu mercado pode simplemente dizimar a concorrência em questão de meses, tornando os demais players irrelevantes…

Por sua vez, a unidade de informação elementar para “inteligência tecnológica” é a patente, documento que serve para preservar o direito de propriedade intelectual da invenção. São as bases de patentes dos escritórios de países espalhados ao redor do mundo que nos reservam grandes segredos… Vamos desbravá-los?  

Seleção das bases de dados tecnológicas

Apesar da maioria dos países signatários dos tratados internacionais de propriedade intelectual serem obrigados a dispor publicamente das suas bases de dados, vemos que ainda hoje poucos oferecem, de fato, plataformas de busca modernas e amigáveis aos usuários como um “Google” da vida…

Aliás, o próprio Google percebeu a “brecha” e lançou sua base de patentes (a Google Patents), compilando incialmente só os dados do escritório americano de patentes (o USPTO), mas com anseios de compilar, gradativamente, todos os escritórios de patentes ao redor do mundo. Sempre ousados estes caras! Fica a dica: não deixe de testar esta base antes de consultar as públicas…

Pois bem. Vamos aos exemplos. Imagine que você é um engenheiro de software e está concluindo a graduação em Stanford. Claro, os anseios acadêmicos não o apetecem neste momento, dado que o seu trabalho de conclusão de curso foi um sucesso e o próprio professor de empreendedorismo o encorajou a buscar investidores para montar uma startup na Vale do Silício. Qualquer analogia é mera coincidência… [hehe]

O primeiro passo, claro, é levantar a lista de bases de dados tecnológicas que você deverá monitorar diuturnamente… Defina suas TAGs: uma principal da aplicação de interesse (ex. internet platform) e outra secundária, porém não menos importante (ex. social network). Efetue as buscas das patentes publicadas no último ano pelo abstract (título ou qualquer campo) em cada uma das bases de dados.

Então, afinal, ordene a lista e escolha evidentemente a base TOP 1. Ah, claro, mantenha sempre uma nacional e outra internacional no seu “farol”. Assim, são mínimas as chances de passar algo relevante desapercebido… Abaixo vemos que a Patent Lens bateu até mesmo o Google entre as bases internacionais para as TAGs selecionadas!    

Tabela

Descrição gerada automaticamente
Figura. Lista de bases de dados tecnológicas.

Identificando aplicações de interesse

O desafio, agora, é proceder com a técnica de data mining (mais especificamente text mining) visando obter informação tecnológica relevante. Voltemos ao nosso exemplo prático. Vamos supor que nosso engenheiro de software estivesse apenas iniciando sua monografia… Como saber onde “meter as caras”, ou seja, qual aplicação dentro desse vasto campo tecnológico (software) que mais o interessa?

A mente ordinária iria pelo caminho mais fácil, do viés, da parcialidade ou, porque não dizer, da opinião colegiada. No entanto, um inventor que se preze detesta o senso comum! Num primeiro momento, ele deve sempre abrir as possibilidades em busca da tão sonhada “brecha” tecnológica, aquela que pode lhe propiciar um breve momento de epifania, parafrasendo Steve Blank, nosso grande mestre da inovação acelerada!

Para tal, o procedimento de busca nas bases de dados tecnológicas é muito simples: basta pesquisar com a TAG do campo tecnológico no abstract e identificar TAGs de aplicações de interesse nos títulos dos resultados das patentes mais recentes ou mais relevantes. Por fim, resta pesquisar somente com a TAG da aplicação de interesse escolhida no abstract e computar o resultado do esforço tecnológico: o número de patentes publicadas na área.

Identificando empresas e inventores

Ok, nosso formando (o Zuckerberg, certo?!) já descobriu que a área que estava bombando, neste espaço-tempo, era realmente “internet platform”. Como poderia ele agora descobrir rapidamente quem seriam os players tecnológicos em questão de minutos? Não se engane, pagar consultorias caríssimas para obter de antemão dossiês tecnológicos não cabe no bolso de um fundador de startup!   

