GRISHA

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Após discorrer sobre os mais variados temas que encerram a ética como questão central, gostaria que o desfecho nos remetesse ao ato de “filosofar”, no sentido mais nobre da palavra…

Para o Dalai Lama, a vida se resume a uma constante busca pela felicidade, a qual não pode ser outra coisa senão a satisfação das paixões ou ambições.

É exatamente neste ponto que se encerra o cerne do que fazemos: quem não tem paixão pela vida, em verdade, já deixou de vivê-la! Nunca devemos perder esta motivação, nem sequer pelos mais insondáveis motivos…

Verdadeira paixão

A paixão de que falo não é aquela de um romance profundo, nem tampouco do novo emprego que invariavelmente nos empolga por algum tempo, outrossim a paixão gerada por aqueles atos singelos que muitas vezes nos passam despercebidos na correria do dia-a-dia.

Falo da luz do sol que esquenta a pele nos dias de inverno, da brisa refrescante batendo no rosto ao entardecer, do sabor inigualável de um pãozinho francês “fresquinho” que acabou de sair do forno, da chuva que cai sobre as plantas no início da noite exalando um aroma indescritível!

Preze-se, caro leitor, o fato mais elementar de estarmos vivos, com os sentidos aguçados (ou mesmo parte deles) que nos permitem este salutar intercâmbio de energias e sensações.

Paixão. Um dádiva da “mãe-natureza” que nos revela a perfeição e imutabilidade das leis que a regem, causa e efeito, obra do Criador.

Mas como as paixões humanas (as ilusórias) nos motivam? Quais são seus efeitos e como nos controlar diante deles? Eis o segredo da verdadeira felicidade. Não há dúvidas de que as paixões descontroladas podem ser prejudiciais à nossa vida, sob os mais diversos aspectos.

Retro-análise mental

Para evitar tais desatinos, sempre que estivermos apreensivos sobre o que fazer, seja numa decisão profissional ou até mesmo numa discussão familiar, cabe um momento de autorreflexão.

Pare, respire fundo e avalie a situação antes de reagir. Esta é uma atitude introspectiva e não deve ser compartilhada no momento em que acontece. Então, sem pressa, proceda à seguinte retro-análise mental:

  1. Qual reação eu poderia ter? Pelo menos 3 alternativas;
  2. Para cada reação, ache uma paixão correspondente;
  3. Descubra que tipo de sentimento está por trás dessa paixão;
  4. Eleja a mais coerente com seus princípios éticos e morais;
  5. Reaja então em sintonia com a sua Consciência.

Parece ser um procedimento simples, mas garanto que, se todos o fizessem antes de tomar uma atitude intempestiva, não sofreriam as consequências trágicas de um desatino que pode abalar irreversivelmente suas vidas…

Comportamento ético

Em meados de 2006, veiculou-se na imprensa uma notícia nem um pouco comum. Chamou-me especialmente atenção o título: “Gênio Russo Rejeita Nobel da Matemática”.

Este indivíduo chama-se Grigory Perelman. Figura tipicamente “nerd”: ruivo, barbudo, com seus trinta e poucos anos na época que trabalhava anonimamente no Instituto de Matemática Steklov em São Petersburgo.

Seu feito: simplesmente resolveu aquele que é considerado um dos sete maiores problemas matemáticos do milênio, a Conjectura Poincaré. Só para se ter uma idéia do que este feito pode representar para a humanidade, segue um trecho da referida reportagem:

“A resolução de Perelman tem profundas implicações para ciência. Segundo especialistas, ela permite que se faça um catálogo de todas as formas tridimensionais possíveis no universo, o que significa que poderíamos descrever a forma do próprio cosmos”.

Durante um século, cientistas de todo mundo tentaram, em vão, resolvê-la. Por sua vez, “Grisha” (seu pseudônimo) alcançou a resolução em nada menos do que 34 páginas e, ao invés de publicá-la em uma renomada revista científica, optou tão-somente por divulgá-la na web para o domínio público em novembro de 2002.

 O que tanto nos choca, sem sombra de dúvidas, é o seu desprendimento das devidas honrarias pelo feito, tendo negado aquele que é considerado o Nobel da matemática: o prêmio Fields Medal (e mais o equivalente a 1 milhão de dólares em sua conta bancária).

§

Pessoas como Grisha, assim como Cristo, Da Vinci, Ganghi, Einstein, entre outros pouquíssimos exemplos, agem por paixão (a verdadeira) e não por dinheiro, reconhecimento ou qualquer outro tipo de recompensa ilusória.

Segundo sua lógica, o problema foi resolvido, visando o bem da maioria (o grande intuito da ética) e isso é tudo que o mais interessa. Alguns, fatalmente, podem falar: “utópico demais”. Eu digo: sem palavras! Pena que o dom da genialidade conjugado com caráter é para muito poucos, os eleitos…

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Cutler, H.C. A Arte da Felicidade, 2000, Martins Fontes, 17.
  3. Portal do jornal O Estado de São Paulo: estadao.com.br (acessado em 22 de agosto de 2006).

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