A memória e o tempo

Há tempos tenho refletido sobre esta problemática e sempre chego a novas concepções, visto que o assunto é inesgotável.

O ensejo desta análise vem da necessidade de se desenvolver nossas capacidades cognitivas quanto à utilização deste poderoso, mas muito mal utilizado recurso: a memória. No entanto, qualquer tentativa neste sentido seria absolutamente implausível sem a devida compreensão dos conceitos de tempo e memória.

Partindo-se do preceito da existência consciencial verdadeira no plano extrafísico e de sucessivas encarnações  no plano físico, poder-se-ia considerar que o ser integral é o somatório de todas as suas experiências pregressas, as quais devem encontrar-se armazenadas no arcabouço denominado ‘memória integral’.

Este conceito foi discutido com excelência no livro de Hermínio C. Miranda, cujo título inspirou este ensaio.  A memória, segundo a psicologia moderna, pode se dividida em três elementos básicos: o consciente, o subconsciente e o inconsciente. De fato, mas o que realmente nos interessa é o entendimento da dinâmica de funcionamento e intercomunicação entre tais elementos. Usaremos, como analogia, o modelo geológico do nosso planeta para melhor entendermos essa sinergia.

Sabe-se que a Terra é constituída, essencialmente, de um núcleo central, envolto por camadas sucessivas de magma líquido, um manto de consistência mais viscosa e a crosta terrestre, sólida, onde pisamos. A ‘memória integral’ pode ser compreendida da mesma forma, considerando-se o núcleo como sendo o ser instintivo, o magma seria o inconsciente, o manto o subconsciente e a crosta o consciente.

O ser instintivo seria a Consciência logo após sua criação (notar a diferença de consciente e Consciência); o inconsciente é a região onde ficam armazenadas as experiências das vidas passadas (no plano físico), já o subconsciente seria onde ficam guardadas nossas lembranças da vida atual, enquanto que, no consciente, ficariam somente os registros mais recentes da vida terrena.

O entendimento de como se procede o fluxo informativo entre estas ‘regiões conscienciais’ é muito importante para compreensão da dinâmica de funcionamento da ‘memória integral’. A mobilidade das informações cresce na progressão sólido, líquido viscoso e líquido. Sendo assim, poder-se-ia inferir que o inconsciente (magma líquido) possui a maior mobilidade dos registros, seguido do subconsciente (manto líquido e viscoso) e o consciente (crosta sólida).

Chegamos ao cerne de nossa abordagem e podemos agora responder uma questão de importância colossal! Como tirarmos o máximo proveito da nossa ‘memória integral’ ?

Basta trabalharmos mais com os registros localizados no sub e inconsciente. Estamos demasiadamente habituados a utilizar somente os registros do consciente, onde as informações, devido à baixa mobilidade, estão praticamente “cristalizadas”. É por isso que muitas vezes não nos lembramos de algo…

Para uma melhor compreensão, podemos ainda dividir o exercício da memória em duas fases: a gravação e a leitura. Quando queremos armazenar uma informação, o segredo é mandar uma mensagem para o subconsciente gravá-la. Claro que isto não é nem um pouco trivial, por requerer extrema concentração.

No outro caso, em que desejamos lembrar daquilo que foi registrado, precisamos emergir o registro do subconsciente. Para isso é necessário criar um canal de comunicação entre o consciente e o subconsciente, o que é conseguido somente sob Estados Alterados de Consciência – EACs (abordaremos este tema mais amiúde).

Portanto, o resgate e a análise das ocorrências registradas em nossa ‘memória integral’ são de suma importância para que se consiga tirar lições e aplicá-las em nossa existência, independente do plano. Ademais, vale ressaltar ainda que o primeiro passo é simples: fazermos um bom uso do nosso consciente, mantendo-o sempre “limpo” para que a Consciência possa, enfim, “aflorar”…

Como no computador, quando sobrecarregamos nossa memória, ela fica cada vez mais lenta, até o limite em que trava! Neste ponto, só um boot mesmo poderia sanar o problema.

 

Autoria por Ricardo Barreto

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Permitida a reprodução mediante backlink para ricardobarreto.com

Para saber mais:

  1. Barreto, R.L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.
  2. Miranda, H.C. A Memória e o Tempo, Lachâtre, 6a ed., p. 17, 1999.

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