Veja bem: primero devemos descobrir as empresas e depois os inventores. Na mesma tela que você estava, pesquise com a TAG da aplicação de interesse “internet platform” no abstract e extraia os applicants (que são normalmente empresas) dos resultados das patentes mais recentes ou mais relevantes. Certamente, ao fazer a pesquisa hoje, irá se deparar com vários resultados do facebook, mas não naquela época… [hehe]

Então, proceda com a mesma pesquisa só que utilizando somente o nome da empresa e terá o esforço de desenvolvimento da referida empresa na área. Este dado é lindo, especialmente quando você o projeta num período de 15 a 20 anos… Detalhe importante: aplique exatamente o mesmo procedimento para identificar os inventores que “bombam” na área e, quem sabe, pode chegar num possível partner ou futuro employee!

Evidentemente que existem diversas técnicas complementares de data mining que nos ajudam a encontrar padrões e tendências nestas pesquisas. Uma delas, que eu chamo de competição tecnológica, é muito bacana para verificar o esforço par e passo dos players TOP 5. Você verá, claramente, o aflorar de “novos entrantes” e o esmorecer de gigantes!

Outra visão que me encanta é a constatação inequívoca de quando estamos diante de verdadeiros “breakthroghs tecnológicos”. Nada se compara a uma curva “S” muito bem delineada, mostrando o salto de desempenho de um determinado produto e muitas tecnologias nascerem ou morrerem. Foi assim que vi a Sony despontar e a Kodak esmorecer do mercado de câmeras fotográficas. Hoje é só história de aulinha de inovação… [rss]  

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

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Sobre a inteligência tecnológica

#inteligênciadevalor #valor #inteligência #inteligênciatecnológica #empreendedores #startup #SteveJobs #SteveBlank

Vimos anteriormente a importância vital da “inteligência científica” para o futuro das nações que almejam um papel protagonista no mundo moderno. Agora veremos o papel não menos importante da “inteligência tecnológica” que dita como as organizações podem superar a concorrência e navegar com tranquilidade e bonança nas águas inexploradas e cheias de surpresas reservadas aos novos espaços de valor.1   

Todos sabemos que inovar não é tarefa fácil. São muitos os desafios e barreiras para inovação! E acreditem: as maiores muitas vezes não são tecnológicas, mas sim as culturais… Quem não se apraz com a previsibilidade dos mercados mais amadurecidos e qual CEO não gosta de ter a certeza de que entregará os resultados prometidos ao conselho?  E, diga-se de passagem, garantir seu bônus polpudo e preservar o emprego para o próximo exercício fiscal… [rss]

Bem, é exatamente por isso que eu gosto daquelas empresas que são governadas pelos seus fundadores. Elas refletem a visão do fundador e, assim, não ficam impregnadas da visão “cômoda” daqueles que são movidos por preservar o status quo. Comecemos, então, falando deles (os empreendendores). São eles que, no “final do dia”, tomam as decisões que chacoalham o “mundo tecnológico” e que, merecidamente, ficarão para história!

O empreendedor

Há, deveras, muita confusão sobre como atribuir quem é ou não é empreendedor. Muito fácil de encontrar uma definição pelos traços de perfil que se esperam deles. Isto muitos já o fizeram! Não se trata somente de ter as características propícias para empreender. Empreendedor é coisa rara mesmo. Eu diria que empreendedor é como gênio: com sorte (e, claro, frequentando os lugares certos) a gente pode até encontrar um ou outro pela vida profissional…

Para ser empreendedor tem sim que ter todas as características apontadas pelos teóricos da inovação. No entanto, é ainda preciso ter qualquer coisa de “guru”, de MacGyver, de provocador, de controverso… Mas o importante mesmo é que tenha criado pelo menos uma grande inovação tecnológica, qual seja aquela capaz de impactar a economia de uma cidade, de um estado, de um país ou, porque não dizer, do mundo!

Veja, é tudo uma questão de referencial e escalabilidade. Não importa se estamos falando de milhares, milhões ou bilhões! O impacto se mede, outrossim, pela geração de empregos, renda e, porque não lembrar os políticos, de impostos que são revertidos como benefício social a toda população abrangida pelos seus empreendimentos. Desde a padaria do Sr. José da Esquina que inovou no modelo de entrega através de um novo aplicativo mais prático que o iFood até o eterno ícone do Vale do Silício. Sim, ele mesmo: Steve Jobs.    

Figura. Steve Jobs: o estereótipo do empreendedor.

Longe de ser um modelo como pessoa (marido ou pai) e nem tampouco como gestor (ou CEO), podem falar o que for! Para mim, após ler e apreciar no detalhe cada página da sua minuciosa biografia por Walter Isaacson,2 não restam dúvidas: para uma grande inovação não é preciso ser o gênio (este era o Wozniak e ainda o é). Deve-se ter a audaz perspicácia para fazer a “ponte” entre o que o cliente ainda não sabe que precisa e o que ainda não se sabe como fazer… Isto é inovar.

O fato é que por trás de um Jobs sempre haverá um Wozniak. E, for God sake, por trás de um Wozniak sempre haverá um Jobs!

Portanto, meus caros, se fosse resumir em uma só palavra que expresse a “cara do empreendedor”: seria sem sombra de dúvidas PROVOCADOR. Sim, ele deve respirar a “ousadia da criação” em cada mólecula de O2 que penetra em suas narinas!

A startup

Não poderia fechar sem falar delas, as “obras-primas” dessas mentes tão criativas. Dizem que as startups são organizações temporárias e digo, por experiência própria, que realmente o são.[*] Pense rápido numa startup de sucesso: Amazon, Netflix, Google, Uber, whatever… O que elas têm em comum? Sim, a disrupção. Eis uma palavra, cujo significado recomendo que fique “cravado” em vossas mentes!

Foi o saudoso Prof. Clayton Christensen quem nos ensinou seu significado.3,4 A disrupção nada mais é do que um salto de performance, do produto, do processo ou do modelo de negócios da empresa que o promove. Este salto é muito arriscado, mas ao mesmo tempo, quando bem-sucedido, leva a um novo patamar de desempenho que descortina um horizonte de valor nunca antes perscrutado.

Aqui devo fazer jus a um empreendedor serial desconhecido para o público amplo, mas que sem dúvida está deixando sua marca para muitos dos empreendedores de sucesso mundo afora e não somente no Vale do Silício… Ele se chama Steve Blank e foi quem sistematizou as ferramentas de gestão peculiares para ajudar uma startup a sobreviver e prosperar neste ecossistema tão inóspito! Ah, claro, o método se chama customer development.5  

§ 

Numa odisséia de empreendedores e startups, como num precipício, muitos sucumbem só de se aproximar. Alguns, mais corajosos, chegam até a ensaiar um salto, mas desistem na última hora… Então, 2 ou 3 mais insanos, vão lá e pasmem: caem no precipício. Que horror… Finalmente, um entre eles, heróico pela própria natureza, chega ao outro lado. Voilá! Surge mais uma startup de sucesso. Agora, por favor, parem com essa história de “empresa unicórnio”. Isto é coisa só para aquele povo de Wall Street mesmo!


[*] Já ajudei a fundar 4 delas, sem alcançar o sucesso almejado, e as vi serem encerradas em menos de 5 anos! Quem sabe vem a quinta por aí, lembrando que Steve Blank, o verdadeiro guru do Vale do Silício, fundou 9 até acertar seu hit… [hehe]

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

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Saiba mais: 

1. Chan Kin, W. Mauborgne, R. A estratégia do oceano azul, São Paulo: Campus, 2005.

2. Walter Isaacson, Steve Jobs: a biografia, São Paulo: Companhia da Letras, 2011.

3. Christensen, Clayton M. The innovator’s dilemma, New York: HarperBusiness, 2000.

4. Christensen, Clayton M. The innovator’s solution, Boston: Harvard Business School Publishing, 2003.

5. Blank, S. Dorf, B. The Startup Owner´s Manual: The Step-by-step Guide for Building a Great Company, Pescadero, California: K&S Ranch Press, 2012.

Algoritmos de inteligência científica

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Pois bem. De onde será que tiramos estes números que podem nos ajudar até mesmo a se fazer ciência? Vimos anteriormente o “pulo do gato” para encontrar o paper mais relevante que acabou de sair na sua pesquisa de interesse, selecionar as melhores universidades do mundo para se afiliar, identificar os periódicos científicos mais promissores para divulgar as suas publicações ou até mesmo monitorar os competidores para buscar inspiração nas suas descobertas…

No entanto, caro leitor, não se engane porque todas estas são tarefas incrivelmente mais simples do que se imagina. A pesquisa, de longe, é muita mais complexa! Veja. Basta um punhado de “fórmulas algorítmicas” bem desenhadinhas, um bom programador para transformar em comandos lógicos computacionais e, claro, um designer de “mão cheia” para criar uma interface amigável, de modo que o pesquisador não precise perder tempo em suas buscas de informações.

No fundo o que vale mesmo é muni-los, estes “semi-deuses da modernidade”, para tomada de decisão mais assertiva, contribuindo para o verdadeiro “formigueiro de conhecimento acadêmico” que só se contrói a cada dia pelas mãos de gigantes.

Observatório de inteligência científica

Vamos supor que você trabalha com síntese e acabou de conhecer uma base de dados peculiar… Fez uma primeira consulta e aparecerecam 123 resultados. As bases de dados científicas normalmente dispõem 2 opções para apresentar os seus MILHARES de resultados: por relevância ou por tempo. Qual você escolheria para refinar suas pesquisas?

Tela de computador com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura I. Ferramenta iNovarvm disponível em ricardobarreto.com.

Claro que, a priori, a opção de escolha sempre será a base mais abrangente! No entanto, seus algoritmos não consideram indicadores de mérito científico e sim de preferência dos usuários, mais ou menos como o Google. Então, como separar o “joio do trigo” sem ser levado pela “onda” de buscas?

Foi pensando neste desafio que criamos uma ferramenta simples, chamada “iNovarvm”, que pondera os principais indicadores de relevância de um paper, quais sejam: o fator de impacto do periódico científico, a posição no ranking global da instituição de pesquisas e o H-Index do pesquisador principal. Gera-se então um score que lhe permite fezer a triagem bem mais racional! Conheça.

Competidores científicos

Já vimos alhures que a “competição” no meio acadêmido é tão acirrada quanto a competição de mercado entre as empresas. Tá bom, diga-se de passagem, só um pouquinho mais velada… Não se trata de sonhar com o prêmio de Nobel, nem tampouco em crescer na carreira, já que com o tempo e um desempenho aceitável, as posições como titulares, mesmo nas instituições de pesquisas mais prestigiadas, são garantidas.

Falo, outrossim, de se aplicar a conhecida técnica de benchmarking para avaliar a sua evolução histórica de desempenho em comparação com as referências na sua área de pesquisa de interesse, monitorando-se os indicadores relevantes nos diferentes níveis de atuação: periódicos, instituições e pesquisadores.

Vimos que ao se aplicarem algoritmos para o posicionamento mensal dos periódicos científicos, instituições e pesquisadores tem-se uma poderosa ferramenta para tomada de decisão entre os cientistas. Vejam que as fórmulas matemáticas são empíricas e não têm nada de sofisticado… O único trabalho é de compilar os indicadores de diferentes bases de dados científicas.

Tela de celular com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura II. Algoritmos para o scoring de relevância de periódicos, instituições e pesquisadores.

Agora, pense comigo. Será que as técnicas de gestão empresarial podem realmente ser úteis entre os cientistas? Sentimos na prática que não, pelo menos ao se tratar da realidade brasileira. Nossos desafios ainda são muito mais elementares. O cientista, aqui, tá muito mais preocupado em garantir verba para manter viva a sua pesquisa! De qualquer forma, a ferramenta esta aí e as fórmulas abertas também….

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Eventos com inteligência científica

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Já aprendemos a filtrar dados com inteligência científica. Também já vimos como obter informações científicas relevantes. O que falta agora? Pense comigo: não são só empresas que competem por clientes para obter lucros crescentes… Vivemos num mundo onde a “vantagem competitiva” se dá em qualquer esfera, mesmo no “mundo acadêmico”.

Um pesquisador não está propriamente preocupado com a remuneração que galgará após trilhar uma carreira universitária brilhante. Se fosse este o propósito, certamente teria partido para iniciativa privada, onde os salários são bem mais polpudos. Veja, Einstein abriu mão até mesmo do seu tão sonhado prêmio Nobel para acertos financeiros de um divórcio turbulento…

Todo cientista que se preze busca sobretudo o reconhecimento intelectual e isto pode se dar de diversas formas e em diferentes momentos da sua trajetória na academia. Vamos destacar aqui 3 dos eventos acadêmicos mais importantes e como eles podem decidir, com ainda mais inteligência, sobre qual caminho a trilhar, aumentando as chances de sucesso!

Fililiação acadêmica

Para todo aquele que passa pela “sabatina” de uma boa formação acadêmica, anos afinco nas pesquisas de mestrado e doutorado, chega o momento decisivo de escolher, afinal, a qual instituição de pesquisas deseja afiliar-se. Tal escolha é, de certa forma, vital ao sucesso na sua carreira uma vez que o “ambiente acadêmico” é determinante para propiciar os recursos físicos e humanos necessários na condução das suas pesquisas.

De que adianta um químico orgânico sintético escolher atuar numa universidade que não tenha laboratórios bem equipados e com um belo equipamento de Ressonância Magnética Nuclear? Certamente seus esforços ficarão restritos a pesquisas mais elementares e atividades didáticas, deixando de explorar todo o conhecimento que acumulou.

Vamos supor que você terminou o doutorado com excelência e a sua linha de pesquisas em química orgânica envolva compostos do tipo diazo compounds. Em qual universidade prestaria concurso no Brasil e exterior? Esta é a típica decisão que não deve ser pautada pelo que já se ouviu falar e sim numa pormenorizada análise de dados. Nem sempre o óbvio é a melhor decisão! Analise a tabela abaixo e diga qual escolheria.

Figura I. Instituições TOP 5 com pesquisas sobre diazo compounds.

Que no Brasil a Universidade de São Paulo seria a TOP 1, isto não tem surpresa alguma. Da mesma forma, para quem é da área, a University of Texas também não é propriamente inesperada porque sabe-se que lá está um dos grupos de pesquisas mais produtivos na área. Agora, venhamos e convenhamos, quem iria imaginar que a Huazhong University of Science and Technology seria uma opção bem interessante na China e possivelmente nem tão concorrida…

Publicando papers

Ok, digamos que você já conseguiu ser aprovado e afiliar-se na instituição de pesquisas mais “competitiva” da sua área. Também já passou por aquela difícil fase inicial de estruturação do laboratório, do corpo de pesquisadores, elaboração de projetos, etc. Tudo pronto! Projetos de pesquisas aprovados em órgão de fomento e rodando a todo vapor…

Claro que os bons frutos, em termos de descobertas científicas, já estão chegando como consequência de uma estratégia científica bem concebida e alunos engajados. Agora, inevitavelmente você se pergunta: onde devo publicar os resultados das minhas pesquisas, meus primeiros e suados papers? Dá sempre um friozinho na barriga de não ser aprovado ou, contrariamente, aquela autoconfiança excessiva típica dos novatos…  

Fato é que todo químico que se preze sonha em ter pelo menos uma publicação no tradicional e mundialmente reconhecido Journal of the American Chemical Society (JACS). No entanto, mediante o nível dos trabalhos submetidos, este feito é para poucos. Em minha passagem pela academia daria para contar nos dedos aqueles brasileiros que conseguiram…

Pois bem. Ao observar os indicadores dos periódicos científicos TOP 5, extraídos do observatório mensal de publicações com a TAG específica diazo compound, observou-se efetivamente que o JACS tem disparado o melhor fator de impacto! No entanto, também se observa um dado curioso: o periódico CHEMCATCHEM, apesar de ainda novo, já apresenta um alto grau de colaboração internacional entre os grupos de pesquisas, o que é um sinal de que num curto espaço de tempo terá indicadores bem mais polpudos…

Figura II. Periódicos científicos TOP 5 com publicações sobre diazo compounds.

Perseguindo insights

A busca pela grande descoberta cientíca, aquela que pode representar um verdadeiro “salto quântico” em sua carreira acadêmica, somente se dá mediante os insights ou mais propriamente aqueles momentos de extrema concentração e criatividade que os psicólogos chamam de “estado de fluxo” e que propiciam a tal da Eureka de Arquimedes!

Acontece que estes momentos estão longe de ocorrer numa banheira ou debaixo de uma árvore ao cair uma maçã como muitos imaginam. Descoberta científica não se dá por acaso, exceto as raras exceções da serendipitidade… Longe disso. Elas só acontecem perante aqueles que são incansáveis no domínio de determinada área do conhecimento. Aqueles que já erraram muitas vezes, mas que continuam tentando, em seus laboratórios bagunçados, alterando as variáveis, buscando alternativas para novas experimentações, enfim, pesquisando, pesquisando e pesquisando ainda mais!

É muito mais provável que o insight ocorra na frente da tela do computador ao analisar os trabalhos de algum outro pesquisador da área que tenha publicado recentemente algo que, simplesmente, lhe propiciou a “peça” que faltava no SEU quebra-cabeças de pesquisas…  Sendo assim, como atividade vital de todo e qualquer método de inteligência científica, deve-se prever o monitoramento dos seus “competidores”, em especial daqueles que estão na “crista da onda”. O que será que o “Michael P. Doyle” ou o Jiang Cheng estão fazendo? Será que minhas pesquisas têm alguma correlação com a deles??

Figura III. Pesquisadores TOP 5 com publicações sobre diazo compounds.

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Vimos, afinal, que a tomada de decisão inteligente em pesquisas científicas está bem mais palpável do que, a priori, poder-se-ia imaginar um cientista. Não é necessária muita sofisticação, nem tampouco a contratação de plataformas caríssimas de analytics em que você se perde no meio de tantos gráficos e números…

Basta um pouco de perspicácia e, acima de tudo, de disciplina e método para organizar e realizar os registros dos dados e indicadores importantes para aferir a relevância das pesquisas. Não caia nunca na falácia de se pautar somente pelos indicadores usuais como o H-index dos pesquisadores ou o fator de impacto dos periódicos. Lembre-se da nossa regra de ouro: as grandes oportunidades estão nas “entrelinhas”!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Informações com inteligência científica

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Eis o dilema atual da inteligência científica: como obter informações científicas relevantes sem gastar tempo em inúmeros feeds e apps de diversas bases de dados científicas ao mesmo tempo? E ainda mais desafiador: como ajudar os pesquisadores a traçar suas estratégias competitivas de pesquisa científica?!

Sem sombra de dúvidas, o ciclo de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) não é algo linear e sim um processo complexo que avança gradativamente, sempre com muitos recuos e desvios. Uma ideia pode ir e vir, ser rejeitada inicialmente, depois de novas pesquisas de informações ser revisada e, finalmente, resultar num projeto de pesquisas que poderá ou não ser implementado no momento mais oportuno.

Para superar tal desafio, criou-se a “metologia ittiNomics” que aplica as técnicas de inteligência de valor aqui apresentadas para impucionar a inteligência competitiva nas esferas da pesquisa científica, inovação tecnológica e posicionamento de mercado.1 Seu verdadeiro “motor” reside na capacidade de sistematizar as pesquisas em bases de dados especializadas através da busca, geração e difusão da informação científica.

Conheceremos aqui seus processos elementares de análise, monitoramento e prospecção científica que podem ser divulgados através dos chamados documento de inteligência: os ittiDocs!

Análises científicas

Toda análise científica se preza a ganhar conhecimento sobre determinado ramo científico que são áreas do conhecimento de base utilizadas pelos cientistas para mapear o universo em que sua linha de pesquisas se encontra inserida. Segundo a metodologia, sugere-se aquelas que apresentarem mais de 1.000 artigos científicos publicados ao ano em determinada base de dados. Um exemplo dentro da química seria “síntese orgânica”.

Mais propriamente servem como análises de tendências estratégicas do ramo científico em questão. Apresentam unidades de informação padrozizadas dentre as quais destacamos a participação científica que mede a contribuição relativa no último anos dos países competidores e dos países entrantes em termos de número de artigos científicos publicados.

Por sua vez, a produção científica afere o número de artigos científicos publicados mês a mês no ano corrente do estado em foco (num dos países competidores ou entrantes). Possibilita, assim, uma visão do forecast para o próximo ano. Para conhecer outras unidades de informação, bem como exemplos práticos de documentos de inteligência científica, consulte a obra citada do autor. [*]

Tela de celular com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura. Exemplo de seleção científica de ramos em “química”.

Monitoramentos científicos

No caso dos monitoramentos científicos pretende-se estabelecer uma varredura da literatura de artigos científicos para monitorar constantemente os movimentos dos competidores na sua linha de pesquisa. Pela metodologia sugere-se aquelas que apresentarem menos de 1.000 artigos científicos publicados ao ano em determinada base de dados. Podemos citar “síntese total” dentro do ramo “síntese orgânica”.

Na progressão científica é levantado o número de artigos científicos publicados ano a ano somente da linha de pesquisas em foco. Focando-se no nosso exemplo da “síntese total”, observou-se que teve entre 2002 e 2016 uma taxa anual de crescimento composto (CAGR) de 5,6% demonstrando que continua a ser uma área que atrai significativa atenção da comunidade científica. Observe que muitas linhas de pesquisas que já passaram pelo período “áureo” chegam a apresentar crescimento negativo ao longo dos anos.

Talvez a mais importante unidade de informação deste tipo de documento seja o radar científico. Representa uma listagem dos últimos artigos científicos mais relevantes da instituição de pesquisas ou do pesquisador em foco na linha de pesquisa. Claro que idelamente esta listagem deve ser atualizada semanalmente e, sempre que algum paper saltar aos seus olhos, nada como uma radiografia científica para aprofundamento dos seus principais dados.

Prospecções científicas

O último processo de inteligência que não poderíamos deixar de mencionar é a prospecção científica. Aqui a varredura da literatura serve para identificar assuntos emergentes e novos entrantes em uma pesquisa relacionada que são áreas do conhecimento similares a determinada linha de pesquisa, podendo apresentar cruzamento de informações, experiências e esforços. A “descoberta de drogas”, por exemplo, se relaciona com a linha de pesquisa “síntese total”.

Veja que através do panorama científico podemos observar as pesquisas relacionadas com “síntese total” e que chamaram a atenção nas primeiras colocações do ranking, tais como as técnicas ecologicamente corretas de “síntese verde”, a “síntese hidrotérmica” e a “síntese no estado sólido” que não utilizam solventes tóxicos.

Indo além, pode-se até mesmo avaliar a competição científica entre os pesquisadores e instituições TOP 5 comparando-se o desempenho na pesquisa relacionada em termos de número artigos científicos publicados anualmente no período considerado. Veremos mais a frente como este tipo de análise competitiva é fundamental do ponto de vista de tomada de decisão em pesquisa científica

§ 

Finalmente, gostaríamos de encerrar com um alerta específico aos pesquisadores brasileiros, ambiente no qual pude constatar a “fórceps” em sondagens por instituições de excelência nos principais estados de todas as regiões do país, que este tipo de análise informacional ainda está longe de ser empregada como rotina…

Apesar da triste constatação de que talvez seja esta até uma explicação complementar do motivo pelo qual, no geral, não produzimos pesquisas de alto impacto mundialmente falando, consolo-me em saber que ferramentas como o Clarivate Analytics são das mais empregadas nos países onde a ciência tem lugar de destaque na cultura nacional! Um dia chegaremos lá, oxalá!!! 


[*] A metodologia chegou a ser implementada através de uma startup chamada inovarvm cujas operações foram encerradas no Brasil por falta de “tração” na época. No entanto, o inventor (e presente autor) decidiu abrir parte da ferramenta (o observatório científico) através do seu website em: ricardobarreto.com. 

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1. Barreto, de L. Ricardo. IttiNomics: um guia especial para inovação aberta, Valinhos-SP, Editor-Autor, 2ª ed. 2016.

Filtrando dados com inteligência científica

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Já vimos que a “competência científica” é algo que se cultiva desde a mais tenra idade. Também vimos que as “instituições de pesquisas” são o segredo para o desenvolvimento de um país. Discorremos então sobre o que é e qual a importância da tal da “inteligência científica”. Mas ficou algo em aberto, uma pergunta cabal: como colocá-la em prática?

Tudo começa com o que chamamos aqui de data mining ou, no universo acadêmico, mais propriamente “vigília informacional”. Deve-se monitorar apenas uma métrica: a produção científica dos pesquisadores e das instituições de pesquisas a que estes são afiliados. Mede-se pelo número de papers publicados em periódicos científicos que, por sua vez, são acessíveis através de bases de dados especializadas.

São as “bases de dados científicas”, portanto, o ponto de partida para todo e qualquer processo de inteligência científica. Não importa se ela é multidisciplinar ou específica, nem tampouco se a sua abrangência é nacional ou internacional. Importante mesmo é saber se é a top of mind na sua linha de pesquisas! Vejamos como isto se dá.   

Seleção das bases de dados científicas

Antes de mais nada, deve-se dispor de uma lista de bases de dados científicas de acesso aberto para validação pela maior produção científica no último ano com as TAGs (ou palavras-chave) mais importantes na sua “pesquisa de interesse” e na principal “pesquisa relacionada”. Vejamos um exemplo prático.

Supondo que você atue como pesquisador dentro de uma indústria farmacêutica, interessado evidentemente na descoberta de novas drogas. Muito possivelmente sua TAG de interesse seria drug candidates e a TAG relacionada drug design. Então, você deve efetuar as buscas pelo abstract (ou título) em cada uma das bases de dados da lista.

Ao final do processo, você deverá selecionar minimamente duas bases: a TOP 1 entre as internacionais e multidisciplinares, bem como a TOP 1 entre as nacionais e específicas. Essa é a melhor maneira de se garantir boa representatividade e abrangência ao mesmo tempo… Neste caso específico (veja abaixo) ficamos com a PubMed e a ScienceDirect.

Figura I. Lista de bases de dados científicas.

Identificando pesquisas relacionadas

Agora, vamos supor que você não soubesse quais são as pesquisas relacionadas com a sua pesquisa de interesse. Como poderias repidamente identificar as mair importantes? As técnicas de text mining são essenciais nesta tarefa e muitas outras… Vamos continuar com o nosso exemplo do pesquisador da indústria farmacêutica.

O primeiro passo é acessar a base de dados TOP 1 selecionada anteriormente (a ScienceDirect, por exemplo) e pesquisar com a TAG da sua pesquisa de interesse (no caso “drug candidates”) no abstract e identificar TAGs de pesquisas relacionadas nos títulos dos resultados dos artigos mais recentes ou mais relevantes.

O próximo passo é descobrir qual o Grau de Correlação (GC) de cada uma das pesquisas relacionadas com a pesquisa de interesse. Basta realizar uma busca simple pelo abstract empregando as duas TAGs ao mesmo tempo e, posteriormente, calcular a contribuição relativa (%) de cada uma delas. Na tabela abaixo pode-se observar facilmente que as drogas anti-inflamatórias são uma pesquisa relacionada bem importante! 

Figura II. Pesquisas relacionadas pelo Grau de Correlação.

Identificando instituições e pesquisadores

Aplicando-se a mesma técnica, é também muito simples para se identificar os pesquisadores e instituições com maiores esforços na pesquisa de interesse ou na pesquisa relacionada. Basta realizar as buscas na mesma base de dados com a TAG no abstract e identificar as instituições e pesquisadores dos resultados mais relevantes.

Então, você deverá repetir a pesquisa combinando a TAG da pesquisa de interesse (no caso drug candidate) pelo abstract ao mesmo tempo com o nome da instituição em affiliation (ex. Pfizer) ou do pesquisador em author (ex. Carlos A.M. Fraga). Após registrar a respectiva produção científica de cada um deles, ordene a lista decrescente para obter o ranking de relevância (figura III). 

Observe que a produção científica mede tão somente o número de papers publicados em determinado período. Não pode ser tomado como uma verdadeira medida do “impacto” das pesquisas na referida área acadêmica. Veremos mais a frente que outros parâmetros devem ser considerados para uma avaliação mais fidedigna para tomada de decisão. De qualquer forma, não deixa de ser um belo indício… Afinal de contas: não é à toa que a gigante da indústria farmacêutica Pfizer está em primeiro lugar e disparado!

Figura III. Instituições e pesquisadores pela produção científica.

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Vimos, afinal, que filtrar dados com inteligência científica não é um “bicho de sete cabeças”! Longe disso. Não importa qual seja sua pesquisa de interesse e pesquisas relacionadas. Depois de encontrar a base de dados científica mais apropriada, usando técnicas muito simples para realizar as buscas, você estará a um passo de obter as informações de que precisa para decidir com sucesso o rumo das suas pesquisas…

Imagine quão mais produtivo e efetivo você seria como pesquisador, independente da afiliação, se constantemente avaliasse as bases de dados científicas, identificando sempre novas oportunidades de investigação, bem como um “farol” sobre as instituições de pesquisas e pesquisadores de excelência em cada uma delas? Veremos então como ir além.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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